Voluntária no Acre que largou emprego realiza ação social há 7 anos: “Sei como dói a fome”

“O Estado devia olhar mais a pobreza, olhar mais para quem precisa, só olhar.” É isso que diz Michelle de Oliveira Souza, de 40 anos, que largou o emprego em um escritório de consórcio em 2015 e iniciou o projeto hoje conhecido como Conexão do Bem. Diariamente faz doações de alimentos, roupas, remédios e outros, tudo isso, utilizando sua página no Facebook.

Michelle contou em entrevista exclusiva ao ContilNet que já perdeu a conta de quantas famílias e bairros atende atualmente na capital Rio Branco. Segundo ela, todo dia, sem folga, corre para ajudar os diversos pedidos que chegam através de suas redes sociais e se comove ao pensar na situação que algumas famílias se encontram, principalmente em locais de invasão e de maior vulnerabilidade econômica. 

Foto: Reprodução

Ela sempre pede doações através de vídeos e fotos postados, para que os seguidores mandem ajuda, que é o único meio de recursos, pois não tem vínculo com instituições políticas e/ou religiosas. Ao ser questionada do porquê realiza essas ações de forma tão ativa, Michelle conta que já vivenciou uma situação assim, então quer ajudar o próximo. 

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Além da dificuldade financeira, ela passa por diversos obstáculos na rotina, por vezes, tem que pedir carona ou pagar valores altíssimos para ser levada nos bairros de difícil acesso e até mesmo na zona rural de Rio Branco.

“Tem um meninozinho que eu recebi uma carta dele de Natal que o sonho dele era ganhar pão de milho do Papai Noel. Ganhamos bastante coisa pra ele, mobiliamos a casa dele, ganhou bicicleta e muitas outras coisas. Eu sei que não posso acabar com a pobreza mas queria pelo menos amenizar o sofrimento de algumas pessoas. Eu sei como é, sei como dói a fome”, conta Michelle.

Ela se emociona ao se recordar da história e diz que desde 2015 nunca viu uma assistente social nos bairros, evidenciado o descaso em que se encontram. Apesar de agir de forma independente junto de duas voluntárias, Michelle faz cadastro e acompanha mensalmente as famílias, também oferece suporte para que consigam ter uma renda própria.

Todo ano, ela realiza o Natal Solidário. Em 2021 doou para diversas famílias um kit com um sacolão, um frango, um panetone e um refrigerante. Este ano, com as alagações provocadas pelas fortes chuvas no mês de dezembro, ela precisou doar os alimentos arrecadados para pessoas que perderam a casa no incidente.

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Mesmo assim, Michelle continua confiante em levar um pouco dessa comemoração natalina às crianças da comunidade localizada na Betel, com cachorro quente e brinquedos, além dos sacolões para as famílias cadastradas no projeto. 

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