Em evento, embaixador diz que Peru não tem interesse em nova ligação com o Brasil

O atual governo do Peru não tem o menor interesse nas obras de ligação terrestre entre o Brasil e aquele país através de uma estrada entre Mâncio Lima, no Estado brasileiro do Acre, e Pucallppa, no Estado peruano de Yucsyalle, no coração da Amazônia. Isso porque os entraves para a realização da obra são muitos, principalmente por se relacionar com as questões vinculadas aos povos indígenas e meio ambiente, já que o traçado da rodovia, defendido pó atual governo do Brasil, passaria por dentro do Parque Nacional da Serra do Divisor, que separa os dois países e cuja região é consideradas brasileiros e peruanos como um dos locais com a maior biodiversidade do planeta.

A declaração de pouco ou nenhum interesse na rodovia por parte do governo peruano foi feita em Rio Branco (AC), na manhã desta terça-feira (28), pelo embaixador do Peru no Brasil, Javier Yépez, que está em visita oficial ao Acre. O embaixador participou de um encontro com instituições empresariais e governamentais na sede da Federação das Indústrias do Acre (Fieac), com a participação da Federação Agropecuária do Acre (Faceac), Federação do Comércio (Fecomércio), Sebrae e outras instituições. A agenda oficial incluía uma palestra para debater com esses setores caminhos de cooperação visando o desenvolvimento dos dois países, principalmente em suas regiões de fronteiras. Na sede da Fieac, o embaixador participou de uma amostra de produtos acreanos e conheceu o potencial exportador do Estado nas áreas alimentícias, madeiras e de outros produtos.

A visita do embaixador ao Acre acontece dias após uma manifestação registrada sobre a Ponte da Integração, na fronteira de Assis Brasil com Iñapary, na região fronteira do Acre com o Peru. Sobre a ponte, comerciantes brasileiros e peruanos protestaram no último domingo contra a polícia peruana que continua estacionada no limite do território peruano com o brasileiro e não permite a passagem de veículos ou pessoas pelo local, que vem causando prejuízos à economia da região, alegam autoridades brasileiras e peruanas.

Na visita a Rio Branco, o embaixador admitiu ter conhecimento do problema mas afirmou que o fechamento obedece às regras sanitárias e de saúde impostas por autoridades federais por causa da pandemia do coronavirus e o que o fechamento de fronteiras também ocorre por via aérea. “Sinceramente, mesmo que a pandemia esteja diminuindo, ainda não sabemos quando devemos abrir a fronteira. Sabemos das necessidades econômicas, mas nos preocupamos também com a vida e a saúde das pessoas”, disse o embaixador.

Sobre uma segunda rota de ligação do Brasil com o peru, o embaixador disse que o governo do presidente Pedro Castilho já se sente contemplado com a ligação com o Brasil através da Chamada Carretera do Pacífico, que liga o Acre até o Oceano pacífico, em Lima, e que não deve apoiar as propostas dos congressistas brasileiros, como Márcio Bittar e Mara Rocha, do Acre, de abertura de uma estrada ligando o Juruá a Yucayalle.

PUBLICIDADE