Quem ocupa uma vaga de deputado federal na Câmara, a partir de 2025, é o atual presidente da Federação das Indústrias do Acre (Fieac), José Adriano. Ele assume a cadeira que será deixada pelo deputado Gerlen Diniz (Progressistas), que venceu as eleições de 2024 e será prefeito de Sena Madureira pelos próximos quatro anos.
Em 2022, quando concorreu ao cargo, José Adriano recebeu 10.623 votos.
Empresário, tecnólogo em Construção Civil e licenciado em Matemática pela Universidade Federal do Acre (Ufac), com MBA em gestão de projetos, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), José Adriano tem 58 anos, é natural de Rio Branco e já disputou o cargo também em 2018 pelo PDT, quando obteve 6.258 votos.
O ContilNet procurou o presidente da Fieac nesta semana para uma entrevista sobre o novo desafio que vai colocá-lo como membro da bancada federal do Acre.
José Adriano falou sobre projetos polêmicos que estão em discussão na Câmara – como o que prevê o fim da escala 6×1 -, relações com os Governos Federal e Estadual, além de suas bandeiras principais. Ele se considera o deputado que vai lutar pela classe empresarial do Acre.
CONFIRA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA:
Como foi para você receber a notícia de que vai ser deputado federal pelo Acre, após a vitória de Gerlen Diniz?
A gente trabalhou e torceu muito pela vitória do Gerlen, e agora a gente recebe esse presente que é trabalhar por dois anos pelo setor produtivo. Nossas pautas são exageradamente urgentes e o nosso foco vai ser esse: infraestrutura, habitação, melhor ambiente de negócios com segurança jurídica voltada para o setor produtivo, parcerias com as prefeituras e Governo para atender as demandas da popução, etc. Vamos interagir com os programas do Governo Federal para a gente aquecer a área de produção agrícola, por meio do pequeno produtor. Temos projetos de pontes de concreto, melhorias de ramais, etc. Temos uma lista muito grande de obras. Tudo o que estiver linkado com o desenvolvimento será nosso foco de trabalho. Queremos uma relação muito próxima com o Governo do Estado para tentar ajudar e contribuir com o máximo que podemos.
Você vai entrar no Congresso Nacional no momento em que pautas polêmicas estão em evidência, como a que pretende acabar com a escala 6×1 de trabalho. Como vai se posicionar diante delas?
Não só diante dessa [contra a escala 6×1], mas diante de todas as outras, o que nós queremos é manter um equilíbrio. Isso é: não enveredar pelo discurso reacionário e reativo, longe dos extremos. Precisamos olhar para a realidade, para nossa economia e entender como é empreender nesse país. Então, como estou diretamente relacionado à classe empresarial, é natural que eu tenha uma visão ampliada dos três setores, principalmente do quarto setor. Nossa realidade econômica do Acre em relação ao restante do Brasil já é assombrosa, imagina do Brasil em relação ao restante do mundo. Por isso, pensar sobre escala de trabalho aqui demanda uma sobriedade e uma cautela muito grande. Já temos uma proposta do Sistema S e do setor privado, mesmo com algumas divergências, e ela mostra que temos que analisar tudo com cuidado. Uma delas propõe que a gente veja um cadenciamento disso e, ao invés de 6×1, que seja 5×2, mas nada além disso, nesse momento, para que a gente não tenha um impacto tão grande e prejuízo ao setor. A outra proposta é que a gente decida sobre isso a partir das convenções coletivas, que já um instrumento muito bem estabilizado.
Integrantes da bancada federal têm seus posicionamentos ideológicos e se posicionam contra ou a favor do Governo. Qual será sua postura?
Eu apoio meu estado. Não sou a favor dos extremos. Existe muito isso de querer rotular você dentro de um posicionamento pragmático, que tem tudo a ver com esse formato ideológico. Eu não trabalho assim, mas de forma objetiva. Aquelas pautas de interesse do Governo que estão de acordo com a necessidade da população eu vou apoiar, independente do posicionamento ideológico. O que for de interesse do partido, a gente segue o partido. Mas o partido nos deixa bem à vontade em relação a isso. O nosso partido [PP] está mais dentro do Governo do que em situações anteriores, então, acho que não teremos problema em relação a isso. Sobre essas pautas bombas, não adianta me instigar. Vou analisar com as instituições que represento e vou votar de acordo com o que penso ser justo e necessário para o progresso do Acre.
Você se classifica, então, como o deputado que vai lutar pela classe empresarial do Acre?
Isso. É o meu posicionamento claro, objetivo e muito cristalino. Precisamos ter uma compreensão de que o estado deve fortalecer esse setor e não podemos depender exclusivamente de recurso público, ainda que ele seja necessário. Essa necessidade de ficar rezando para que o pagamento do funcionário não atrase, pra que o mundo não desabe, deve ser trabalhada para que a gente não pereça.
Como você quer que seu mandato seja lembrado pela população?
Essa é uma pergunta difícil. Eu quero trabalhar no víeis da entrega, ser produtivo. Quero fazer muitas entregas e não me limitar às emendas parlamentares e ser lembrados por realizações. Como venho pautando minha vida empresarial com a celeridade, quero ser lembrado como deputado da mesma forma.