Sete dias após o feminicídio de Antonieli Nunes Martins, em Pimenta Bueno (RO), o sentimento da família ainda é de incredulidade. Segundo a polícia, o suspeito Gabriel Henrique Santos Masioli tinha um relacionamento extraconjugal com a vítima e decidiu matá-la para não assumir o filho que ela estava esperando.
“Como que um cara mata seu próprio filho? É algo inaceitável, impossível de acreditar”, desabafa um dos familiares que prefere não se identificar.
Em depoimento, Gabriel confessou que imobilizou Antonieli com um golpe de ‘mata-leão’, enquanto eles estavam deitados de ‘conchinha’ na cama. Alguns instantes depois, quando percebeu que ela estava viva, ele foi até a cozinha, pegou uma faca e deu uma única facada no pescoço da vítima.
De acordo com os familiares, praticamente ninguém sabia que Antonieli estava grávida. Um dia antes do crime ela decidiu contar ao suspeito sobre a gestação.
Para a família, é inexplicável a saudade de Antonieli e a dor de imaginar tudo que aconteceu com ela. Agora, o que eles pedem é justiça.
“A pergunta que não sai de nossas cabeças é: por que tamanha brutalidade? O que leva uma pessoa a achar que tem o direito de tirar a vida de outra? Esse doente tirou a vida de uma mãe e de um filho cruelmente”, comentou.
Gabriel ainda relatou à polícia que ela entregou uma caixinha de presente com o teste de gravidez e uma roupinha de bebê escrito “parabéns vovô” e prometeu que depois compraria uma com a frase correta, que seria “parabéns, papai”.
Antonieli tinha 32 anos quando foi morta e deixou um filho de apenas três anos, que agora está sendo cuidado pela avó.
O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil e o inquérito do caso deve ser concluído ainda nesta semana. O g1 e a Rede Amazônica tentam contato com a defesa do suspeito, que foi transferido para Pimenta Bueno após ser preso em Rolim de Moura (RO).
Celular desaparecido
Enquanto as investigações do caso seguem, a polícia está tentando localizar o celular do suspeito de matar Antonieli.
Segundo a Civil, esse aparelho é importante para a investigação porque pode confirmar tudo o que foi dito no depoimento de Gabriel na semana passada.
Ao delegado, durante interrogatório, o suspeito disse que após assassinar Antonieli Nunes, de 32 anos, ele teria recolhido tudo o que tinha tocado na casa (como o celular da vítima e documentos) e depois jogado os itens em um rio de Pimenta Bueno.
Uma equipe de mergulhadores vasculhou alguns pontos de alguns rios na cidade, na tentativa de localizar objetos da vítima e a faca usada no crime, mas nada foi encontrado. Quando se entregou à Polícia Civil, Gabriel estava sem o seu celular pessoal.
A polícia agora tenta saber a localização do dispositivo, para que o celular do suspeito seja periciado.
Visita na igreja
Ainda durante o depoimento dado na semana passada, o suspeito informou que logo após matar Antonieli ele esteve na igreja onde o pai é pastor, em Pimenta Bueno.
No encontro, Gabriel alega ter falado ao pai sobre supostas crises de ansiedade que estava tendo, mas não mencionou sobre ter matado uma mulher instantes antes.
A informação da visita de Gabriel na igreja também é de conhecimento da polícia, que ainda descobriu que na mesma noite o suspeito esteve em uma lanchonete da cidade.
Feminicídio de Antonieli
O corpo de Antonieli foi encontrado na última quinta-feira (3), após parentes irem até uma casa para verificar o que estava acontecendo, pois a mulher não apareceu para trabalhar e nem respondia mais as mensagens de celular.
Ao entrarem na casa, que estava com a porta destrancada, os parentes se depararam com Antonieli morta em cima da cama.
O suspeito do crime, que é técnico de informática, compareceu na delegacia da cidade e confessou que matou Antonieli após dar um mata-leão de conchinha e enfiar uma faca no pescoço dela.
No auto de qualificação e interrogatório feito na sexta-feira (4), Gabriel, contou ao delegado que é casado, mas há 10 meses mantinha um relacionamento extraconjugal com Antonieli, sua também colega de trabalho.
Gabriel disse que o assassinato de Antonieli ocorreu um dia depois dele descobrir sobre a gravidez dela e que a casa onde ocorreu o crime havia sido alugada para eles se encontrarem escondidos.
Como eles trabalhavam na mesma empresa, logo após o expediente do dia 2 de fevereiro ele chamou Antonieli para conversar na casa alugada para eles dois.
Durante esse encontro, a vítima teria perguntado se ele iria assumir a criança, mas Gabriel disse que estava em choque e pediu para a vítima esperar até sexta-feira (4), para que ele pudesse falar sobre o relacionamento deles e sobre a gravidez para sua esposa e familiares.
Gabriel disse que então ficou deitado de ‘conchinha’ e, nesse momento, teria tido uma crise de ansiedade e começou a matar Antonieli. Ele revelou que só parou o mata-leão quando não sentia mais o próprio braço, “de tanto que havia apertado o pescoço” dela.
Protestos
No último fim de semana, moradores de Pimenta Bueno fizeram protestos na frente da delegacia e pediram por Justiça.
O suspeito foi preso na sexta-feira (4), após o Ministério Público de Rondônia (MP-RO) pedir que a Justiça decretasse prisão preventiva para Gabriel. No dia em que esteve na delegacia, Gabriel acabou sendo liberado.