Pimenta: enquanto Marina balança no cargo, estudo revela como a “boiada passou” pelo Acre

Enquanto Marina Silva balança no cargo em Brasília, no Acre, pesquisadores apresentam pelas redes sociais o Relatório Executivo de Queimadas 2022

Brasília (DF) 10/04/2023 Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante entrevista para Agência Brasil.

Karma

Depois de uma infância sofrida no Seringal Bagaço, de uma alfabetização precária aos 13 anos, uma juventude inteira de enfrentamento a jagunços nos empates de Chico Mendes contra o desmatamento e de um grave problema de saúde que a tornou uma mulher fisicamente fragilizada, a acreana Marina Silva, 65 anos, teimou em aceitar, pela segunda vez, ser a ministra do Meio Ambiente, na terceira versão do governo Lula. Uma demonstração de que sua fragilidade é apenas física e sua teimosia é o reflexo da energia interior.

Manobras

Na última quarta-feira (24), Marina Silva passou o dia dando entrevistas para protestar contra aprovação de medida provisória do deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL) que esvazia atribuições do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas e do Ministério dos Povos Indígenas, da ministra Sônia Guajajara, primeira representante dos povos originários no primeiro escalão do Governo Federal. De acordo com Marina, o que está em curso com a votação do projeto Bulhões é a transformação do Governo Lula 3 no Governo Bolsonaro 2.

Boicote global

“O Congresso quer manter uma postura bolsonarista em pleno governo Lula”, criticou Marina em uma das entrevistas.  “Não basta a credibilidade do presidente Lula, ou da ministra do Meio Ambiente. O mundo vai olhar para o arcabouço legal e ver que a estrutura do governo não é a que ganhou as eleições, é a estrutura do governo que perdeu. Isso vai fechar todas as nossas portas e colocar em risco acordos comerciais”, afirmou a ministra.

JV

Demitido da Apex Brasil por decisão judicial, o ex-governador Jorge Viana chegou a ser cogitado para o comando do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas no lugar de Marina Silva, segundo o jornal O Estado de São Paulo. Com nova decisão liberando sua permanência na Apex, JV se livrou do abacaxi.

Ovo

Apesar da alfabetização tardia, a ministra Marina Silva acumulou conhecimentos muito acima da média nacional, tornando-se uma intelectual e ambientalista reconhecida internacionalmente. Tanto que não teve dificuldades para se eleger deputada federal por São Paulo, assim como poderia ter sido eleita pelo Rio de Janeiro, Recife ou Brasília. Mas, no Acre, ela é tida como uma carrasca que só quer atrasar a vida dos agricultores colocando o Ibama e o ICMBio em cima deles. Tanto, que o deputado federal Zezinho Barbary chegou a dizer que ela não deve ser do Acre, tendo nascido de algum ovo que trocou de ninho.

Memória

Para o leitor menor de 50 anos, é bom lembrar que a ministra Marina Silva teve uma trajetória política invejável no Estado do Acre e ainda é um orgulho de grande parcela do eleitorado e da população, apesar do ódio de parte do setor produtivo acreano. O acreano já lhe deu provas de amor em abundância quando foi eleita vereadora em 1988, deputada estadual em 1990 e senadora em 1994 e 2002. Em 2007, Marina deixou o PT e foi candidata a presidente da República em 2010, 2014 e 2018 pelo Partido Verde e pela Rede Solidariedade.

Queimadas

Enquanto Marina Silva balança no cargo em Brasília, no Acre, pesquisadores apresentam pelas redes sociais o Relatório Executivo de Queimadas 2022. De acordo com o relatório, foram registrados 322.019 hectares ou 3.220 km² de queimadas no Estado do Acre. Lembrando que 2022 foi o último ano do Governo Bolsonaro e da filosofia de “passar a boiada” criada e incentivada pelo ex-ministro Ricardo Sales, hoje deputado federal e carrasco de Marina no Congresso.

Fumaça

Às vésperas das eleições de 2022, Rio Branco estava submersa numa densa cortina de fumaça que encobria o sol e baixava ao chão como plumas de algodão escuro. Pois, este estudo revela exatamente de onde veio todo aquele fumacê: 51% vinham de áreas desmatadas antes de 2021 e 49% eram de desmatamentos recentes. E em ambos os casos, tratavam-se de terras usadas por pastagens ou agricultura perene. Ao contrário do que ocorria até os anos 2010, o arco das queimadas se transferiu da região do Baixo e Alto Acre para as regiões do Purus e Tarauacá/Envira.

