“Revolta de Jorge Viana contra MP e uma história de R$ 100 bilhões que precisa ser lembrada”

Reconhecimento

Esta coluna não se furta a reconhecer o mérito de algumas posturas adotadas pelo senador Jorge Viana (PT) e seus aliados políticos. E por isso ressalta a sua recente tentativa de revogar a aprovação da Medida Provisória 795, que consiste num verdadeiro presente de natal do governo Temer a empresas estrangerias que atuam na prospecção, produção e beneficiamento de petróleo e gás natural no país.

Presentaço

A MP proposta pelo Executivo consiste na renúncia fiscal de R$ 50 bilhões ao ano por parte das companhias petrolíferas – e isso em um período de crise em que o discurso do atual governo em favor das reformas insiste na necessidade de resguardar o erário.

Dupla vitória

Na última terça-feira (12), depois de aprovada na Câmara com o auxílio de três parlamentares federais acreanos – a saber: Alan Rick (DEM), Flaviano Melo e Jessica Sales (ambos do PMDB) –, a matéria foi endossada pelos senadores, com placar de 27 votos a favor e 20 contrários.

Papai Noel Temer

Pela proposta, segundo especialistas, as empresas deverão deixar de pagar à União cerca de R$ 1 trilhão em impostos, nos próximos 20 anos.

A conta é nossa

Jorge Viana lembrou que enquanto os gringos são presenteados pela magnanimidade do atual presidente, o governo segue elevando o preço do gás de cozinha e dos combustíveis. Um verdadeiro acinte à economia popular.

Revolta

Revoltado com a decisão dos seus pares, o senador acreano afirmou que “O Brasil está sendo vendido, saqueado, roubado, e não aparece ninguém do Ministério Público, ninguém do Tribunal de Contas da União, ninguém da Receita Federal para dizer que isso é um assalto”.

Detalhe desabonador

Palmas para Sua Excelência, o senador do PT! Mas há um detalhe a mostrar o outro lado de sua atuação no Senado, o qual rivaliza com a indignação atual. Trata-se de um fato que depõe contra a sua justa indignação – e cuja repercussão, dada a gravidade da manobra, não chegou aos jornais do Acre por razões facilmente presumíveis.

Uma história que precisa ser contada

No final do ano passado, o Palácio do Planalto já havia agendado uma grande cerimônia para a entrega de um presente dos deuses às empresas de telefonia que atuam no Brasil: as operadoras receberiam a “doação” de R$ 100 bilhões em forma de patrimônio público, já utilizados por elas desde a privatização do sistema, no governo de FHC.

De mão beijada

Esses bens são compostos por redes de cabos de cobre e fibra ótica, redes de dutos subterrâneos, edifícios, lojas, centrais de comutação, satélites geoestacionários e centros de controle, entre outros imóveis e equipamentos.

Valor total

Avaliado esse patrimônio em R$ 80 bilhões, o governo ainda acenava, no projeto que tramitou às pressas no Senado, com o perdão das dívidas atribuídas às operadoras, num total de R$ 20 bilhões.

Irmanados na indecência

E onde entra o senador Jorge Viana nessa história? Ele, então vice-presidente da Mesa Diretora do Senado, aliou-se a Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RO) para agilizar a tramitação da proposta, a qual contava ainda com aval da Casa Civil e do ministro Eliseu Padilha (PMDB-RS).

Estraga-prazeres

Por incrível que pareça, o pacote de bondade do governo, com o aval da diretoria do Senado, não foi adiante porque outros parlamentares – alguns do próprio PT – melaram a festança, ingressando com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal.

Com os burros n’água

Dependesse de Jorge Viana, o indignado com a MP 795 que beneficia as petrolíferas estrangeiras, as teles teriam economizado R$ 100 bilhões ao receber um patrimônio que pertence à Nação.

Questão de ordem

Diante de fatos tão controversos, há que se perguntar qual é o verdadeiro Jorge Viana: o que defende o erário público ao acusar o governo Temer de lesa-pátria, ou aquele que, conluiado com o próprio presidente, manobra para apressar a doação de 100 bilhões a empresas cujos serviços, além de caros, penalizam o consumidor por sua precariedade?

A conclusão é sua, leitor

E como perguntar não ofende, e o dono da resposta é o leitor, cada um que trate de tirar as próprias conclusões sobre a postura do senador Jorge Viana nos dois episódios narrados aí acima.

Desabafo

Osmir Lima resolveu dizer ter convivido com o que chamou de ‘mentiras’ do governador Tião Viana, durante o período em que ocupou cargo no governo. Osmir não é o primeiro a se queixar de que o petista costuma prometer uma coisa e fazer outra – ou não fazer nada.

Resposta

O troco às declarações do ex-deputado e atual debatedor do programa Tribuna Livre coube ao porta-voz do governador, jornalista Leonildo Rosas, cuja função consiste em detratar os críticos do governo.

Legado de Goebbels

Rosas insinuou, em sua réplica, que Osmir Lima foi o responsável pela falência do Banacre – uma velha e deslavada mentira criada pelos próprios petistas e que, de tão repetida, acabou por ganhar ares de verdade. Foi Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista, aliás, quem ensinou a fórmula de transformar mentiras em verdade por meio da exaustiva repetição.

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“Revolta de Jorge Viana contra MP e uma história de R$ 100 bilhões que precisa ser lembrada”