Casal homossexual é chicoteado em praça pública

Tribunal Islâmico aplica punição com base no sistema de leis derivado do Alcorão

Dois estudantes foram submetidos a chibatadas em praça pública nesta quinta-feira (27), após serem condenados por um tribunal islâmico na província de Aceh, na Indonésia, sob a acusação de manterem um relacionamento homossexual.

A flagelação ocorreu antes do meio-dia em um parque na capital da província, Banda Aceh, sob os olhares de dezenas de pessoas. Um dos jovens, acusado de ter incentivado o relacionamento, recebeu 82 chicotadas, enquanto o outro foi punido com 77. Ambos tiveram suas penas reduzidas em três chibatadas, considerando o período de três meses que passaram detidos antes do julgamento.

Punoição Pública em Aceh / Foto: Reprodução The Week

O país, que possui a maior população muçulmana do mundo, adota a sharia como base legal em algumas regiões, onde leis religiosas islâmicas determinam punições rigorosas para certas condutas. A sharia, conjunto de normas baseado no Alcorão, na suna (tradições do profeta Maomé) e em interpretações de estudiosos islâmicos, é aplicada de formas distintas ao redor do mundo.

VEJA TAMBÉM: Exclusivo: como jovens são recrutados pelo Estado Islâmico no Brasil

No caso das relações homossexuais, grande parte das interpretações tradicionais considera essas práticas proibidas e passíveis de punição. Dependendo do país, as penalidades variam de multas e prisão a punições corporais e, em casos extremos, até a pena de morte.

Enquanto nações como Irã, Arábia Saudita e Afeganistão aplicam sanções severas, incluindo a execução, em países como a Indonésia, Egito e algumas regiões da Nigéria, a repressão se manifesta por meio de detenções, multas ou castigos físicos, como os aplicados ao casal nesta semana.

Imagem de Richard Mcall por Pixabay

A condenação dos dois estudantes reacendeu debates sobre os direitos da população LGBTQ no país. Organizações internacionais de direitos humanos denunciaram o episódio como mais um exemplo da crescente perseguição a minorias sexuais na região. Andreas Harsono, pesquisador da Human Rights Watch, classificou a situação como alarmante: “A intimidação, discriminação e violência contra pessoas LGBTQ em Aceh parecem não ter fim”.

Embora a sharia tradicionalmente condene a homossexualidade, há estudiosos e muçulmanos progressistas que defendem uma interpretação mais flexível, destacando princípios como compaixão, privacidade e liberdade individual. Segundo essa visão, punições extremas seriam incompatíveis com o mundo contemporâneo e com valores universais de direitos humanos

PUBLICIDADE