Turistas acreanos e de outras partes do país que aproveitam os chamados feriados prolongados para conhecer a região e fazer compras em países do outro lado da fronteira brasileira, na Bolívia ou no Peru, principalmente em Cobija, a capital boliviana de Pando, vão enfrentar problemas no feriadão iniciado nesta quinta-feira (7).
Autoridades brasileiras vêm recomendando que turistas do país evitem cruzar a fronteira, principalmente pelas pontes de acesso de Epitaciolândia e de Brasileia à cidade de Cobija para evitar possíveis atritos.
As duas pontes, a de Epitaciolândia sobre o Igarapé Bahia, e a segunda, a Wilson Pinheiro, sobre o rio Acre, em Brasiléia, erguidas com recursos públicos dos dois país, com maior injeção de valores do governo brasileiro, estão mais uma vez fechadas desde a manhã desta quinta no lado boliviano. Por ali, ninguém passa, entrando ou saindo, com carros e motos. As exceções, nos dois lados das pontes já na Bolívia, são para pedestres.
Trata-se de mais um ato de protesto e de tensão executado por servidores municipais da área de Saúde de Cobija. Os servidores, mais uma vez, decidiram bloquear as pontes de acesso às cidades brasileiras para chamar a atenção para um problema financeiro que atinge a categoria já faz algum tempo.
Em protesto contra o que consideram descaso por parte da Prefeitura e outras autoridades da área municipal de Saúde, os servidores pandinos aproveitam os feriados, que rendem ganhos à economia da cidade boliviana com o fluxo de turistas brasileiros, para realizarem seus protestos.
Os servidores reivindicam pagamento de planos de saúde e benefícios atrasados. Em alguns casos, segundo alegam os servidores, os atrasos já perduram há meses e a Prefeitura não tem cumprido suas obrigações trabalhistas.
Os pagamentos dos planos de saúde são obrigatórios com base numa legislação diferente da que regula o SUS (Sistema Único de Saúde) brasileiro, inclusive na remuneração dos servidores.
Como não há algo parecido com o SUS, os servidores da saúde boliviana têm seus ganhos auferidos pelos planos de saúde, que alegam não receber da Prefeitura e assim ficam impedidos de repassar aos servidores.
Lideranças do movimento dos servidores alegam que estão com os benefícios atrasados há pelo menos quatro meses e apontam que os recursos de custeio do governo federal boliviano são repassados para o pagamento dos benefícios, mas a prefeitura se diz disposta pagar apenas um mês de atraso, o que gerou grande insatisfação entre os trabalhadores públicos e é a causa do fechamento das pontes.
O bloqueio das pontes de fato gera impactos negativos para o comércio local, já que afeta a livre circulação de veículos e mercadorias entre as cidades fronteiriças. As autoridades bolivianas demonstram pressa e interesse nos fins bloqueios para ainda neste feriado, a fim de a economia possa voltar a ser movimentada.