Um mês de Ptolomeu: polícia continua investigando, Gladson continua trabalhando e opositores somem

Para fazer oposição, no Acre, e em qualquer lugar, precisa-se de inteligência. Citei aqui em textos passados que não vi políticos inteligentes tripudiando sob a Operação Ptolomeu. Isso porque, até aqui, a única coisa que a polícia fez foi anunciar uma investigação. Ponto.

Passado todo o buzz do início da investigação; e completo no dia 16, um domingo, o primeiro mês de anúncio da primeira fase, dá para tirar pelo menos três boas lições dessa operação. Sob a perspectiva do trabalho da polícia, da postura de Gladson e de como seus opositores reagiram.

Primeira lição: às vezes, tudo que você precisa fazer é erguer a cabeça e trabalhar. E isso Gladson fez, e muito bem feito: trouxe uma série de boas notícias para o fim de ano dos acreanos, anunciou um verdadeiro pacote de obras e seguiu sua agenda – até onde permitiu a Covid-19.

Segunda lição: político investigado não é político condenado. Isso os opositores de Gladson deveriam saber, pois o Acre viveu, em não muito tempo atrás, a Operação G7, onde muitos foram investigados e posteriormente muitos inocentados. Quando você é ‘condenado’ pelos adversários e prova inocência, as chances de se tornar um herói no imaginário popular são grandes – vide Lula.

E terceiro, mas não menos importante: Gladson não precisou montar um mega esquema de gerenciamento de crise. Só fez o famoso arroz com feijão bem feito. E deu certo. Nas redes, não se vê mais adversários explorando o assunto. Gladson aparou todas as arestas, deu permissibilidade ao trabalho da polícia e se colocou à disposição para as investigações e continuou seu trabalho.

Com uma eleição às portas, e com o poder maior – o do voto – nas mãos do povo, falta pouco para o Acre saber a resposta que será dada a cada um dos envolvidos.

Meire e o MDB

Tudo indica que Meire Serafim fica mesmo no MDB. Ao que parece, ter Mazinho no palanque de Petecão não é um problema para a cúpula do partido. Um amigo membro do partido me disse que Flaviano Melo liberou. Resta aguardar se o poderoso chefão vai chegar a um acordo com Gladson – e como o governador vai lidar com isso.

Aleac

Se Meire fica no partido, os novos nomes que se cuidem, porque as maiores votações dentro da legenda devem ficar com a esposa de Mazinho e Antônia Sales, que deve disputar reeleição. Roberto Duarte, o terceiro eleito pela sigla, quer a Câmara Federal, e procura legenda com chapa competitiva para o novo desafio.

Três

Se o partido repetir a performance das últimas eleições, deve eleger três deputados estaduais. Com 4.909 votos, Eliane Sinhasique ficou de fora nas últimas eleições. Enquanto Meire alcançou a casa dos 10 mil votos, Duarte e Sales completaram o TOP 3 daquela eleição, com votos na casa dos 9 mil.

Michelle Melo

Vereadora pelo PDT, Michelle foi chamada para uma reunião com Flaviano Melo e cúpula do partido. Por enquanto, ficou nisso. Michelle é um nome bom e um quadro que ainda não existe dentro do MDB – a parceria seria via de mão dupla, vantajosa para ambos os lados. Mas, levando em consideração os indicadores das últimas eleições, Michelle teria chances de eleição dentro do partido se fosse a terceira mais bem votada – contanto que o partido tenha uma chapa parecida com a de 2018. O piso em 2018 ficou nos 9 mil votos.

Destinos

Outros possíveis destinos de Michelle, caso não se acerte, por algum motivo, com o PDT, podem ser o PSB e PSD. Isso caso queira articular-se para uma vaga na Aleac ou Câmara Federal. Eu particularmente acho que Michelle poderia ser um bom nome para uma chapa competitiva ao Governo do Acre, como vice. Seu destino depende, em grande parte, do seu grupo de articulação e de como sua equipe de comunicação trabalha seu nome.

Israel Milani

Se vier à eleição pelo PROS concorrendo à Aleac, Israel Milani vai ter um trabalho bom pela frente: ou monta uma chapa capaz de colocar dois deputados ou mais na Aleac, ou precisará ser o mais bem votado da sigla – Maria Antônia entrou com 7.793 votos. Sua mãe, Vanda Milani, deputada federal e pré-candidata ao Senado, é boa de voto.

Mailza Gomes

Em reunião com membros da Casa Civil, a senadora Mailza Gomes reiterou que é pré-candidata ao Senado. “Sou presidente do partido e também a candidata natural do Progressistas. Não existe hipótese de desistência e, nem de candidatura a deputada federal”, disse em vídeos disparados nas redes.

Poder de fogo

Se há uma mulher, no Acre, com poder de fogo, essa mulher se chama Mailza Gomes. Possui grupo forte, articulação política impecável e, com pontuais investimentos em personal branding e na sua equipe de marketing, todo o Acre saberia quem ela é e o poder que tem.

Corredores de Brasília

Engana-se quem pensa que os políticos descansam quando estão fora dos holofotes do Acre. Em Brasília, os corredores fervem. As eleições começaram há um bom tempo.

45 do segundo tempo

Alguns postulantes à Aleac e Câmara Federal querem empurrar a decisão da filiação para os 45 do segundo tempo. É um risco. Até lá, os partidos contam com o ovo antes da galinha botar.

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