Com o sol forte iluminando a Praça de São Pedro, o funeral do Papa Francisco reuniu cerca de 400 mil pessoas entre fiéis e líderes mundiais neste sábado (25), alterando a rotina de Roma e transmitindo mensagens claras de paz e solidariedade. Desde a madrugada, filas se formaram em volta da praça para garantir um lugar na despedida, que foi marcada não apenas pela devoção popular, mas também por um recado firme da Igreja aos mais de 50 chefes de Estado presentes, entre eles Donald Trump, Volodymyr Zelensky e Luiz Inácio Lula da Silva.
Mais de 50 chefes de Estado presentes, entre eles Donald Trump, Volodymyr Zelensky e Luiz Inácio Lula da Silva / Reprodução
O cardeal Giovanni Battista Re, responsável pela cerimônia, exaltou a trajetória do Pontífice na defesa dos refugiados, na aproximação entre religiões e no apelo pela paz mundial. Em sua homilia, ele destacou que Francisco sempre ergueu a voz contra a guerra e em favor da construção de pontes entre os povos. A missa, que durou cerca de duas horas, foi acompanhada diretamente por 250 mil pessoas na praça e cercanias, enquanto outras 150 mil esperavam o cortejo em pontos históricos da cidade, como o Coliseu.
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O clima político também esteve presente: Trump e Zelensky, adversários em diversas ocasiões, protagonizaram um raro momento ao se encontrarem discretamente nos bastidores da cerimônia. Sem mencionar nomes, o cardeal Re reforçou que “a guerra é sempre uma derrota trágica para todos”, apontando para o cenário geopolítico atual.
O clima político também esteve presente: Trump e Zelensky, adversários em diversas ocasiões / Reprodução
Após a missa, o caixão de Francisco foi colocado no papamóvel e percorreu Roma em procissão até a Basílica de Santa Maria Maior, onde o Papa argentino desejava ser enterrado. Durante o trajeto, milhares de pessoas, especialmente jovens, aglomeraram-se nas ruas para se despedir, acenando bandeiras e lançando flores. A movimentação por Roma parou o trânsito, fechou lojas e uniu turistas e moradores num mesmo gesto de homenagem.
A despedida começou ainda nos dias anteriores, quando cerca de 250 mil pessoas prestaram suas últimas homenagens durante o velório. No dia do funeral, o toque dos sinos da Basílica de São Pedro e os aplausos da multidão marcaram a saída do caixão, com forte comoção entre os presentes. Entre eles, a porto-riquenha Lin Soto Osuna, que relatou ao jornal O GLOBO sua emoção: “Estamos tristes pela perda, mas felizes pela esperança que ele deixou.”
Luiz Inácio Lula da Silva no Vaticano / Reprodução
Conhecido como “o Papa do povo”, Francisco será lembrado por sua postura aberta e humilde. Seu legado inclui o empenho pela justiça social, a proteção do meio ambiente e a luta pelos mais vulneráveis. Durante a homilia, o cardeal Re lembrou da visita de Francisco à fronteira entre México e Estados Unidos, quando defendeu migrantes e criticou a construção de muros, em contraponto direto a políticas de Donald Trump.
A despedida começou ainda nos dias anteriores, quando cerca de 250 mil pessoas prestaram suas últimas homenagens durante o velório / Reprodução
A logística de segurança foi intensa: caças de prontidão, franco-atiradores nos telhados e bloqueadores de sinal antidrone foram acionados para proteger o evento. Apesar do aparato militar, o clima entre os presentes foi de reverência e silêncio, interrompido apenas pelos cânticos e aplausos de despedida.
O funeral marca o início dos nove dias de luto oficial no Vaticano. Após esse período, os cardeais se reunirão para o conclave que escolherá o novo líder dos 1,4 bilhão de católicos. Francisco, que liderou a Igreja desde 2013 após a renúncia de Bento XVI, morreu no último dia 21 em decorrência de insuficiência cardíaca e complicações de saúde agravadas por pneumonia e diabetes.
