O que deveria ser apenas parte das comemorações dos 66 anos de vida do ex-prefeito e ex-deputado Vagner José Sales, na sede do diretório regional do MDB, situada na Avenida Antônio da Rocha Viana, na Vila Ivonete, acabou por revelar muito mais do que um café da manhã pelo aniversário de um dos chamados “cabeças brancas” que dirigem o partido de Ulysses Guimarães no Acre.
O senador Alan Rick, embora filiado ao União Brasil e pleiteando ser indicado como candidato a governador pela sigla — que deve se fundir ao Progressistas até o fim do primeiro semestre deste ano — chegou para os festejos acompanhado do ex-prefeito petista de Rio Branco, Marcus Alexandre. Este, por sua vez, foi candidato à Prefeitura em 2024 pelo MDB, mas foi derrotado no primeiro turno pelo reeleito prefeito Tião Bocalom (PL).

Os dois discursos revelam sintonia em relação ao futuro/ Foto: Reprodução
Ao lado do ex-prefeito petista — cujo partido Alan Rick sempre criticou duramente — ambos escolheram Tião Bocalom como uma espécie de “Judas político” a ser malhado em discursos duros, como se estivessem em um Sábado de Aleluia e não numa festa de aniversário de um dos caciques locais do MDB.
Assim que foi chamado a falar no evento, Marcus Alexandre acusou Bocalom de incompetência por, segundo ele, o prefeito estar devolvendo recursos de emendas destinadas a obras, de autoria de Alan Rick, “por incapacidade na execução”.
Em retribuição, Alan Rick afirmou que, passados quase oito anos desde que Marcus Alexandre deixou a Prefeitura de Rio Branco, em 2018, para concorrer — e perder — as eleições para o Governo do Estado, ainda filiado ao PT, “a população sente saudades de sua administração”.
Os dois discursos revelam sintonia em relação ao futuro. Declarado candidato ao Governo do Estado em 2026, Alan Rick vê suas pretensões enfraquecerem à medida que avançam as negociações para a fusão entre União Brasil e Progressistas, formando a União Progressistas. No Acre, a nova legenda seria comandada pelo governador Gladson Cameli, que já declarou, em diversas ocasiões — inclusive no programa do Progressistas que deve ir ao ar nos próximos dias, conforme o calendário da Justiça Eleitoral para a propaganda partidária —, que sua candidata será a atual vice-governadora Mailza Assis. A partir de abril de 2026, com a renúncia de Cameli para disputar o Senado, Mailza assumirá o governo.

O aniversário aconteceu no diretório do MSB, em Rio Branco/ Foto: ContilNet
Alan Rick argumenta que será o candidato escolhido porque, segundo ele, a decisão caberá à executiva nacional, que estará sob o comando do senador Ciro Nogueira e do advogado Antônio Rueda. Além disso, ele afirma contar com o apoio do senador Davi Alcolumbre, presidente do Senado. Já Mailza Assis, além das bênçãos de Gladson Cameli, conta com o apoio irrestrito de Ciro Nogueira, dirigente máximo do Progressistas, com quem mantém afinidade desde o período em que ambos foram senadores, de 2018 a 2022.
Ciente desse cenário, Alan Rick tem buscado se aproximar cada vez mais do MDB e dos chamados “cabeças brancas”, a ponto de transformar uma simples festa de aniversário, como a de hoje, em um verdadeiro comício. Ele sonha ter como vice, seja em composição ou como filiado ao MDB, o próprio Marcus Alexandre ou a médica e ex-deputada federal Jéssica Sales, filha de Vagner Sales, o aniversariante do dia.
Marcus Alexandre, no entanto, já teria recusado a possibilidade de disputar mandato, seja como deputado federal ou estadual. Jéssica Sales, por sua vez, também sonharia em voltar a disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados. Em Brasília, além de manter contratos como médica com o Governo do Distrito Federal, ela também possui vínculos afetivos: sua esposa reside na capital, de quem está afastada desde que concorreu à Prefeitura de Cruzeiro do Sul, em 2024, quando foi derrotada pelo candidato do Progressistas e atual prefeito reeleito, Zequinha Lima.