Com inauguração da ponte de Sena, catraieiro que seguiu profissão do pai diz que é hora de descansar

"Não é muito dinheiro, mas o suficiente para ajudar no sustento da família", finalizou

A inauguração da tão aguardada ponte que liga o 1º Distrito ao 2º Distrito de Sena Madureira nesta terça-feira (19) trouxe consigo não apenas a promessa de facilitar o acesso entre as regiões, mas também o fim de uma profissão que marcou a história. Em uma entrevista conduzida pelo jornalista Everton Damasceno, o ContilNet teve a oportunidade de conversar com Valdiberto de Oliveira, 43 anos, que por duas décadas desempenhou o papel de catraieiro, ofício herdado de seu pai.

O catraieiro tem mais de 20 anos trabalhando no local.Foto: Juan Diaz

Com 20 anos dedicados à profissão, ele compartilhou como iniciou seu trabalho, seguindo os passos de seu pai no mesmo lugar em que hoje a ponte que leva o nome do padre Paolino Baldassari, se encontra.

“Eu trabalhei com o meu pai e depois que eu parei de trabalhar com ele. Continuei, né?! O meu pai era catraeiro aqui nesse mesmo lugar, então eu continuei trabalhando”, explicou Valdiberto.

Centenas de pessoas usavam a catraia para atravessar de um lado para outro do rio. Foto: Juan Diaz

Ao abordar a inauguração da ponte, o jornalista perguntou sobre os sentimentos ambíguos que o evento traz ao catraeiro. Valdiberto reconheceu que, embora seja uma mudança positiva para a cidade, também representa o fim de uma era em sua vida.

“É assim mesmo né?! É hora de parar. Tem o começo e tem o fim de tudo. E aí vai seguir a outra vida agora, que não sei como será”, refletiu.

Valdiberto compartilhou detalhes sobre sua vida, revelando que é casado, pai de dois filhos e morador do bairro Jardim Primavera, no primeiro distrito de Sena Madureira.

“É momento de descansar e buscar outro emprego”, disse o catraeieiro. Foto: Juan Diaz

“Vou ver o que fazer agora, descansar e parar para pensar em um novo emprego, que ainda não tenho, infelizmente”, explicou.

Questionado sobre a quantidade de pessoas que transportava todos os dias, Oliveira disse que nunca conseguiu contar, mas afirma que são mais de 100 moradores indo e voltando diariamente, de um lado para o outro do rio. O valor, apesar de não ser considerável, de acordo com ele, era o suficiente para ajudar no sustento da família. Uma travessia custava R$ 1.

“Não é muito dinheiro, mas o suficiente para ajudar no sustento da família”, finalizou.

Além do barco de Vadibelto – que era o único particular -, também existia à disposição da população uma catraia da Prefeitura de Sena Madureira, gratuita.

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