Jair Bolsonaro pode começar o próximo ano com a maior greve de servidores da história. A possibilidade é reeditar a paralisação geral ocorrida em 2012, ainda no governo Dilma Rousseff, quando os sindicatos aderiram em massa ao movimento em busca de reajustes salariais.
A avaliação é do presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado, Rudinei Marques, que vê os servidores públicos hoje contra a parede. “A única forma de protesto vai ser reeditar o que fizemos em 2012, com a maior greve da história do serviço público”, disse.
O barril de pólvora explodiu depois de Bolsonaro sinalizar reajuste só para os órgãos de segurança pública: Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Departamento Penitenciário Nacional. No momento, a Receita Federal é quem encabeça o movimento, com a entrega de centenas de cargos de chefia, que não serão reocupados.
Outras categorias, entretanto, já sinalizaram adesão ao movimento iniciado pelos auditores fiscais. “De saída, Bolsonaro conseguiu a unidade das carreiras”, resumiu Marques. Essa unidade é o ponto crucial para qualquer movimento de greve coordenado entre vários sindicatos.
Apesar da possibilidade de greve ter surgido somente agora, Bolsonaro criou as condições para tanto desde que iniciou seu governo ao interromper completamente a interlocução com sindicatos de servidores.
No governo Lula, o então Ministério do Planejamento criou uma mesa permanente de discussão com representantes das categorias, o que permitia distensionar o ambiente. Essa mesa foi encerrada no governo Bolsonaro, o que fez com que os sindicatos precisassem passar pelos ministros para tentar encaminhar pleitos das categorias.
“Os ministros, que deveriam lutar pela defesa das suas carreiras, estão lavando as mãos e não querem se incomodar com o presidente Bolsonaro”, disse Marques.