Senador pede investigação sobre pontes que podem cair no Acre e culpa governos petistas

Diante da possibilidade de pelo menos três pontes ruírem, senador diz que vai cobrar o Crea-AC e tentar responsabilizar quem executou os projetos; pontes foram construídas durante os governos do PT, ao longo de 20 anos

O senador Márcio Bittar (UB-AC) cobrou, nesta quarta-feira (15), em entrevista ao ContilNet, uma posição do Conselho Regional de Engenharia do Acre (Crea-AC) sobre as informações de que pelo menos três pontes construídas no Estado estão sob ameaça de ruir devido a problemas de engenharia. São elas: a ponte sobre o rio Tarauacá, no território do município homônimo; a ponte sobre o rio Caeté, em Sena Madureira, na BR-364; e a passarela “Joaquim Macedo”, em Rio Branco, sobre o rio Acre.

Ponte sobre o Rio Caeté, na BR-364/Foto: Figueroa Xavier

A ponte sobre o rio Caeté, em Sena Madureira, deve ser inicialmente interditada nos próximos dias e possivelmente demolida no futuro. Para o senador, se isso ocorrer, o Acre retrocederá décadas, voltando a utilizar balsas para o transporte de mercadorias, especialmente combustível e gêneros alimentícios para os municípios ao longo da BR-364 até o Vale do Juruá. Segundo ele, alguém precisa ser responsabilizado e criminalmente punido por esses problemas, refutando a justificativa de que seriam causados por mudanças no solo.

“A ciência tem capacidade de prever isso: se uma construção pode ou não ser realizada devido ao tipo de solo. Como não previram isso? E por que outras pontes, como a metálica e a Coronel Sebastião Dantas, construídas em Rio Branco sobre o mesmo rio, cujos barrancos agora ameaçam a passarela Joaquim Macedo, permanecem intactas por muito mais tempo? O solo só apresenta problemas nas construções realizadas durante os governos do PT?”, questionou o senador.

Marcio Bittar. Foto: Reprodução

A menção à sigla partidária, que desde 2002 ganhou cinco eleições presidenciais e atualmente governa o país com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se dá porque as obras das pontes foram realizadas durante os 20 anos em que o PT esteve no governo do Acre. O estado é um dos redutos históricos do partido, com cinco mandatos consecutivos (dois de Jorge Viana, um de Binho Marques e dois de Tião Viana), período em que a maioria das pontes do Acre foi construída.

Outra coincidência é que as pontes ao longo da BR-364, de Rio Branco a Cruzeiro do Sul (exceto a segunda ponte sobre o rio Iaco, em Sena Madureira, construída no primeiro mandato de Gladson Cameli), assim como a passarela em Rio Branco, levam a assinatura do engenheiro civil Marcus Alexandre. Ele foi diretor-presidente do Departamento de Estradas de Rodagem do Acre (Deracre) durante boa parte do tempo em que essas obras foram executadas.

A estrutura da passarela também foi afetada pela movimentação do solo/Foto: Everton Damasceno/ContilNet

A última delas foi entregue em junho de 2008: a ponte sobre o rio Caeté, que atualmente parece ser a mais ameaçada. A obra foi inaugurada durante o governo de Binho Marques, em evento de reabertura da BR-364, ocasião em que Marcus Alexandre foi destacado como o “grande construtor de pontes” do Acre. Após deixar o Deracre, Marcus Alexandre venceu as eleições para a Prefeitura de Rio Branco em 2012 e 2016. Em 2018, disputou o governo do Estado; em 2022, concorreu como vice-governador na chapa de Jorge Viana; e, em 2024, candidatou-se à Prefeitura de Rio Branco, sendo derrotado em todas essas eleições subsequentes.

A ponte do Caeté deve ser demolida, e o senador Márcio Bittar quer cobrar responsabilidade do Crea-AC e dos executores das obras. “Entendo que essas construções, para serem finalizadas, tiveram a aprovação do Crea-AC. Então, a autarquia, a meu ver, tem responsabilidade no que está acontecendo, e vou cobrar isso no Senado”, disse o senador. “Não se trata de uma questão política, mas de responsabilizar quem mandou construir uma obra em local de solo inadequado ou sem a devida estrutura técnica”, acrescentou.

Bittar ainda criticou o argumento de movimentação do solo, chamando-o de “desculpa esfarrapada”, e destacou que a engenharia brasileira, uma das melhores do mundo, já superou desafios semelhantes há muito tempo. “Nos Emirados Árabes, a mesma engenharia construiu cidades inteiras, como Dubai, sobre a areia do deserto, com responsabilidade e estrutura. Aqui no Acre, ao longo de 20 anos, os governos gastaram bilhões de reais em pontes que, pouco mais de duas décadas depois, ameaçam cair. As construídas nos anos 1970, ainda que necessitem de reparos pontuais, como a ponte metálica de Rio Branco, foram feitas com responsabilidade e continuam servindo à sociedade. Acho que é hora de debatermos o que aconteceu e quem são os responsáveis pelos problemas nessas pontes em nosso Estado”, concluiu o senador.

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