PMs denunciam pagamento de “vaquinha” para comprar material para guarda penitenciária

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Policiais também denunciam as péssimas condições do prédio

Na manhã desta segunda-feira (4) a reportagem de ContilNet recebeu denuncia de um grupo de policiais militares, lotados na guarda penitenciária em Rio Branco, sobre a cobrança de uma contribuição, batizada de “grêmio”, para a compra de material de expediente e manutenção do prédio da guarda. De acordo com os denunciantes, que pediram para não ter suas identidades reveladas, a contribuição mensal de R$ 10 estaria custeando até a compra de mantimentos para os policiais que trabalham em regime de plantão 24 horas.

Ainda segundo o grupo, a “caixinha” foi instituída pelo comandante da Companhia Independente de Policiamento de Guarda (CIPG), major Giovane. Apesar de a contribuição ser “voluntária”, os policiais estão se sentindo obrigados a contribuir.

“Essa contribuição é dita voluntária, mas nos sentimos coagidos a contribuir pela forma com que somos abordados pelo comandante. Hoje somos cerca de 150 policiais na guarda penitenciária, e só não nos identificamos por medo de perder a gratificação que recebemos. O fato é que achamos um absurdo ter que contribuir para manter o prédio que trabalhamos e para comprar material de expediente. Não temos que pagar pela falta de estrutura da corporação”, disse um dos denunciantes.

Os policiais militares enviaram à reportagem fotos de alguns dos cômodos do prédio da guarda penitenciária, onde é possível comprovar o estado crítico da estrutura. Armários enferrujados, tampa do vaso sanitário colada com fita adesiva, infiltração e vasos sanitários sem condições de uso, são alguns dos problemas estruturais.

A reportagem entrou em contato, por telefone, com representantes da Associação dos Militares do Acre (AME/AC). Eles afirmaram que já foram informados da situação, mas que até o momento nenhum policial procurou a AME para formalizar a denúncia. A associação enfatizou ainda que a falta de formalização da denuncia é devido ao temor do militar em perder a gratificação de atividade penitenciária, estimada em R$ 500.

O Comando Geral da Polícia Militar do Acre também foi procurado pela reportagem. O comandante da PM, coronel Júlio César, afirmou que a contribuição existe e que não é ilegal, mas negou que os recursos arrecadados sejam para o custeio de material de expediente, nem para a manutenção do prédio da guarda penitenciária. O comandante disse, também, que a contribuição é para a compra de mantimentos do café da manhã dos militares e para “pagar as despesas dos aniversariantes do mês, por exemplo.”

“Não há nada de ilegal na contribuição, até mesmo porque ela é feita de forma voluntária e não obrigatória como falaram. Esses recursos são investidos no custeio de café da manhã dos militares e até para as comemorações dos aniversariantes do mês”, disse o comandante.

O comandante da Companhia Independente de Policiamento de Guarda (CIPG), major Giovane, também foi procurado por ContilNet. De acordo com ele, reuniões diárias são realizadas com as guarnições de serviço e em diversas desses encontros foi sugerida a criação do “grêmio” para “custear alguns eventos como, por exemplo, a comemoração dos aniversariantes do mês, homenagem aos policiais que forem para a reserva, confraternização de fim de ano, dentre outros eventos que não se pode fazer com dinheiro público.”

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