Sete dias após o feminicídio de Antonieli Nunes Martins, em Pimenta Bueno (RO), o sentimento da família ainda é de incredulidade. Segundo a polícia, o suspeito Gabriel Henrique Santos Masioli tinha um relacionamento extraconjugal com a vítima e decidiu matá-la para não assumir o filho que ela estava esperando.
“Como que um cara mata seu próprio filho? É algo inaceitável, impossível de acreditar”, desabafa um dos familiares que prefere não se identificar.
Em depoimento, Gabriel confessou que imobilizou Antonieli com um golpe de ‘mata-leão’, enquanto eles estavam deitados de ‘conchinha’ na cama. Alguns instantes depois, quando percebeu que ela estava viva, ele foi até a cozinha, pegou uma faca e deu uma única facada no pescoço da vítima.
![Gabriel confessou ter matado Antonieli em Pimenta Bueno (RO) — Foto: Reprodução/Redes Sociais](https://s2.glbimg.com/O2CvOtaA2eHsFgxfBKnYinAhSJM=/0x0:876x367/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/b/d/9zUsw4ThmNK8unFTxrAg/whatsapp-image-2022-02-05-at-12.43.33.jpeg)
Gabriel confessou ter matado Antonieli em Pimenta Bueno (RO) — Foto: Reprodução/Redes Sociais
De acordo com os familiares, praticamente ninguém sabia que Antonieli estava grávida. Um dia antes do crime ela decidiu contar ao suspeito sobre a gestação.
Para a família, é inexplicável a saudade de Antonieli e a dor de imaginar tudo que aconteceu com ela. Agora, o que eles pedem é justiça.
“A pergunta que não sai de nossas cabeças é: por que tamanha brutalidade? O que leva uma pessoa a achar que tem o direito de tirar a vida de outra? Esse doente tirou a vida de uma mãe e de um filho cruelmente”, comentou.
Gabriel ainda relatou à polícia que ela entregou uma caixinha de presente com o teste de gravidez e uma roupinha de bebê escrito “parabéns vovô” e prometeu que depois compraria uma com a frase correta, que seria “parabéns, papai”.
Antonieli tinha 32 anos quando foi morta e deixou um filho de apenas três anos, que agora está sendo cuidado pela avó.
O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil e o inquérito do caso deve ser concluído ainda nesta semana. O g1 e a Rede Amazônica tentam contato com a defesa do suspeito, que foi transferido para Pimenta Bueno após ser preso em Rolim de Moura (RO).
Celular desaparecido
Enquanto as investigações do caso seguem, a polícia está tentando localizar o celular do suspeito de matar Antonieli.
Segundo a Civil, esse aparelho é importante para a investigação porque pode confirmar tudo o que foi dito no depoimento de Gabriel na semana passada.
Ao delegado, durante interrogatório, o suspeito disse que após assassinar Antonieli Nunes, de 32 anos, ele teria recolhido tudo o que tinha tocado na casa (como o celular da vítima e documentos) e depois jogado os itens em um rio de Pimenta Bueno.
Uma equipe de mergulhadores vasculhou alguns pontos de alguns rios na cidade, na tentativa de localizar objetos da vítima e a faca usada no crime, mas nada foi encontrado. Quando se entregou à Polícia Civil, Gabriel estava sem o seu celular pessoal.
A polícia agora tenta saber a localização do dispositivo, para que o celular do suspeito seja periciado.
Visita na igreja
Ainda durante o depoimento dado na semana passada, o suspeito informou que logo após matar Antonieli ele esteve na igreja onde o pai é pastor, em Pimenta Bueno.
No encontro, Gabriel alega ter falado ao pai sobre supostas crises de ansiedade que estava tendo, mas não mencionou sobre ter matado uma mulher instantes antes.
A informação da visita de Gabriel na igreja também é de conhecimento da polícia, que ainda descobriu que na mesma noite o suspeito esteve em uma lanchonete da cidade.
Feminicídio de Antonieli
O corpo de Antonieli foi encontrado na última quinta-feira (3), após parentes irem até uma casa para verificar o que estava acontecendo, pois a mulher não apareceu para trabalhar e nem respondia mais as mensagens de celular.
Ao entrarem na casa, que estava com a porta destrancada, os parentes se depararam com Antonieli morta em cima da cama.
O suspeito do crime, que é técnico de informática, compareceu na delegacia da cidade e confessou que matou Antonieli após dar um mata-leão de conchinha e enfiar uma faca no pescoço dela.
No auto de qualificação e interrogatório feito na sexta-feira (4), Gabriel, contou ao delegado que é casado, mas há 10 meses mantinha um relacionamento extraconjugal com Antonieli, sua também colega de trabalho.
Gabriel disse que o assassinato de Antonieli ocorreu um dia depois dele descobrir sobre a gravidez dela e que a casa onde ocorreu o crime havia sido alugada para eles se encontrarem escondidos.
Como eles trabalhavam na mesma empresa, logo após o expediente do dia 2 de fevereiro ele chamou Antonieli para conversar na casa alugada para eles dois.
![Casa onde Antonieli Nunes Martins em Pimenta Bueno — Foto: Matheus Afonso/Rede Amazônica](https://s2.glbimg.com/YQL9SvBTAmreMYyXvYWLYi9CAak=/0x0:640x352/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/9/g/nIl2AXRSO5bpyBP2B97Q/whatsapp-image-2022-02-07-at-15.55.39.jpeg)
Casa onde Antonieli Nunes Martins em Pimenta Bueno — Foto: Matheus Afonso/Rede Amazônica
Durante esse encontro, a vítima teria perguntado se ele iria assumir a criança, mas Gabriel disse que estava em choque e pediu para a vítima esperar até sexta-feira (4), para que ele pudesse falar sobre o relacionamento deles e sobre a gravidez para sua esposa e familiares.
Gabriel disse que então ficou deitado de ‘conchinha’ e, nesse momento, teria tido uma crise de ansiedade e começou a matar Antonieli. Ele revelou que só parou o mata-leão quando não sentia mais o próprio braço, “de tanto que havia apertado o pescoço” dela.
Protestos
No último fim de semana, moradores de Pimenta Bueno fizeram protestos na frente da delegacia e pediram por Justiça.
O suspeito foi preso na sexta-feira (4), após o Ministério Público de Rondônia (MP-RO) pedir que a Justiça decretasse prisão preventiva para Gabriel. No dia em que esteve na delegacia, Gabriel acabou sendo liberado.