“Uma moça, trabalhadora, de família pobre e dois rapazes infantilizados, riquinhos e playboys, que fazendo racha, mataram ela”. Esta foi a frase mais impactante dita por Jhonata Paiva, irmão da jovem Jhonliane Paiva, de 30 anos, morta após ser atropelada por uma BMW conduzida pelo fisioterapeuta e filho de ex-juiz no Acre, Ícaro Teixeira Pinto, na última quinta-feira (6), na Avenida Antônio da Rocha Viana.
“A família continua com uma tristeza sem tamanho. Minha mãe não fala muito, está desnorteada e chora insistentemente. Embora o meu coração esteja tomado por dor, eu decidi que vou continuar lutando por justiça. Isso tudo é só o início. Essa prisão preventiva dele [referindo-se ao Ícaro] ainda não é o fim. Ele precisa ir pra cadeira e responder por esse crime. Os dois [Ícaro e Alan – ó último pilotava o segundo carro], no caso”, explicou Jhonata.
Alan Araújo teve a prisão preventiva decretada pelo juiz da 2º Vara do Tribunal do Júri e Auditoria Militar. Ele era quem conduzia um carro modelo New Beetle (novo fusca), que supostamente participava de um racha. Ícaro também teve prisão preventiva decretada pelo juiz.
“A sensação, até o momento, com essas prisões preventivas, é de Justiça. Temos visto que as autoridades estão trabalhando no caso com muito cuidado. Mas tenho sentido que está faltando algo, além da minha irmã – que sei que não volta mais. Tenho percebido pessoas influentes na Justiça apoiando esse criminoso e a família dele. Em nenhum momento a Ordem dos Advogados (OAB) emitiu nota de pesar à família da vítima ou dando apoio à advogada que, gratuitamente, está conduzindo o caso”, comentou.
“Isso demostra que o pai do indivíduo criminoso tem influência sobre o corpo de advogados e juristas, mas eu ainda acredito na Justiça, que o juiz que recebeu o caso está fazendo com muita seriedade. Ainda assim, acredito que a família dele [de Ícaro] tem influências. Também acredito na força do povo, que tem se manifestado a favor da minha irmã”, continuou.
Ao comentar o vídeo que mostra, supostamente, a presença de Ícaro em uma das praias de Fortaleza, uma semana após o crime que tirou a vida de Jhonliane, Jhonata questiona “que país é esse?”.
“Quando vimos aquele vídeo, ficamos pensando: “Que país é esse?”. A pessoa cometeu um crime e está lá, na praia, tomando água de cocô. É revoltante, no mínimo, mas ainda assim, acreditamos que a justiça será feita”, enfatizou.
Ao final da entrevista, Jhonata disse que o fato é mais do que um crime. “Se trata de uma tipificação”, comentou.
“Não é só um crime. Se trata de uma tipificação. É uma moça, trabalhadora, de família pobre e dois rapazes infantilizados, riquinhos e playboys, que fazendo racha, mataram ela”, finalizou.