Acreana de 28 anos é a primeira pessoa com síndrome de Down a formar na Ufac

A jovem acreana Rayssa Braga de Menezes, de 28 anos, é a primeira pessoa com síndrome de Down a formar na Universidade Federal do Acre (Ufac). Sua solenidade de formatura em Educação Física aconteceu no último dia 22 de fevereiro.

Filha da professora aposentada Sofia Braga e do servidor público Francisco Moura, a mais nova licenciada é também nadadora profissional e premiada em diversas competições paraolímpicas municipais, estaduais e até nacionais.

Rayssa mora com os pais e o irmão/Foto: Arquivo pessoal

Sua paixão pelos esportes – especialmente a natação – a acompanha desde muito cedo, é o que diz a mãe de Rayssa. “Lembro que quando era pequenininha, já adorava água. Eu e meu esposa a levamos para vários clubes e decidimos colocá-la em uma turma de natação na AABB para aprender a técnica do nado. Desde lá, foi se aperfeiçoando, participando de competições e identificando esse amor que ela tem hoje pelas práticas esportivas”, destacou Sofia.

No Ensino Médio, Rayssa começou a pensar em Educação Física com uma possibilidade de atuação profissional em sua vida. Após realizar por duas vezes o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como treineira, ela finalmente conquistou uma vaga no curso a partir da terceira tentativa. “O sonho que ela nutria já começou a se tornar realidade assim que passou no Enem e ingressou na universidade. Os nossos corações ficaram em festa”, continuou a mãe da profissional.

Tímida, porém muito certa sobre o que deseja para seu futuro, Rayssa disse à reportagem do ContilNet que seu objetivo com a formação é promover acesso à qualidade de vida para pessoas mais necessitadas e carentes.

“Quero ajudar as pessoas mais carentes a terem acesso, por meio da Educação e da prática física, aos meios que podem possibilitar mais qualidade de vida”/Foto: Arquivo pessoal

“Quero ajudar as pessoas mais carentes a terem acesso, por meio da Educação e da prática física, aos meios que podem possibilitar mais qualidade de vida”, afirmou.

Se o interesse pela Educação Física partiu do seu amor pela natação e pela prática esportiva, o desejo pela docência foi incentivado pela história da sua mãe com a Educação.

“Eu sempre levei ela [Rayssa] para a escola comigo. Cresceu no ambiente educacional e vendo como eu atuava enquanto professora. Ela sabe de que forma a Educação pode mudar o mundo e foi esse o caminho que ela escolheu para transformar o dela e a vida das pessoas que pretende alcançar. Minha filha é acostumada a vencer desafios e sempre deixou muito claro para todos nós, mesmo com sua timidez, que tropeçaria muitas vezes, mas que não desistiria nunca”, explicou Sofia.

Quando questionada sobre os desafios que a família enfrentou no sentido da inclusão, a mãe de Rayssa disse que a história da filha quebra inúmeros preconceitos.

“Quando ela entra para a universidade e se forma com muita competência e vontade, mostra para todos nós que pessoas com síndrome de Down não são incapacitadas, possuem habilidades, podem ser quem quiserem ser e devem ter os seus espaços garantidos, com uma política inclusiva que funcione. Existem dificuldades – e elas precisam ser consideradas -, mas não incapacidade”, acrescentou a professora aposentada.

Ao final da entrevista, Sofia disse que “a Educação só muda o mundo se a gente conseguir quebrar os preconceitos e trabalhar no sentido de construir um futuro para todos, sem distinção”.

“Precisamos entender que cada pessoa é uma pessoa e seu potencial precisa ser reforçado e resgatado. Nunca duvidamos da capacidade e da força da Rayssa, assim como ela nunca duvidou. A Educação só muda o mundo se a gente conseguir quebrar os preconceitos e trabalhar no sentido de construir um futuro para todos, sem distinção”, concluiu.

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