Grãos

Esta mudança de rumo pode ser explicada pelo sonho de uma rodovia ligando Santa Rosa do Purus a Feijó e Envira no Amazonas. Este projeto, muito divulgado por políticos e empresários da região como uma oportunidade para a exportação pelo porto de Manaus, induz o povo ao sonho de criar gado e plantar soja. Trocar as vacas leiteiras pelo gado de corte; o açaí e a macaxeira pelos cereais, o extrativismo pela agricultura extensiva. Tanto é verdade que os estudos revelam que 63% das queimadas ocorreram nos municípios de Feijó, Sena Madureira, Rio Branco, Tarauacá e Manoel Urbano. Todos eles aumentaram as queimadas em índices de 60% a 79% entre 2021 e 2022, certamente buscando tirar o máximo proveito do governo que chegava ao fim.

PMG

Os incendiários atingiram áreas de terras de todos os tamanhos e envolveu proprietários, posseiros, grileiros e invasores de terras públicas. Foi um passar a boiada geral. O relatório informa que 21% das queimadas ocorreram em áreas de 10 a 50 hectares, mas também foi localizada uma queimada de 1.194 hectares em área contínua dentro do município de Rio Branco, alcançando a divisa Noroeste da Reserva Extrativista Chico Mendes. Com 37% dos focos de incêndio, as terras públicas foram a principal vítima, seguidas por projetos de assentamento (27%) e propriedades privadas (25%). Unidades de conservação e terras indígenas registraram 15% e 1% respectivamente.

Lenda

O resultado do relatório desmente velha lorota dos grandes fazendeiros para quem a culpa pelas queimadas é do pequeno agricultor que desconhece tecnologias ou não tem acesso a elas. As queimadas em áreas menores de cinco hectares, a média das propriedades dedicadas à agricultura familiar, representaram apenas 19% do total, ou seja, 2% abaixo das queimadas em áreas de 10 a 50 hectares. Mesmo assim, o estrago é significativo.  Pode-se dizer que a agricultura familiar devorou mais de 60 mil hectares de florestas em 2022.

Crédito

O Relatório Executivo de Queimadas 2022 é uma obra dos projetos Acre Queimadas e Map Fire executada pelos pesquisadores Sonaira Silva e Antônio Willian Melo da UFAC de Cruzeiro do Sul e João Reis, Yara Araújo Pereira de Paula e Liana Anderson, do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais).

Sem caixa

O secretário adjunto de Governo, Luiz Calixto, que é servidor de carreira da Secretaria Estadual de Fazenda, tem conhecimento suficiente sobre as finanças do Estado para garantir que não existe mais espaço para reajustes salariais ou contratações, conforme disse em entrevista exclusiva ao ContilNet nesta quarta-feira (24). Ele se dirigia aos concursados em cadastro de reserva da Polícia Civil e do Instituto de Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) que lotaram a Aleac para reivindicar convocação. E da administração indireta que reclamam um justo realinhamento salarial.

Distorção

Em sua opinião pessoal, falando como um cidadão, Calixto diz que as categorias de servidores que recebem a menor remuneração sofrem de uma distorção histórica que precisa ser corrigida. “Tem situações que ocorrem há 35 anos e não são situações que serão corrigidas imediatamente… Só pode ser gerada a partir do momento em que tivermos a possibilidade legal de implementar a correção dos planos de carreira e remuneração”, argumentou.

Negócios

Membros do governo estadual e da iniciativa privada do Acre encerram nesta sexta-feira, 26, uma jornada por seis municípios do Noroeste catarinense e um do sul paranaense. Idealizada pela Federação das Associações Comerciais e pelo Sebrae, com apoio do governo, a missão da caravana é obter um modelo ideal de parceria público privada para implantar em terras acreanas.

Luke

Na cidade de Palma Sola, os representantes da Secretaria de Governo, Marcos Clay e da Secretaria de Indústria, Albert Azenha, travaram contato com o empresário Luiz Henrique Crestani, dono do Grupo Luke, cujo carro chefe é a fabricação e comercialização de acessórios para caminhões.  Crestani ficou de vir ao Acre pesquisar as potencialidades do Estado durante a Expoacre 2023.

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