Após vídeo de pecuarista, ICMBio diz que Operação na Resex é baseada em decisões judiciais

A Resex Chico Mendes é a unidade de conservação federal mais desmatada da Amazônia e tem sofrido pressão constante de ocupações e atividades econômicas não autorizadas

No Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado na última quinta-feira (5), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) deflagrou a Operação Suçuarana, com foco no combate ao desmatamento ilegal dentro da Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre. A ação teve como principal alvo a pecuária irregular, identificada como a principal responsável pela degradação ambiental na unidade de conservação federal.

A operação foi deflagrada a partir de denuncias e levantamentos do MPF/Foto: ICMBio

A operação contou com o apoio do Batalhão de Polícia Militar Ambiental do Acre (BPA), Força Nacional, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Exército Brasileiro, Ministério Público Federal (MPF) e o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (IDAF).

De acordo com o ICMBio, a Resex Chico Mendes é a unidade de conservação federal mais desmatada da Amazônia e tem sofrido pressão constante de ocupações e atividades econômicas não autorizadas. A gerente regional do ICMBio para a Amazônia, Carla Lessa, explicou que a ação visa recuperar os objetivos da reserva.

Equipes prontas para deflagrar a operação/Foto: Cedida

“É uma área federal protegida com fins de compatibilizar a conservação do meio ambiente com atividades econômicas realizadas de modo sustentável pelos beneficiários que lá residem. […] Estamos realizando operações continuadas de proteção da Resex, assim como de identificação e punição dos infratores”, destacou.

A operação é baseada em decisões judiciais, demandas do MPF e levantamentos técnicos realizados pelo próprio ICMBio. Segundo o órgão, os alvos não são escolhidos arbitrariamente.

Alguns pecuaristas reagiram publicamente contra a operação do ICMBio/Foto: ICMBio

No entanto, as ações geraram críticas por parte de produtores rurais e simpatizantes. Em vídeo publicado nas redes sociais, o pecuarista Fernando Zamoura criticou a presença ostensiva das forças de segurança em propriedades rurais. Ele relembrou que a reserva foi criada às pressas em 1988, após o assassinato de Chico Mendes, e afirmou que pequenos produtores foram deixados em situação de vulnerabilidade desde então.

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“Essas coisas desanimam! […] Hoje o remanescente dessas pessoas mora onde nasceu, criando gado e fazendo pequenas plantações. Aí chegam essas autoridades e os tratam como bandidos de alta periculosidade, confiscam o gado e os despejam de suas terras”, comentou Zamoura.

Segundo ele, muitas dessas famílias acabam migrando para as periferias das cidades por não terem alternativas viáveis de subsistência dentro das regras atuais da reserva.

Enquanto o ICMBio sustenta que a operação visa proteger o meio ambiente e garantir a sobrevivência sustentável das populações tradicionais, vozes como a de Zamoura levantam o debate sobre os impactos sociais das ações de fiscalização e o futuro dos moradores da região.

A Operação Suçuarana integra o esforço nacional de enfrentamento ao desmatamento e às mudanças climáticas, com foco na proteção das áreas legalmente protegidas da Amazônia.

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