24 de abril de 2024

Corregedoria investiga denúncia de motorista de aplicativo que teria sido preso injustamente e torturado

A Corregedoria da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul investiga o caso de um motorista de aplicativo que alega ter sofrido tortura após ser preso injustamente, em Campo Grande. Diego Cardoso Roberto, 32 anos, afirma que foi abordado por três policiais em uma viatura descaracterizada e preso sem saber o motivo.

Na delegacia, ele afirma ter passado por sessão de tortura com socos, tapas e sufocamento, além de ter sido coagido a confessar que era membro de uma quadrilha que roubava condomínios de luxo na capital.

Diego diz que foi abordado por volta das 6h de quinta-feira (28) quando estava com uma passageira no veículo. “Eles me deram voz de prisão, simplesmente não citaram o motivo, me algemaram e já me levaram diretamente para a delegacia”, relata.

“Na delegacia, eu fui questionado sobre um suposto roubo e suposta quadrilha que eu integraria. Me mostraram a foto de um carro lateral, com um vídeo de um carro que não mostra em nenhum momento a placa do veículo. Nisso começaram as agressões, tapas, xingamentos, momento em que um dos investigadores foi buscar um saco preto e sufocaram a minha cabeça até eu desmaiar. Agressões no meu pé com mangueira, xingamentos, socos”, detalha Diego.

Segundo ele, as agressões duraram horas. “Eu apanhei durante horas até a chegada do delegado, aí que eu fui saber o que seria, que eu estaria envolvido em um crime de condomínio de luxos”, diz.

Segundo o motorista, ele foi agredido com mangueira. — Foto: Reprodução/TVMorena

Segundo o motorista, ele foi agredido com mangueira. — Foto: Reprodução/TVMorena

Álibi

De acordo com o motorista de aplicativo, ele também atua há 12 anos como entregador e auxiliar de cozinha em um restaurante da capital. O advogado dele, Fábio Trad Filho, afirma que o cliente estava em outro local, no momento do crime ao qual foi atribuído.

“Ele estava em aniversário de primos, tem fotos, vídeos e provas cabais disso”, pontua o advogado.

O representante legal do motorista diz que o cliente já esteve no Ministério Público Estadual (MPE), na Corregedoria da Polícia Civil. “Ele fez o exame de corpo de delito, que constatou e comprovou as alegações que ele faz de que sofreu tortura. O próximo passo é apresentar uma representação criminal contra os agentes do estado que praticaram o crime de tortura para que sejam processados nas esferas criminal e cível”, detalha Fábio Trad Filho.

Em nota, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul afirma que o caso está sendo investigado pela corregedoria.

Quadrilha roubava condomínios de luxo

A organização criminosa, a qual Diego afirma ter sido apresentado como membro, é especializada no furto de casas em condomínios de luxo. Integrantes foram presos na quinta-feira (28), pela Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos (DERF), em Campo Grande. O grupo invadiu pelo menos quatro residências e um dos suspeitos chegou, inclusive, a ir para São Paulo para vender as joias furtadas, avaliadas em cerca de R$ 500 mil.

Cinco pessoas foram presas: Bruno Norberto Artur, de 21 anos, Rafael Ferreira Fernandes, de 27, Luiz Gustavo Brunetto, de 24 anos e a mãe dele, Solange Ferreira Lima, de 47 anos, além de Valdeir Pereira de Moraes, de 27 anos.

Algumas peças furtadas foram recuperadas pela polícia — Foto: Geisy Garnes

Algumas peças furtadas foram recuperadas pela polícia — Foto: Geisy Garnes

Segundo as investigações, Luiz Gustavo é cunhado de Rafael Ferreira e tinha um papel fundamental nos crimes. Ele trabalhava como pedreiro nos condomínios e durante o tempo em que permanecia nas obras, observava os locais. Depois, repassava as informações para a quadrilha, que definia a melhor maneira de invadir os imóveis.

Segundo o delegado Fábio Brandalise, em cada condomínio os bandidos entravam de uma maneira diferente. Em um dos casos, por exemplo, usaram uma escada para pular o muro. Em outro, cortaram as grades para ter acesso às casas.

Objetos das vítimas recuperados pela polícia — Foto: Geisy Garnes

Objetos das vítimas recuperados pela polícia — Foto: Geisy Garnes

Já dentro, escolhiam o “alvo” e monitoravam a residência por horas, até terem certeza que estava vazia, só então invadiam. O foco do grupo, segundo Brandalise, eram joias e dinheiro, mas, nas ações levavam também todos os objetos de valor que encontravam, como televisões, computadores, bolsas e até arma de fogo.

A polícia descobriu que além de Luiz Gustavo, a mãe dele, Solange, também participou dos crimes. A polícia conseguiu imagens dela e do filho em um dos furtos.

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