Geni e o Zepelim: conheça a história da música de Chico Buarque que vai virar filme gravado no Acre

É uma das maiores obras da Música Popular Brasileira e foi lançada em 1978. Apesar de popular, sua letra traz um mistério

“Geni e o Zepelim”, uma das canções mais fortes da Música Popular Brasileira (MPB), composta por Chico Buarque em 1978 como parte do espetáculo “Ópera do Malandro”, permanece atual e suas críticas continuam válidas ao ponto de, em breve, virar filme e parte das filmagens vir a ser rodadas no Acre. 

O filme é uma adaptação da emblemática música de Chico Buarque/Foto: Reprodução

A possibilidade de o Acre vir a ser cenário do filme, numa produção de sucesso nacional, foi discutida nesta terça-feira (28), em Rio Branco, numa reunião entre a vice-governadora do Acre, Mailza Assis, com o produtor executivo Mauro Pizzo e o cineasta Sérgio de Carvalho. 

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A reunião ocorreu para tratar dos detalhes do projeto cinematográfico. A produção é da empresa Migdal Filmes, que colocou no mercado do entretenimento produções nacionais de sucessos como “Minha Mãe é uma Peça” e “Nosso Lar”. A produção promete trazer visibilidade ao Acre e uma significativa injeção na economia local.

O filme é uma adaptação da emblemática música de Chico Buarque, de mesmo título, e será dirigido pela renomada cineasta Anna Muylaert, conhecida por obras como “Que Horas Ela Volta?”. Muylaert escolheu a Amazônia como cenário principal para o longa e, ao conhecer Sérgio de Carvalho, diretor do aclamado filme acreano Noites Alienígenas, decidiu que o Acre seria o local ideal para a realização do projeto. As filmagens estão previstas para acontecer em Cruzeiro do Sul, explorando as belezas naturais e o contexto cultural da região.

O produtor executivo Mauro Pizzo destacou os desafios logísticos de trazer toda a equipe e estrutura para o Estado, mas enfatizou a importância de realizar o projeto no Acre. Com 100% dos recursos provenientes da Ancine, por meio de diferentes fontes de orçamento, a produção já tem garantida a distribuição pelas gigantes Paris Filmes e Globo Filmes.

A produção também busca parcerias locais e já está em diálogo com o governo do Estado e a Prefeitura de Rio Branco para viabilizar a execução do filme. O presidente da Fundação Elias Mansour (FEM), Minoru Kinpara, destacou que o Acre só tem a ganhar com a realização do longa.

“O governo, por meio da FEM, está aberto ao diálogo com os realizadores para verificar as melhores possibilidades de apoio. Espaços públicos e governamentais já foram amplamente liberados para uso, de acordo com a agenda e as necessidades da equipe”, afirmou.

O filme contará com grandes nomes do cinema nacional no elenco, mas também pretende valorizar talentos locais. Para isso, serão realizadas seletivas no Estado para a escolha de atores e figurantes acreanos, promovendo a integração da comunidade com a produção cinematográfica.

Além de promover o Acre como destino cinematográfico, a produção de “Geni e o Zeppelin” representa uma importante movimentação econômica para a economia estadual. A expectativa é que hotéis, restaurantes e outros serviços locais sejam diretamente beneficiados, além da geração de emprego temporário para equipes de apoio e profissionais técnicos.

“Esse é um projeto que reflete nossa cultura e reforça a grandiosidade do nosso estado no cenário nacional e internacional”, comentou Mailza Assis.

Com o apoio do governo e o potencial de impacto cultural e econômico, “Geni e o Zepelim” promete ser mais do que um filme: uma oportunidade de colocar o Acre no mapa da produção audiovisual brasileira e, mais uma vez, destacar a riqueza cultural e histórica da região.

A história da música

A música de Chico Buarque, ao longo do tempo, ganhou shows e peças de teatro. Uma das versões mais famosas é a da atriz Letícia Sabatella no espetáculo “Alma Boa de Lugar Nenhum”.

A música tem história: na década de 70, o Brasil vivia sob o Regime Militar e ainda estava em vigor o Ato Institucional Número 5, que marcou o auge da censura no país. Nessa época, Chico Buarque ficou conhecido por enfrentar a repressão e se posicionar abertamente contra a censura em suas composições, ao lado de vários outros artistas.

Esse sentimento se manifestava em canções sobre problemas sociais e opressão, como é o caso de Geni e Zepelim e da peça teatral Ópera do Malandro. Além disso, outra característica das composições de Chico que aparece na história de Geni é o protagonismo da personagem feminina. 

O cantor escreveu muito sobre mulheres em diferentes universos e, em Geni e o Zepelim, ele traz essa questão de um modo diferente ao falar sobre o uso do corpo, a objetificação e a condenação pela sociedade.

No entanto, depois de quase 50 anos de música, resta no ar uma pergunta: afinal, Geni é uma mulher trans?

A essa pergunta, nem Chico Buarque, o autor, responde. O que se sabe é que, segundo a letra, “de tudo que é nego torto/ Do mangue e do caos do porto/Ela já foi namorada/Seu corpo é dos errantes/Dos cegos, dos retirantes/ É de quem não tem mais nada…”

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