29 de abril de 2024

Há exatos dois anos atrás, primeiros casos de Covid-19 eram registrados no território acreano

Terça-feira, 17 de março de 2020. A Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) confirmava em coletiva de imprensa, há dois anos, os primeiros casos de Covid-19 no estado. Aquele vírus, que até então era uma incógnita, viria a se proliferar em solo acreano em um curto espaço de tempo. Em menos de três meses, o vírus que causou um colapso em Wuhan, província chinesa, chegou no estado mais ocidental do Brasil.

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Assim que foram confirmados os primeiros infectados, o governador Gladson Cameli e a então prefeita da capital Socorro Neri suspendiam as aulas e fechariam setores comerciais não essenciais como bares, restaurantes e lojas.

Na época, o então secretário de Saúde Alysson Bestene havia traçado o perfil das primeiras pessoas infectadas: um homem de 30 anos e uma mulher de 50 que chegaram de São Paulo, e outra de 37 anos que estava em Fortaleza, no Ceará.

Na foto: primeira-dama Ana Paula Cameli, governador Gladson Cameli, ex-prefeita de Rio Branco Socorro Neri e ex-secretário de Saúde Alysson Bestene. Foto: Ascom.

SEMANAS SEGUINTES

Na primeira semana da pandemia, quando menos de 20 casos foram registrados, as ruas, praças e calçadas de Rio Branco ficaram praticamente desertas.

Na semana posterior, mais 24 casos foram contabilizados, o que apresentaria um crescimento de mais de 40% em relação à primeira. Na outra, chegou a notícia que ninguém queria receber: uma idosa de 79 anos que sofria de diabetes e hipertensão morria de Covid-19 no dia 07 de abril. A partir de então, mortes começaram a ser contabilizadas em um ritmo frenético e assustador.

AQUI: Acre tem primeira morte por coronavírus: mulher de 79 anos morreu na Upa nesta segunda

Um ano depois, a esperança começaria a brotar em um país onde quase 300 mil pessoas já haviam morrido, superando recordes de países como a Itália, que até então era o epicentro do vírus no mundo. Vacinas já estavam sendo produzidas em laboratórios pelo mundo para frear o avanço da Covid – e até sendo aplicadas em países da Europa. No entanto, para o Brasil aquela realidade ainda não passava de um sonho.

2021

Em um ano de pandemia, o número de mortes provocadas pela Covid-19 no Brasil superou o total de vítimas da Aids desde 1996, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Naquele dia 17 de janeiro de 2021, 282.400 óbitos por coronavirus tinham sido registrados, superando as mais de 281 mil mortes provocadas pela Aids no Brasil em 23 anos. Ou seja, a Covid-19 levou um ano para bater número de mortes somadas em mais de duas décadas.

No Acre, a situação também era caótica, tendo em vista que no mesmo período, no início de 2021, mais de 120 mil famílias de 10 municípios acreanos foram atingidos de alguma forma pela cheia histórica dos rios que cortam o estado, e tiveram de sair de suas casas em busca de refúgio e segurança nas residências de familiares ou em abrigos improvisados em quadras esportivas e escolas.

Rio Acre e demais mananciais acreanos ultrapassaram cota de transbordo em 2021. Foto: Nany Damasceno/ContilNet.

Concomitante a isto, o Acre registraria 795 mortes somente em 2020. Nos meses em que o estado vivia o que hoje seria a maior crise humanitária da história, mais de 90% dos leitos das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) estavam ocupados, o que colocaria o Acre no ranking dos estados com os maiores índices de ocupação. Até aquele momento de fevereiro, 957 pessoas já haviam morrido pelo vírus desde o início da pandemia.

O ano de 2021 foi ainda mais tenebroso. Enquanto a imunização em massa na Europa e nos Estados Unidos avançava a cada dia, o Acre assistia e lia nos principais noticiários locais as mortes de inúmeras pessoas das mais diferentes faixas etárias e condições socioeconômicas possíveis. Só neste corrente ano, mais 1.056 pessoas perderam a vida, segundo dados da Sesacre.

