O foragido da justiça, Fabrício Vieira Avelino, de 21 anos, foi preso acusado de homicídio na noite desta quinta-feira (12), ao chegar a Rio Branco, no Aeroporto Internacional de Rio Branco.
A investigação sobre a morte do adolescente Pedro Henrique Costa Dias, de 13 anos, vítima de um golpe de capacete durante uma briga generalizada, foi coordenada pelo delegado Alcino Júnior. O delegado confirmou que diversas testemunhas foram ouvidas para identificar a autoria do crime.
Pedro, estudante, sofreu traumatismo craniano e morreu em decorrência da agressão. Após a prisão de Fabrício, o delegado encaminhou o acusado para a sede do DHPP, onde o ouviu, interrogou e o colocou à disposição da justiça.
Fabrício estava foragido após a decretação de sua prisão e encontrava-se fora do estado do Acre. Ao retornar para passar o fim de semana com os pais, foi preso no Aeroporto Internacional de Rio Branco. Fabrício é filho de um policial militar que é dono de um restaurante na Baixada da Sobral.
A decisão de solicitar a prisão preventiva do suspeito foi analisada e expedida pela justiça após a investigação.
“Normalmente, o pedido de prisão ou alguma cautelar é justificado quando o autor está ameaçando testemunhas ou fugindo do local onde cometeu o crime, por vontade própria ou por alguma razão particular. Me parece que não é o caso. Se ele não comparecer, aí sim tomaremos alguma medida judicial mais gravosa”, explicou o delegado na época dos fatos.
Família clama por justiça
Lauana Kethlen, irmã de Pedro e consultora de ótica, relatou que a briga começou quando o irmão, João Victor Costa Andrade, de 18 anos, foi até a casa do ex-padrasto e pai de criação pedir dinheiro para comprar gás para a mãe.
O crime ocorreu na Travessa Osasco, bairro João Eduardo I, na Baixada da Sobral. A família registrou o boletim de ocorrência na Delegacia de Atendimento à Criança e ao Adolescente Vítima (Decav) na última terça-feira (24).
“A minha mãe passou o dia todo sem água. Meu irmão de 18 anos [João Victor] chegou em casa e viu aquela situação, minha mãe com fome, e foi até a residência do meu ex-padrasto. Começou uma discussão entre meu irmão [João Victor] e meu ex-padrasto. Minha irmã, que estava perto, ligou para minha mãe contando que ele estava discutindo com o pai”, relembrou Lauana.
Segundo a irmã de Pedro, o ex-padrasto estava com amigos e parentes consumindo bebidas alcoólicas. Ao saber da confusão, a mãe de Pedro saiu de casa e foi até o local da briga. No caminho, Pedro, que jogava bola na quadra próxima, acompanhou a mãe sem que ela percebesse.
“Quando minha mãe chegou, estava a confusão. Meu primo pegou a faca para matar meu irmão de 18 anos, tinha outro cara batendo nele, minha irmã estava sendo agredida por outras duas mulheres e minha mãe entrou no meio para que meu irmão não fosse morto a facadas. Nisso, minha mãe olhou pra trás e só viu o Pedro sendo agredido”, lamentou Lauana.
Agressão fatal
Pedro foi agredido assim que chegou ao local. “Ele morreu sem saber do que aconteceu. Ele só chegou, ficou de costas na esquina. O rapaz, chamado Fabrício, chegou perguntando por que meu irmão de 18 anos tinha xingado a tia dele. Esse Fabrício se vingou no Pedro, com a raiva que estava da minha família. Foi uma briga generalizada”, recordou a irmã.
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Lauana destacou que o suspeito de agredir Pedro é conhecido da família e amigo dos irmãos dela. “A pancada destruiu a cabeça do Pedro. Quando o João Victor viu o Pedro sendo agredido, pulou em cima dele e o segurou. Ainda teve tempo de olhar para o Pedro e perguntar se sabia quem ele era. O Pedro só respondeu: ‘é meu irmão’. Depois disso, o Pedro virou e apagou”, relatou emocionada.
O adolescente foi socorrido pelo Samu e levado em estado grave para o pronto-socorro. Os envolvidos na briga fugiram.
“Meu irmão era uma criança, era evangélico. Era inocente. Meu outro irmão está em estado de choque, apanhou muito com murros, chutes. Queremos justiça. Meu irmão será velado na mesma igreja onde estava tocando violão minutos antes”, finalizou Lauana.
Memorial em homenagem a Pedro
Amigos e familiares de Pedro construíram um memorial com fotos e homenagens ao adolescente dentro da Escola Estadual Marilda Gouveia, na Baixada da Sobral, em Rio Branco, onde a vítima estudava.
“Fizeram cartazes, decoraram, colocamos a farda dele, escreveram sobre como ele era, deixaram recados. É uma forma de não deixar a memória do meu irmão ser apagada. Não fez uma semana do sepultamento. É tudo ainda muito difícil. Terminamos de montar tudo na sexta [27 de setembro] e no sábado foi inaugurado. Muitos alunos choraram”, contou Lauana.