Milei recua novamente e assina declaração final do G20

Presidente argentino havia antecipado que iria se negar a assinar documento. Antes, ele também falou que não assinaria Aliança Contra a Fome

Após duras rodadas de negociações, a Argentina assinou a Declaração de Líderes da reunião de cúpula do G20 no Rio de Janeiro.

O documento reúne todos os pontos de concordância dos países participantes do grupo e traz pedidos por um cessar-fogo em Gaza e no Líbano, alvos de ataques israelenses, e uma “paz justa” na Ucrânia, que luta contra a invasão russa. Bandeiras importantes para o Brasil, como o trecho sobre a taxação global dos super ricos, também entraram no documento que foi divulgado no início da noite de segunda-feira (18/11).

Argentina assinou a Declaração de Líderes da reunião de cúpula do G20 no Rio de Janeiro/Foto: Reprodução

A decisão passou pelo crivo do presidente argentino, Javier Milei, que era a maior resistência aos consensos do documento. Antes, ele também falou que não iria aderir à Aliança Global Contra a Fome, outra causa importante para o Brasil, mas por fim concordou com a proposta.

Um dos principais pontos de discordância de Milei com a declaração final da cúpula é a questão da Agenda 2030, documento elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O presidente argentino também havia manifestado contrariedade sobre a tributação de grandes fortunas e a atuação do Estado para enfrentar a fome. No entanto, a assinatura do documento demonstrou mais um recuo de Milei, convencido por governantes de países parceiros, como o francês Emmanuel Macron.

A participação argentina no evento foi um ponto de tensão antes mesmo da chegada de Javier Milei ao Rio. Como o líder já havia se posicionado contra vários pontos do consenso entre os países, havia temor que o texto final naufragasse.

Ao chegar, o cumprimento entre Lula e Milei virou assunto pela frieza entre eles. Além disto, o discurso de Milei fez referências ao presidente norte-americano Donald Trump e acabou recebendo poucos aplausos.

O primeiro deles no dia foi quanto à adesão à Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza. Embora tenha dito que tal questão não deveria ser abordada pelo estado, mudou de posição. A medida foi uma das principais bandeiras do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante toda a presidência do país no G20.

A declaração

A declaração dos líderes no G20 tem 24 páginas nas quais são abordados 85 pontos. No documento, entre outros temas, há um pedido por cessar-fogo na Faixa de Gaza, além de uma menção ao interesse por paz na Ucrânia.

Na declaração final, há três prioridades: inclusão social e combate à fome e à pobreza; desenvolvimento sustentável, transições energéticas e ação climática; e a reforma na governança global.

Temas como a inteligência artificial (IA) não ficaram de fora do texto. Os países entendem que ela deve ser aproveitada pelos governos, mas fazem ressalvas. “Nós procuraremos promover uma abordagem de governança/regulatória pró-inovação para a IA, que limite os riscos e, ao mesmo tempo, nos permita nos beneficiar do que ela tem a oferecer.”

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