Acreanos que moram na Flórida relatam momentos de terror com furacão Milton

Jocimara Reis e Gleyson Cavalcante deixaram o Acre neste ano para morar em Orlando. Meses depois eles vivenciam de perto um dos maiores furacões dos últimos anos

Em maio deste ano, o casal de empresários acreanos Jocimara Reis e Gleyson Cavalcante passaram por uma das mudanças mais importantes da vida deles: deixaram o Acre e se mudaram para Orlando, na Flórida.

A vontade de crescer em um país cheio de novas oportunidades pesou na hora da decisão. Além disso, o casal tinha acabado de receber a notícia que a família iria crescer e tinha o desejo de ver a filha, Sofie, nascer nos Estados Unidos.

O que eles não imaginavam é que meses após a mudança de país, iriam vivenciar um dos maiores furacões dos últimos anos, o Milton, que já deixou pelo menos 9 mortos no leste da Flórida.

O furacão atingiu o solo do estado americano na noite desta quarta-feira (9). Ao ContilNet, a empresária contou como foi passar a primeira noite sobre os ventos de mais de 150 km/h. Ela mora com o marido e a filha de apenas dois meses no último andar de um prédio em Orlando.

A empresária explicou que vários tornados atingiram a região da Flórida, ainda de tarde, antes mesmo do furacão chegar ao solo do estado.

O furacão Milton atingiu o Estado da Flórida na quarta-feira, segundo as previsões/Foto: Reuters

“Destelhou várias casas, derrubou várias árvores, virou carretas, carros. Porque antes mesmo do furacão tocar, ele vem trazendo a tempestade na frente. Aqui nós tivemos vários alertas e mensagens. O governo emite um alerta que chega em todos os telefones das pessoas que estão nos Estados Unidos”, explicou.

“Você precisa ficar na sua casa e se manter seguro até o momento que tudo isso passar. Durante a madrugada foi a hora que o furacão tocou o solo da Flórida. Nós estávamos bem apreensivos aqui no começo da noite. Sem saber como que ia ser. Nós vivemos em condomínio de apartamentos e no último andar do prédio, que são cinco andares. Os nossos elevadores travaram desde as 2 horas da tarde para ninguém sair de casa, só ficamos pelo acesso das escadas”, completou.

A situação conturbada começou logo após o anúncio da chegada do furacão, ainda no começo da semana. Jocimara conta que com a notícia, os mercados ficaram lotados e ela teve dificuldade de encontrar água e alimentos nas prateleiras. “Quando tem alerta de furacão, o Governo pede que as famílias que não estão na área de evacuação, se organizem para ter alimento e água por três dias. As coisas começam a sumir das prateleiras porque eles compram em grande escala”.

Ela revelou ainda que precisou passar toda a madrugada no corredor do apartamento, com a filha de apenas dois meses e o marido, para evitar que a força dos ventos quebrasse a janela e as portas de vidro do local.

“Organizamos as nossas coisas dentro do apartamento. Ele tem janelas e portas de vidro. A gente não podia ficar nessa região, porque é considerada perigosa. Os ventos podem quebrar as janelas. Alguma coisa poderia estar voando durante o tornado e pressionar os vidros. O indicado é procurar lugares que tenham paredes e portas. Nós ficamos no corredor do nosso apartamento, no chão. Colocamos uns edredons e nós passamos a madrugada inteira lá, onde era o lugar mais seguro. Nós ouvíamos a parede do apartamento tremer”.

“Estávamos a todo o momento com as nossas coisas preparadas, bem próxima a porta, com bolsa, mochila com documentos, que era mais necessário para um caso de evacuação de emergência”, completou.

Jocimara Reis e Gleyson Cavalcante com a filha Sofie/Foto: Cedida

Aviso no começo da semana

O aviso da passagem do furacão Milton começou a ser passado à população no começo da semana, na segunda-feira (7). A empresária explicou que a partir do primeiro comunicado, o governo americano já começou a colocar em prática medidas emergenciais.

“Eles são muito preparados, atentos e preocupados com a população. Antes do furacão chegar eles deixam a população muito bem informada do que vai acontecer, do que é para fazer, de como que é para proceder. Eles passam nas casas já com kits de limpeza e com algumas marmitas também, espalhando pelas casas das pessoas que não vão evacuar. Ontem mesmo já tinham chegado aqui várias equipes com caminhões de suprimentos, com pessoas para ajudar a trabalhar depois do furacão. Também durante o furacão eles deixam o policiamento na rua, deixam os bombeiros. Em casos de emergência você pode estar ligando no atendimento emergencial e eles fazem de tudo para chegar até você para te ajudar e te tirar do local”, disse.

“No geral, independente de ser americano ou de ser um imigrante, eles tratam todo mundo da mesma forma nessas situações de emergência”, completou.

O marido de Jocimara, o empresário Gleyson Cavalcante, gravou alguns vídeos do momento da passagem do Milton pelo apartamento deles. Eles cederam com exclusividade ao ContilNet.

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