A interdição da BR-364 por moradores da zona rural de Sena Madureira, ocorrida na manhã desta terça-feira (20), evidenciou um problema latente no Acre: os impactos sociais e econômicos dos embargos ambientais em comunidades assentadas, como o PAE Antimary. A manifestação, marcada por bloqueios com pedaços de madeira e apelos por diálogo, gerou grande comoção e paralisou o tráfego entre Rio Branco e o interior do estado.
Os manifestantes alegam que as restrições impostas por órgãos ambientais, como o Ibama, comprometem a subsistência de famílias inteiras que dependem da terra para viver e produzir. Eles reivindicam a presença de autoridades para buscar soluções conjuntas, sem o agravamento da insegurança jurídica no campo. “A BR já está fechada. Estamos aguardando alguma autoridade para nos dar uma resposta sobre essas questões”, declarou um dos moradores do km 25 da rodovia.
Deputada Meire Serafim articula resposta institucional e soluções sustentáveis

Em audiência realizada no dia 27, Meire Serafim esteve reunida com a presidente substituta do INCRA, Débora Mabel/ Foto: Cedida
Diante da urgência do tema, a deputada federal Meire Serafim (AC) deu início a tratativas com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), buscando respostas efetivas para os embargos ambientais que afetam o assentamento PAE Antimary — uma das áreas mais impactadas pelas restrições.
Em audiência realizada no dia 27, a parlamentar esteve reunida com a presidente substituta do INCRA, Débora Mabel, e com o assessor parlamentar Herivelto Barroso, acompanhada do ex-prefeito de Sena Madureira, Mazinho Serafim, nas áreas afetadas.

A audiência com o INCRA resultou em um compromisso mútuo de avançar em uma agenda de trabalho colaborativa/ Foto: Cedida
“Nosso compromisso é construir, junto ao INCRA e demais instituições competentes, soluções concretas que respeitem os marcos legais, mas que também promovam justiça social e desenvolvimento territorial”, afirmou a deputada.
Segundo ela, o objetivo é fortalecer cadeias produtivas como a agricultura familiar, o extrativismo e os sistemas agroflorestais — atividades tradicionais na região e que, quando bem orientadas, podem coexistir com práticas de conservação ambiental.
A busca por equilíbrio entre proteção ambiental e dignidade social

A expectativa é que novas reuniões com órgãos ambientais e fundiários sejam agendadas nos próximos dias/ Foto: Cedida
O caso do PAE Antimary escancara um dilema recorrente na Amazônia: como conciliar a proteção do meio ambiente com o direito das comunidades rurais ao trabalho, à alimentação e à terra? Para a deputada Meire Serafim, essa resposta passa por uma ação articulada, integrada e respeitosa com a realidade local.
“Entendemos que o desenvolvimento econômico só é possível com inclusão social e responsabilidade ambiental, pilares fundamentais para um Acre mais forte, justo e resiliente”, declarou.
Ainda segundo a parlamentar, a audiência com o INCRA resultou em um compromisso mútuo de avançar em uma agenda de trabalho colaborativa, visando soluções duradouras que ofereçam segurança jurídica e estabilidade territorial às famílias afetadas.
Próximos passos

A deputada destacou a importância de fortalecer cadeias produtivas como a agricultura familiar, o extrativismo e os sistemas agroflorestais
A expectativa é que novas reuniões com órgãos ambientais e fundiários sejam agendadas nos próximos dias, além da possível criação de um grupo técnico interinstitucional para acompanhar os casos dos embargos e elaborar propostas viáveis de regularização e suporte às famílias atingidas.
Enquanto isso, moradores da região seguem mobilizados, aguardando desdobramentos concretos que tragam alívio às comunidades atingidas e ajudem a prevenir novos conflitos sociais em áreas de assentamento.