O homem é escravo daquilo que o domina: confira na íntegra o artigo de Maysa Bezerra

Para entender o que realmente nos domina, precisamos olhar para dentro e perguntar: o que tem o controle sobre mim?

O Homem é Escravo daquilo que o Domina

(2 Pedro 2:19b)

JAULA TRANSPARENTE, exatamente assim, a escravidão noa dias de hoje. As correntes que nos prendem não são mais de ferro, mas sim invisíveis, criadas pelos medos, vícios, e crenças limitantes que invadem a mente. “O homem é escravo daquilo que o domina”, como diz o versículo bíblico, ecoa na nossa realidade, e a psicologia nos alerta para o poder que a mente tem em aprisionar o ser humano.

Para entender o que realmente nos domina, precisamos olhar para dentro e perguntar: o que tem o controle sobre mim? O que não domina?

Freud, um dos pais da psicanálise, acreditava que nossos comportamentos são moldados por conflitos internos entre nossos desejos inconscientes e as pressões sociais. Essas forças invisíveis muitas vezes acabam nos dominando, seja através de vícios, medo de fracassar, ou da busca incessante por aprovação.

O filósofo Jean-Paul Sartre disse que “o homem está condenado a ser livre”, sugerindo que essa liberdade traz consigo o peso das escolhas e, ironicamente, a possibilidade de nos tornarmos prisioneiros das mesmas. Quanto mais fugimos do que nos causa dor, mais essas forças tomam controle sobre nós. Para Sartre, a fuga da responsabilidade pessoal resulta em escravidão psicológica.

Para você se ter uma ideia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 280 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão, e os números  não param de crescerem. No Brasil, os índices são alarmantes, com cerca de 11,5 milhões de brasileiros enfrentando essa doença. A depressão, muitas vezes, é um reflexo desse domínio interno: pensamentos negativos, medos e pressões autoimpostas que aprisionam a mente. A psicologia cognitiva nos ensina que esses padrões de pensamento são destrutivos e, se não enfrentados, podem nos dominar, mantendo-nos reféns de nossa própria mente.

A história de Alice e Eduardo

Alice e Eduardo eram amigos de infância, mas seguiram caminhos muito diferentes. Alice sempre foi decidida, movida pela ambição de ser bem-sucedida. Porém, o medo do fracasso a dominava. Ela se entregava a longas jornadas de trabalho, negligenciando sua saúde e relacionamentos. Quando finalmente alcançou o topo, percebeu que o vazio dentro dela apenas crescia. Alice tornou-se escrava da perfeição.

Eduardo, por outro lado, sempre teve uma vida simples, mas ele carregava consigo uma insegurança profunda. Ele se isolava, temendo que os outros o rejeitassem. Com o tempo, a depressão tomou conta de sua vida. Eduardo tornou-se escravo de seus próprios pensamentos.

Ambos, de maneiras diferentes, tornaram-se prisioneiros de suas mentes. Alice se deixou dominar pelo medo de fracassar. Eduardo, pela crença de que não era digno. Ambos precisaram reconhecer suas prisões internas para iniciar um processo de libertação. Pois ambos viviam jaulas transparentes.

Qual a lição que aprendemos com Alice e Eduardo é que o caminho para a liberdade começa ao reconhecermos aquilo que nos domina. Todos nós carregamos dentro de nós forças poderosas que podem nos moldar, tanto para o bem quanto para o mal. Depressão, vícios, medo e insegurança são prisões que construímos ao longo da vida. Porém, a chave para a liberdade está em nossas mãos.

O filósofo Nietzsche dizia que “quem tem uma razão para viver, pode suportar quase qualquer coisa”. E ainda complemento, Para quem não sabe para onde vai. Qualquer caminho serve e se perde!

Provavelmente o segredo esteja em encontrar essa razão, algo maior que nós mesmos, algo que nos inspire a enfrentar nossos medos e superar nossas limitações.

O homem é verdadeiramente livre quando se liberta das correntes que ele mesmo criou.

Aba Pai!

Maysa Bezerra 

Escritora e serva

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