A Polícia Federal (PF) afirmou, em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que foram constatadas falhas “evidentes” da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal durante os atos golpistas do 8 de Janeiro. O documento destaca a “ausência inesperada” do ex-secretário Anderson Torres, que estava nos Estados Unidos no dia dos atos. Procurada, a pasta do DF afirmou que “não comenta sobre investigações e processos judiciais em andamento”.
A avaliação consta no relatório final do inquérito que apura a responsabilidade de autoridades do Distrito Federal nos atos golpistas. Além de Anderson Torres, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), também é investigado, entre outras pessoas. O relator, Alexandre de Moraes, enviou na segunda-feira o documento da PF para manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR).
No relatório, a PF também destacou a “falta de ações coordenadas” e a “difusão restrita de informações cruciais” como “fatores decisivos” para o que foi definido como “ineficiência da resposta das forças de segurança”.
“Conclui-se que as falhas da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF) no enfrentamento das manifestações de 08/01/2023 são evidentes, especialmente pela ausência inesperada de seu principal líder, Anderson Gustavo Torres, em um momento de extrema relevância aliado a falta de ações coordenadas e a difusão restrita de informações cruciais contidas no Relatório de Inteligência no 06/2023 foram fatores decisivos que contribuíram diretamente para a ineficiência da resposta das forças de segurança”, diz o texto.
A PF também afirma que “a ausência de articulação e de difusão de dados comprometeu a capacidade de antecipar e enfrentar os atos de violência, revelando um despreparo que não pôde conter a escalada dos eventos ocorridos em 8 de janeiro de 2023”.
Anderson Torres foi nomeado para a Secretaria de Segurança após deixar o Ministério da Justiça, no governo de Jair Bolsonaro. Após poucos dias no cargo, ele viajou para Orlando, nos Estados Unidos, para tirar férias. Torres foi exonerado por Ibaneis ainda durante o dia 8.
Os dois foram ouvidos pela PF durante a investigação e negaram responsabilidade pelas falhas de segurança.