Acre Grafitti dá nova vida ao bairro Seis de Agosto com Festival Internacional de Culturas Urbanas

O projeto teve o objetivo promover a diversidade cultural, incentivar a troca de experiências entre os artistas e proporcionar ao público uma rica programação de atividades, fortalecendo o intercâmbio artístico-cultural

O Festival Internacional de Culturas Urbanas do Acre, promovido pelo Acre Graffiti em Rio Branco, com apoio do governo do Estado do Acre, foi encerrado com grande público na noite de domingo, 28, após várias apresentações musicais, e a grande final do Campeonato Nacional de Poesia Falada, que teve a participação de 20 poetas de todo o país.

O mutirão de grafite, que revitalizou as paredes do entorno do Ginásio Poliesportivo do bairro Seis de Agosto, reuniu artistas nacionais e internacionais, que transformaram o local em um verdadeiro mosaico, com variedade de ideias, misturando regionalismo, temas de combate à violência e valorização da arte urbana.

Organizador do evento Júnior TRZ e produtora artística Natielly Castro garantem que as expectativas foram superadas e agradecem pelo apoio dos parceiros. Foto: Cassisplay

Local escolhido para sediar o evento, o bairro Seis de Agosto ficou submerso na última enchente do Rio Acre, em março, por isso as intervenções artísticas foram tão bem acolhidas pela comunidade.

O projeto teve o objetivo promover a diversidade cultural, incentivar a troca de experiências entre os artistas e proporcionar ao público uma rica programação de atividades, fortalecendo o intercâmbio artístico-cultural.

Várias atividades culturais foram realizadas durante o festival, como o Campeonato Nacional de Poesia Falada. Foto: Cassisplay

O organizador do festival, grafiteiro José Alberto Costa, conhecido como JR TRZ, comemora o sucesso do evento e a transformação no entorno do viaduto. “Tivemos aqui 150 artistas representando todos os estados do Brasil, além de sete países. Todos unidos nesta manifestação cultural que cada vez ganha reconhecimento em todo o mundo”, disse.

A produtora artística do Festival, Natielly Castro, destaca a diversidade como o ponto diferencial do evento: “Tivemos a preocupação de incluir todos os gêneros e conseguimos uma inédita participação feminina, pelo número de participantes. Também queremos agradecer a todo o apoio dos parceiros do governo do Estado, da Prefeitura de Rio Branco e demais colaboradores da iniciativa privada”.

Rafaela Junqueira, a Arafa, destaca a participação feminina no festival. Foto: Alex Machado/FEM

A artista Rafaela Junqueira, a Arafa, veio de Cuiabá (MT) com um grupo de grafiteiros para o mutirão e ficou encantada com a experiência de conhecer o Acre. “Essa troca de ideias e a possibilidade de aprender cada vez mais é o que vale a pena. Aqui encontrei grandes ídolos da arte urbana e isso não tem preço. É maravilhoso também ver paredes pintadas por mulheres”, enfatizou.

O potiguar Erre Rodrigo já esteve no Acre quatro vezes, participando de intervenções urbanas, e disse que neste ano as expectativas foram superadas. No mural grafitado embaixo do viaduto, ele e mais oito artistas mostram uma pista de skate dentro da água com figuras que remetem a um Purussaurus, sendo repelido por um indígena e um grafiteiro. “Estamos muito felizes em participar deste mutirão e ver que, apesar de ainda sermos marginalizados, conseguimos transformar o cotidiano das pessoas com arte e cultura”, destaca Erre.

Ídolo de toda uma geração de grafiteiros, Edgar Bernardes, o Ed-Mun, deixou sua arte registrada no bairro Seis de Agosto. Foto: Alex Machado/FEM

O destaque do festival foi a participação do artista mineiro Edgar Bernardes, o Ed-Mun, que já realizou trabalhos pelo Brasil e países da América Latina, América do Norte, Europa e África. Sua técnica realista de grafite em 3D faz com que seus murais gerem uma sensação de movimento. Há 26 anos dedicando sua vida à arte urbana, ele aconselha quem está começando a estudar muito.

“Minha ideia, quando estou fazendo uma arte, é sempre dar a impressão aos expectadores que algo está saindo da parede, interagindo com letras e superfície. Não é fácil, por isso é preciso muita dedicação e estudo, de teoria e prática, além de estar sempre na companhia de pessoas inspiradoras”, recomenda.

O recado foi bem recebido pela paulista Andrezza Pascualini, a ADZ, que tem em Ed-Mun uma grande inspiração, pois também trabalha com letras em D3. “Posso dizer que o grafite me salvou, após uma grande perda. Hoje, por meio dos desenhos, podemos expressar narrativas da cidade, propondo críticas e reflexões. Juntamente a outras expressões artísticas, o grafite faz parte da cultura popular do hip hop, que traduz as vivências da rua por meio da arte”, explica.

Ônibus Lilás da Semulher levou vários serviços para a comunidade nos dias do festival. Foto: cedida

Durante o evento, a Secretaria de Estado da Mulher (Semulher) realizou ação itinerante com a unidade móvel de atendimento à mulher, o Ônibus Lilás. A equipe multiprofissional da Semulher ofereceu serviços psicológicos, jurídicos e de assistência social, além de abordagens educativas e entrega de material informativo sobre o enfrentamento à violência contra a mulher e os canais de denúncia.

O projeto da Iniciativa Interreligiosas pelas Florestas Tropicais (IRI-Brasil) trouxe para o festival o primeiro filme em realidade virtual (VR) de Estêvão Ciavatta, que é uma experiência imersiva na Floresta Amazônica. Em janeiro, o filme foi o ganhador do prêmio de Melhor Filme de Realidade Virtual 360° no Barcelona Planet Film Festival.

“É emocionante estar no bairro Seis de Agosto, que passou por um problema tão grave como a alagação, pois sabemos como isso impacta a vida das famílias, e agora você vê o bairro alegre, tendo acesso a tantos serviços importantes. Nosso filme é uma imersão na floresta, que tem como objetivo despertar em cada pessoa o compromisso e o respeito que a natureza e o meio ambiente merece”, destaca Jane Vasconcelos, coordenadora estadual da IRI Brasil no Acre.

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