Personagem muito conhecida em todo o estado pela sua luta pela valorização dos trabalhadores em educação e pelos trabalhadores rurais, a sindicalista Rosana Nascimento, presidente licenciada do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre (Sinteac) e ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Acre, falou ao site ContilNet Notícias um pouco da sua luta e de suas expectativas para as eleições deste ano.
Ela disputa uma das oito vagas do estado na Câmara Federal pelo PPS e defende a renovação da política não apenas no Acre, mas em todo o Brasil.
Rosana também defende a alternância de poder no estado, que segundo ela não aguenta o modelo de gestão implantado pelos governos do Partido dos Trabalhadores. Ela apoia a candidatura de Gladson cameli ao governo, mas alerta que sua postura será de cobrança num eventual governo do progressista.
Rosana Nascimento/Foto: Reprodução
CONFIRA A ENTREVISTA:
ContilNet – Qual a sua expectativa para as eleições deste ano?
Minha expectativa é de renovação da política não só no Acre, mas do Brasil. Nós temos políticos que estão aí há trinta anos e não apresentaram um trabalho para a sociedade, não defenderam políticas públicas para o nosso povo e estão se apresentando de novo, dizendo que fazem isso, que vão fazer aquilo. E o eleitor este ano está tendo a oportunidade de fazer essa renovação. A decisão está na mão do povo, na mão do eleitor, que deve analisar muito quem são as pessoas que estão candidatos. Tem muitos Candidatos que o histórico é de envolvimento com a corrupção, pessoas que tem histórico de crimes de improbidade administrativa, os chamados fichas sujas, que infelizmente estão concorrendo. E mais infelizmente, ainda, tem eleitor que deixa de votar em quem compromisso para votar em quem está comprando seu voto. Isso tem que acabar. O eleitor deve votar em quem compromisso em lutar por políticas públicas em benefício da sociedade e não para defender seus próprios interesses.
ContilNet – O que a entristece mais quando chega à periferia e se depara com pessoas passando fome, sem emprego, sem perspectivas de uma vida digna, crianças fora da escola?
O que me entristece é o Brasil governar de costas para o povo brasileiro. Hoje nós temos pessoas que não têm saúde, educação, não têm segurança, emprego. Isso acontece porque os nossos governantes estão governando de costas para quem precisa, as pessoas em maior risco de vulnerabilidade. E fico mais triste, ainda, porque o nosso povo não tem educação, não tem informação, não tem consciência política, de classe. Está votando em quem lhe dá alguma coisa. Muitos votam para não perder benefícios, como o Bolsa Família, por exemplo. Então, minha tristeza é pelo fato do Brasil não valorizar os brasileiros. Não vejo nenhum político, nenhum governo estadual, municipal e federal tendo a educação como prioridade. E se hoje chegamos onde chegamos, é porque a educação nunca foi prioridade.
ContilNet – A senhora vem da área da educação, onde milita como professora e sindicalista há muitos anos. Todavia, a senhora tem uma visão ampla dos demais setores da sociedade, tanto que já foi inclusive presidente da Central única dos Trabalhadores – CUT. Além da educação, quais as outras demandas que a senhora vai dedicar um olhar especial?
A minha categoria é a educação, pela qual tenho um carinho enorme. Mas, eu também tenho um carinho especial para com os trabalhadores rurais. Tenho quinze anos dedicados a essa categoria. Antes de ser presidente do Sinteac eu fui presidente da CUT, com uma atuação especial voltada aos trabalhadores rurais. Porém, também tive uma atuação muito forte voltada para as demais categorias de trabalhadores. A gente tem um diferencial, pois não atendemos apenas os trabalhadores em educação. A gente atende todas as categorias em nosso estado. E os rurais são muito mais carentes que o servidor público, do que quem está na cidade. Eles estão distantes para cobrar da saúde, cobrar da educação, distante dos órgãos que podem estar ajudando, auxiliando a levar políticas públicas até eles. E nós sabemos que não existe mais produção agrícola em nosso estado. Eu costumo dizer que se proibirem a travessia do rio Madeira nós do Acre morreremos de fome, pois dependemos do restante do Brasil em tudo. Importamos arroz, feijão, leite. Faltam investimentos para desenvolver o estado.
ContilNet – Na sua avaliação o governo do Acre, um estado pobre, com uma população tão carente, vem gerindo bem os recursos públicos?
Olha, eu indignada com a falta de respeito do atual governo para com o povo do nosso estado. Por exemplo: enquanto falta medicamento nos hospitais e postos de saúde, o governo constrói um açude e pomposamente o inaugura com o nome de Lago do Amor. Faltam investimentos na saúde, na educação, na segurança. A atual gestão só investe em obras para seu próprio uso, para o uso de seus amigos e daqueles que lhe paparicam. No caso do lago especificamente, o governador só vai passear em seu entorno cercado por seguranças, pois a criminalidade atingiu índices alarmantes, que impedem o cidadão comum até mesmo de sair de casa para trabalhar. Estou envergonhada com uma situação dessas.
ContilNet – Mande uma mensagem aos eleitores.
Gostaria de dedicar uma mensagem especial aos trabalhadores em educação e dizer que nós temos este ano a oportunidade de ter um mandato. Precisamos mudar esse governo que aí está. Ninguém aguenta mais tanto desgoverno. Sou a favor da alternância de governo, como forma de evitar situações como as que estamos vendo atualmente no nosso estado. Se a educação quiser, nós vamos ter um mandato para estarmos lutando pelas pautas prioritárias, que são a valorização profissional, mais verbas para a educação, condições de trabalho, saúde. Nós somos mais de vinte mil trabalhadores em educação e a oportunidade de eleger um representante. Isso a gente tem coragem para estar pautando no congresso e procurar os outros sindicatos para ajudar na luta. Basta a educação querer, nós vamos conseguir esse mandato. Quero aproveitar para pedir ao povo do nosso estado que nos dê essa oportunidade, pois nós temos disposição para lutar por melhorias para o nosso estado, para a nossa população.
