“Ser mulher artista é fantástico”: no Dia da Mulher, acreanas falam sobre ser artista no AC

Sandra, Narjara e Jaqueline são alguns nomes de mulheres que fazem da arte a sua paixão no Acre e, neste dia 8 de março, contaram ao ContilNet sobre o que é ser mulher artista. Mulheres de diferentes idades e segmentos artísticos, essas três artistas falam sobre projetos e experiências.

“Ah, ser mulher é um conjunto de coisas, nós enfrentamos muita dificuldades, temos vitórias também, mas temos muitas dificuldades só pelo fato de ser mulher. Ser mulher artista é poder trocar experiência com outras mulheres levando arte até elas”, assim diz Sandra Buh, artista acreana, nascida em um seringal em Brasileia, no interior do Acre, sobre ser mulher no meio artístico.

Sandra Buh tem 51 anos e, há mais de 30 anos, se denomina artista. Esteve no teatro e no canto desde a escola e a igreja, mas antes disso, já se fazia presente em rodas de contação de histórias no seringal em que nasceu, em dia de farinhada em casa.

“Me denomino artista desde março de 1988, quando entrei em um teatro pela primeira vez e participei do primeiro espetáculo sem ser no âmbito escolar e religioso. Mesmo no seringal, desde criança, eu sempre tive contato com a arte, quando as famílias se reuniam sempre foi rodeado de contação de histórias e música, depois veio a igreja e a escola. Eu sempre fui envolvida com arte”, conta Buh.

Buh é artista há mais de 30 anos. Foto: Sol e Lua Fotografia

Para ela, o que a fez ser artista é acreditar que através da arte pode ser feita uma troca de conhecimento com as pessoas e também há a possibilidade de se expressar e expor as ideias de uma maneira que as pessoas compreendam melhor. De acordo com Buh, as mulheres na arte têm as mesmas lutas que as mulheres em outras profissões, mas que o mercado melhorou em relação a essas questões.

“O mercado de modo geral não é igualitário de forma nenhuma por sermos mulher, nós precisamos nos afirmar todos os dias, nós precisamos nos impor todos os dias, para que haja uma equidade, mas não podemos desconsiderar todas as lutas feitas durante todos esses séculos. Está melhor do que muito antes, mas ainda temos muito a enfrentar e vamos porque somos mulheres. Ser mulher artista é um privilégio, porque eu posso me comunicar com outras pessoas, com a arte eu posso dizer o que eu penso e também receber o que as outras pessoas pensam. Ser mulher artista é fantástico”, afirma.

Sandra Buh viajou todo o Brasil e também conheceu municípios do interior do Acre. Foto: Sol e Lua Fotografia

Narjara Saab, cantora e fotógrafa de Rio Branco, conta que é artista da música do meio do samba e afirma que não é fácil ser mulher artista nesse meio no Acre, pois é dominado por homens. “Não é fácil pois pelo simples fato de ser mulher e isso gera desconforto quando nos destacamos em algo e segundo, porque não vivo exclusivamente da arte e a classe artística trata como inferior ou menos artista aquele que não tem a arte como única fonte de renda”, diz.

Narjara é cantora e fotógrafa em Rio Branco. Foto: Kariane Lins

Saab tem 41 anos e atua desde a escola com arte com capoeira, artes plásticas, teatro até a música, participando do grupo Moças de Samba. Além do projeto solo Solelua Fotografia. “Desde 2015 atuo em projetos que envolvem arte e patrimônio cultural, notadamente o samba e as artes cênicas, cujas temáticas giram em torno do feminismo, liberdade de crença e as causas afro e das mulheres em geral. Foram inúmeros projetos ao longo desses anos, frutos de editais de cultura do município de Rio Branco, do Estado do Acre e também do Banco da Amazônia”, conta.

Foto: Kariane Lins

Para Jaqueline Chagas, de 24 anos, natural de Tarauacá, do seringal Transval, ao iniciar a carreira, não imaginaria que um dia seria subestimada apenas por ser mulher, mas aconteceu diversas vezes. “Hoje eu escolho as pessoas com quem vou trabalhar, porque tenho experiência e currículo para isso, sem precisar humilhar ninguém. O mercado realmente está mais acessível, mas isso não garante que irão respeitar nosso trabalho. Existem mais mulheres fazendo e nem por isso é mais fácil fazer”, diz.

Jaqueline em Afluentes Acreanas, peça escrita pela artista. Foto: Bianca Cabanelas

Jaqueline iniciou os trabalhos artísticos em 2016 e já esteve em mais de 20 trabalhos diferentes como O Baile (2016), O Mambembe (2019), Depois de Dora (2020) e Afluentes Acreanas, que em 2021 venceu o Prêmio Arcanjo de Cultura.

Jaqueline Chagas recebendo o prêmio. Foto: Edson Lopes Jr.

“Não é fácil ser mulher nesse meio, quando entrei nesse mundo sabia que não seria fácil e confesso que por várias vezes pensei em sair, ir pra outro trabalho mais ‘confortável’, mas a gente não escolhe ser artista, somos escolhidos pela arte e não tenho como escapar disso”, afirma Jaqueline, que decidiu cursar Artes Cênicas em 2015, a partir de ‘A Megera Domada’, de William Shakespeare e em 2022 é Licenciada em Artes Cênicas: Teatro.

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