Com passaporte retido pela Polícia Federal há quase um ano, Jair Bolsonaro aguarda a decisão de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre seu pedido para ir à posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. O evento acontece em 20 de janeiro, em Washington. O Brasil será representado pela embaixadora Maria Luiza Viotti.
Em conversa com a coluna sobre o tema, Bolsonaro reforçou que foi convidado e negou qualquer possibilidade de fuga, caso deixe o Brasil.
— Eu fui convidado. O Lula não foi. É um sinônimo de prestígio. O Trump vê em mim uma liderança na América Latina — disse o ex-presidente.
Bolsonaro rechaçou qualquer possibilidade de não retornar ao Brasil, depois da posse.
— Eu vim dos EUA pra cá correndo todos os riscos que vocês estão vendo. Não vou me submeter a uma fuga. Eu não vou fugir.
O ex-presidente disse ainda que seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que é a principal ponte com Donald Trump e seus auxiliares, já está nos EUA.
— Eu tô pronto pra ir — reiterou.
Questionado pela coluna se estava otimista sobre a chance de Alexandre de Moraes liberar sua viagem, respondeu:
— Eu não vou emitir opiniões sobre o ministro. Mas eu acho que nunca deveriam ter pego meu passaporte. Estão na fase de pesca probatória o tempo todo. Isso é ativismo judicial. Tentam me humilhar frente à opinião pública e eu só cresci — afirmou o ex-presidente.
Nesta semana, Moraes enviou à Procuradoria-Geral da República (PGR) um pedido para que o órgão se manifeste sobre a possibilidade de Bolsonaro deixar o país para comparecer à posse de Trump.
Depois que o pedido da viagem foi apresentado pelos advogados do ex-presidente ao STF, na semana passada, Moraes afirmou que a solicitação não trazia os “documentos necessários”, já que a mensagem tinha sido enviada por um “endereço não identificado” e “sem qualquer horário ou programação do evento a ser realizado”. A defesa do ex-presidente afirmou que o convite para a posse de Trump é o próprio e-mail que foi apresentado.
Por se tratar de um evento diplomático, a tradição americana é a de não convidar pessoalmente chefes de Estado para a posse. O governo dos EUA costuma notificar as embaixadas diretamente sobre a cerimônia e os países são representados por seus embaixadores. A embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza Viotti, estará presente.
Trump rompeu o protocolo do governo nos EUA e convidou para sua posse, por conta própria, líderes da direita, alinhados a ele. Estão nesta lista, além de Bolsonaro, o presidente argentino, Javier Milei, a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Órban e o ultradireitista francês Éric Zemmour.