A “trégua” foi dada em maio do mesmo ano, quando o Acre saiu da casa das ‘centenas’ de mortes e foi para as ‘dezenas’. Os efeitos da vacinação já surtiam. Naquele mesmo mês, profissionais da saúde e idosos de idade mais avançada já estavam imunizados pelo menos com a primeira dose.

Memorial de vítimas da covid-19 no Lago do Amor para homenagear pessoas que perderam a vida por conta da pandemia. Foto: Reprodução.

OSCILAÇÃO

Com a flexibilização das medidas restritivas e consequente diminuição dos índices de contaminação em razão das 1.312.395 doses aplicadas até esta quinta (17), segundo o Programa Nacional de Imunizações no Acre (PNI-AC), os números foram cessando mais ainda ao ponto de registrar apenas três mortes em novembro e em dezembro.

No entanto, a chegada da variante ômicron elevou o estado de preocupação, em todo o Brasil, daquilo que já aparentava ter sido controlado com a imunização. No Acre, por exemplo, foram impostas medidas restritivas para conter o avanço da variante, tendo em vista que somente no dia 01 de fevereiro, pelo menos 3,1 mil pessoas testaram positivo para a doença em um único dia.

O resultado: 19.323 casos (o maior número desde o início da pandemia) e 100 mortes foram registradas somente em fevereiro, o segundo pior índice desde maio de 2021, quando 133 pessoas haviam perdido a batalha contra o vírus.

Acre já contabiliza 61% da população vacinada com as duas doses desde o início da campanha de imunização contra a Covid-19. Foto: Odair Leal/Secom.

Face a esta situação e ao caos que se instaurava no Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Acre (INTO-ACRE) e nas demais unidades de saúde com aumento de internações e falta de testes, o governador Gladson Cameli publicou o Decreto Estadual nº 10.987, de 01 de fevereiro de 2022, que dispunha sobre a proibição de eventos com mais de 300 pessoas.

Contudo, o cenário que aparenta ser otimista em todo o Brasil em razão do avanço das doses de reforço, fez com que o decreto fosse revogado nesta quinta (17), dois anos após as notícias dos primeiros casos no Acre. Outros estados como o Rio de Janeiro, por exemplo, flexibilizaram o uso de máscaras em locais abertos. Em Rio Branco, aconteceu a mesma coisa no último dia 08 de março.

MAS AFINAL, É HORA DE DEIXAR DE SE PREOCUPAR COM O VÍRUS?

Apesar de o Acre já registrar 61% da população vacinada a partir dos 5 anos, o desafio de aumentar esse percentual continua, tendo em vista a dificuldade em imunizar o público infantil. Segundo a Vigilância Epidemiológica da capital, menos de 20% das crianças, de um rol de quase 50 mil de 5 a 12 anos, tomaram a primeira dose.

Por mais que 627.798 pessoas tenham tomado a primeira dose, 504.101 a segunda, 12.588 a dose única e 148.850 dose de reforço, o Governo do Acre manteve a obrigatoriedade do uso de máscara em locais fechados por meio do Decreto nº 11.015, de 11 de março de 2022.

Para o médico infectologista Jenilson Leite em entrevista ao ContilNet, apesar de a situação não estar caótica como fora visto, inclusive, no início de 2022, onde recordes de infectados foram batidos em comparação com 2020 e 2021, ainda não é o momento de deixar de lado as máscaras por conta da ameaça de novas variantes e do surgimento de novos casos da doença em todo o Estado, além das mortes ocasionadas pelo vírus.

“O governo deve se posicionar de uma forma que garanta a saúde pública. Ainda que exista uma discussão sobre o direito de usar ou não a máscara, no fim das contas, o importante é dar segurança às pessoas e não superlotar novamente o Sistema Único de Saúde (SUS)”, defendeu o político em entrevista ao repórter Everton Damasceno, do ContilNet.

O médico Jenilson Leite e o jornalista Everton Damasceno. Foto: ContilNet.

SITUAÇÃO ATUAL DA PANDEMIA NO ACRE

Nesta quinta (17), a Sesacre registrou 145 casos de infecção por coronavirus. Até o momento, o Acre registra 320.697 notificações de contaminação. Destes, 123.588 testaram positivo. Dez pessoas seguem internadas até o fechamento do último boletim e 1.990 pessoas morreram em decorrência das complicações do vírus.

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