Bar do Zé do Branco: meio século de histórias, afetos e resistência às margens do rio

Após quase perder tudo na enchente histórica de 2023, o Bar do Zé do Branco ressurge com força, mantendo viva uma tradição de 50 anos

Com 68 anos e um sorriso largo no rosto, José Antônio Veras — o popular Zé do Branco — guarda no peito uma história de quase 50 anos tocando um dos bares mais tradicionais de Rio Branco. Amazonense de nascimento, mas acreano de coração, ele chegou ao estado aos 9 anos e, desde então, construiu sua vida na capital.

Bar de Zé do Branco guarda uma história de quase 50 anos como um dos bares mais tradicionais de Rio Branco / Geovany Calegário

A jornada do Bar do Zé do Branco começou em 1975, ainda no bairro Base, em frente à empresa Irmão Lameira. Já naquela época, o bar era ponto de encontro certo da turma que morava ou trabalhava na região. Em 1990, Zé decidiu mudar a sede do bar para a beira do rio. Foi ali que o espaço ganhou alma e fama.   “Aqui era lotado de gente, né? Vinha gente de Porto Velho, Manaus, Belém… todo mundo pra se reencontrar, principalmente quem era da Base. Quando retornavam, era aqui que se reuniam”, relembra o proprietário.

A jornada do Bar do Zé do Branco começou em 1975, ainda no bairro Base / Geovany Calegário

Por décadas, o bar funcionou como uma espécie de ponto turístico informal, onde pessoas se encontravam para celebrar a vida — algumas até para começá-la. “Teve gente que se conheceu aqui e casou. Não foi pouca. Tem quem traga o filho dizendo: ‘Seu Zé, esse menino foi gerado aqui, a gente se conheceu nesse bar’”, conta.

Tragédia e recomeço

Em 2023, o bar enfrentou o seu capítulo mais difícil. Durante uma das maiores alagações da história do Acre, o terreno onde funcionava foi completamente levado pela força das águas.

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“Quando você vê um patrimônio seu desabar de uma vez, você perde o chão. É como cachorro que cai de caminhão de mudança. Fiquei sem saber o que fazer. E o pior: com funcionários que dependiam de mim”, relembra.

Durante uma das maiores alagações da história do Acre, o terreno onde funcionava foi completamente levado pela força das águas / Geovany Calegário

Mesmo abalado, Zé não cruzou os braços. Com apoio da imprensa, da comunidade e de autoridades como o prefeito de Rio Branco, o senador Petecão e deputados estaduais e federais, conseguiu recomeçar. “Vieram pra ajudar de verdade. Não me deixaram na mão.”

O bar reabriu em novo local, ainda à beira do rio, e aos poucos voltou a atrair os antigos frequentadores e conquistar novos.

O bar reabriu em novo local, ainda à beira do rio, e aos poucos voltou a atrair os antigos frequentadores e conquistar novos / Geovany Calegário

“Depois que a gente trocou de local, deu uma caída, mas agora o pessoal tá retornando. Nossa cerveja tá gelada, nossa comida continua boa. Estamos de pé.”

Um bar com alma familiar

Hoje, o Bar do Zé do Branco é um empreendimento familiar. Três filhas e seis netos de Zé trabalham com ele. Apenas quatro funcionários não são da família, mas o ambiente é tocado com afeto e união.

“Depois que a gente trocou de local, deu uma caída, mas agora o pessoal tá retornando. Nossa cerveja tá gelada, nossa comida continua boa. Estamos de pé.” / Geovany Calegário

Aberto de quinta a domingo, a partir das 7h da manhã, o local serve almoço, petiscos e muita conversa boa. Às margens do rio, o clima é sempre tranquilo, e aos sábados, um som ao vivo embala os clientes.

“Aqui só vem quem gosta de viver. É um bar pra todo mundo: jovem, adulto, criança. Pode vir tranquilo. Aqui é só amor, paz e alegria”, garante Zé.

“Aqui só vem quem gosta de viver. É um bar pra todo mundo: jovem, adulto, criança. Pode vir tranquilo. Aqui é só amor, paz e alegria”, garante Zé / Geovany Calegário

E claro, ele mesmo aproveita o ambiente que criou: “Tomo todas, todo dia. Eu já montei o bar porque gosto de beber. Quem trabalha com o que gosta, vive feliz.”

Se você ainda não conhece o Bar do Zé do Branco, fica o convite: “Vem curtir aqui. Você chega, se diverte e sai tranquilo. Aqui não tem briga, não tem confusão. Isso aqui é magia. É alegria.”

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