Existe bar para todos os gostos: do luxo ao mais simples, com carta de drinks sofisticada ou só uma cerveja gelada no copo americano. Não tem certo nem errado. Mas há uma magia inconfundível no botequim de esquina — e o Bar do Santinho, relíquia e patrimônio cultural do Acre, é a prova viva disso.

Bar do Santinho, relíquia e patrimônio cultural do Acre, é a prova viva disso / Foto: Geovany Calegário
Fundado em 1970 por Alexandre Fernandes de Souza, o popular Seu Santinho, o bar é um verdadeiro templo do boteco raiz em Rio Branco. Localizado no Bosque, o espaço mantém até hoje a mesma estrutura com a qual abriu as portas há mais de 50 anos — sem reformas, sem modernidades, sem maquiar a história.
Como manda um boteco raiz, o cardápio serve iguarias como carne de caça, sarapatel, panelada e outros tira-gostos exóticos que atraem curiosos e apaixonados por tudo que a boemia saudosista oferece.

Como manda um boteco raiz, o cardápio serve iguarias como carne de caça, sarapatel, panelada e outros tira-gostos exóticos que atraem curiosos e apaixonados por tudo que a boemia saudosista oferece. / Geovany Calegário
A história do bar se confunde com a vida de Seu Santinho, nascido em 1º de novembro de 1944. Ao lado da esposa, dona Sebastiana de Souza, com quem foi casado por 48 anos até o falecimento dela em 2019, ele iniciou e tocou o negócio com firmeza e simplicidade. Por um curto período, o bar foi alugado, mas logo ele reassumiu o comando. Nem mesmo a pandemia conseguiu apagar sua luz: durante o período crítico, manteve o espaço funcionando como mercearia, adaptando-se sem perder a essência.
Com fama que ultrapassa gerações, o Bar do Santinho já recebeu figuras ilustres como os políticos Jorge Viana, Flaviano Melo, Sérgio Petecão e o jornalista Washington Aquino. Nos anos mais animados, o bar chegou a fechar a rua e realizar seu próprio carnaval, com abadás personalizados e muita festa para a comunidade.

Com fama que ultrapassa gerações, o Bar do Santinho já recebeu figuras ilustres como os políticos Jorge Viana, Flaviano Melo, Sérgio Petecão e o jornalista Washington Aquino / Foto: Geovany Calegário
Frequentador há mais de quatro décadas, o borracheiro Plínio de Oliveira, hoje com 67 anos, resume bem o sentimento de quem conhece a casa: “Gosto do pessoal daqui e me sinto bem. Melhor lugar pra tomar alguma coisa é aqui. Já andei em vários lugares, mas me sinto bem aqui.”
Apesar do passar do tempo, o Bar do Santinho continua igual a ele mesmo — inclusive na forma de pagamento: só aceita dinheiro. “Aqui é igual casa da moeda”, brinca seu Santinho, mantendo o bom humor e a firmeza de quem vê no boteco não apenas um negócio, mas um patrimônio afetivo.

Bar do Santinho continua igual a ele mesmo — inclusive na forma de pagamento: só aceita dinheiro. “Aqui é igual casa da moeda”, brinca seu Santinho / Foto: Geovany Calegário
Mais que um bar, é um relicário da memória acreana, onde cada copo é brindado com história.