Acreanas no Rio de Janeiro afirmam: “Está na hora de parar com a brincadeira e levar o assunto a sério”

A situação no Estado do Rio de Janeiro, que vem enfrentando uma série de críticas nas redes sociais desde fevereiro – quando teve início a intervenção federal decretada pelo presidente Michel Temer –, repercutiu ainda mais com a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) no dia 14 deste mês.

Os famosos “memes” não pouparam na ironia e no humor negro, destacando o problema da violência no Estado.

Diversos memes e “fake news” são compartilhadas nas redes sociais. Imagem: Reprodução

A equipe da ContilNet entrou em contato com acreanas que atualmente residem na cidade do Rio de Janeiro e perguntamos qual a opinião delas sobre o crescimento no compartilhamento desse tipo de críticas:

“TEMOS QUE COBRAR MAIS SEGURANÇA”

“O bom humor do brasileiro não fica por fora de anda, e aqui no Rio também não é diferente. O fato é que não é possível fazer humor todo o tempo. A situação da violência aqui está muito complicada. Eu mesma me mudei ano passado porque não aguentava mais: corri três vezes de arrastão, presenciei assaltos (com arma branca e arma de fogo)… Isso na Zona Sul do Rio. Acho que está na hora de parar com a brincadeira e levar o assunto a sério. Temos que cobrar mais segurança. Ainda não tive contato com nenhum militar após a intervenção, e não sei se isso é bom ou ruim, mas muitos destes compartilhamentos também são “fake news”, e mais atrapalham do que ajudam a informar a população. Em muitos posts que li, quiseram jogar o nome da Marielle no lixo. As pessoas acham que uma tela de computador ou celular as protege, e isso torna a internet uma terra sem lei.” – Sara Margarido, 29 anos de idade; trabalha na área da administração e já reside há 5 anos no Rio de Janeiro

“COMO RIR DA TRAGÉDIA ALHEIA SE ELA NOS BATE À PORTA?”

“Particularmente acho essa onda de memes e críticas aos Rio de Janeiro uma falta de empatia e humanidade. Eu conhecia a vereadora, em função do meu trabalho. Ela era uma pessoa correta e se destacava por ter apresentado 20 projetos em tão pouco tempo de mandato. A situação do Rio é muito triste, mas se formos colocar na ponta do lápis os dados de segurança pública, veremos que outros lugares cresceram de maneira assustadora em violência – como é o caso do Acre. Então, como rir da tragédia alheia se ela também nos bate à porta? Estou vendo muitos colegas e conterrâneos compartilhando mentiras e fazendo humor com a execução da Marielle e do Anderson. Procuro sempre orientar e dar meu depoimento sobre quem ela era de fato. Mas é muito triste ter que lidar com essa segunda tentativa de assassinato, que é a da reputação.” – Juliet Matos, 28 anos de idade; trabalha como articuladora política e reside no Rio de Janeiro há 4 anos e meio

O QUE É UMA INTERVENÇÃO FEDERAL?

Até 2018, o expediente previsto na Constituição nunca havia sido usado. Se trata de um procedimento regulado pelos artigos 34 e 36 do capítulo VI da Constituição. Em condições normais, o governo federal não pode intervir nos Estados, mas o artigo 34 traz situações em que isso pode ocorrer, como manter a integridade do território brasileiro, reorganizar as finanças de uma unidade da federação ou repelir uma intervenção estrangeira. No caso do Rio de Janeiro, foi invocado o inciso três do artigo 34, que permite uma intervenção federal para “pôr termo a grave comprometimento da ordem pública”.

PUBLICIDADE
logo-contil-1.png

Anuncie (Publicidade)

© 2023 ContilNet Notícias – Todos os direitos reservados. Desenvolvido e hospedado por TupaHost