Extração de madeira e expulsões em área de disputa ameaçam sustento de extrativistas em Xapuri

A versão dos extrativistas aponta para uma sobreposição de documentos e para a possibilidade de venda dupla da mesma área

Um grupo de extrativistas do município de Xapuri (AC) procurou o site ContilNet para denunciar um conflito fundiário envolvendo a Fazenda Soberana, antiga Fazenda Bordom, que tem sido alvo de disputa pela posse da terra.

Segundo os moradores, alguns que já vivem no local há pelo menos 50 anos, eles estão sendo expulsos da área, mesmo com documentação que comprova a compra das terras e com parecer de posse emitido pela Justiça.

As famílias vêm sendo expulsas mesmo obtendo documento de posse pela Justiça/ Foto: Cedida

Entre os extrativistas afetados está Anderson Máximo Pereira, que relata ter sido expulso duas vezes da área onde vive e trabalha há anos, mesmo após obter decisões favoráveis na Justiça pela reintegração de posse.

“Essa área já tem moradores há mais de 50 anos. Eu mesmo moro lá dentro. Quando a fazenda fez o documento, foi em cima da área onde o povo já morava”, explica Anderson.

Segundo ele, a posse da terra já foi emitida judicialmente, mas, ainda assim, a reintegração tem sido dificultada.

“Ganhei a posse em Rio Branco, mas aqui no local eles não liberam. Me expulsaram de novo e agora estão tirando madeira das nossas matas”, denuncia.

Os moradores se reuniram para tratar sobre o assunto/ Foto: Cedida

De acordo com os relatos, o conflito se agravou após a liberação de um plano de manejo florestal autorizado pelo Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), que teria sido concedido sem considerar a presença dos moradores antigos.

O extrativista aponta que a madeira está sendo retirada da terra por terceiros que alegam ter comprado a produção de um fazendeiro que se diz proprietário das terras. Segundo Anderson, suposto proprietário teria vendido a madeira a uma serraria local. A área é utilizada pelas famílias como fonte de sobrevivência, por meio da colheita da castanha e do látex.

“Quem vendeu foi ele, mas a verdade é que a gente já morava lá, e inclusive temos contrato de compra e venda da terra, de três anos atrás”, explica o morador. Segundo ele, o terreno que ocupa foi adquirido de um antigo morador, antes mesmo da área passar a se chamar Fazenda Soberana.

A versão dos extrativistas aponta para uma sobreposição de documentos e para a possibilidade de venda dupla da mesma área. “A terra já teve três donos antes. O senhor que me vendeu já morava lá quando a fazenda foi registrada”, afirma.

A reportagem mantém espaço aberto para também ouvir os representantes da Fazenda Soberana e o Instituto de Meio Ambiente do Acre para obter esclarecimentos sobre a origem da documentação, a autorização do plano de manejo e as providências diante das denúncias de expulsão de moradores.

Veja o vídeo:

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