Acreanos concorrem a prêmio Jabuti com publicações sobre a natureza amazônica

Floresta, lugar de Ciência

O Brasil conhecerá nesta quinta-feira (19) os vencedores do prêmio Jabuti deste ano. As chances da premiação ser comemorada no Acre aumentaram este ano com a participação dos livros “Serpentes Peçonhentas e Acidentes ofídicos no Brasil”, de autoria do professor Paulo Bernarde, do Campus Floresta da Universidade Federal do Acre e “Una Isi Kayawá”, organizado pelo pajé Agostinho Iká Muru, do rio Jordão, em parceria com Alexandre Quinet, taxonomista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Os dois livros estão entre os dez finalistas na categoria Ciências da Natureza, Meio Ambiente e Matemática.

O livro “Serpentes Peçonhentas e Acidentes ofídicos no Brasil” é o quarto livro do Herpetólogo Paulo Sérgio Bernarde. Suas 224 páginas são ricamente ilustradas com cerca de 330 fotografias das diferentes espécies de serpentes peçonhentas de todo território nacional.

A ideia principal do livro é apresentar informações científicas para um público leigo, através de uma linguagem mais acessível, despertando o interesse de um público para além da academia. Além de seu próprio trabalho de pesquisa, iniciado ainda em 1994, Paulo Bernarde acrescentou ao livro extenso material bibliográfico.

Apesar de ter iniciado seus estudos em herpetologia ainda no interior de São Paulo, passando pelo Paraná, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, o professor reconhece que suas pesquisas passaram a se concentrar na região Amazônica a partir de 2001 e destaca que a carência de pesquisa, apresenta um campo vasto de estudos. “Ainda é um ‘nicho’ a se preenchido”, explica.

Sobre o porquê deste ‘nicho’ de pesquisa ainda não ser totalmente ocupado por pesquisadores, Paulo aponta a falta de recursos como principal entrave.  “Os editais do governo não contemplam todas as áreas de pesquisa”, explica.

Una Isi Kayawá

Outro livro que está entre os dez finalistas da mesma categoria do prêmio Jabuti deste ano é o Livro da Cura Huni Kuin, ou Una Isi Kayawá, como é denominado na língua hatxa kuin.

Escrito pelos pajés Huni Kuin do Jordão em parceria com o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o livro descreve 109 plantas e seus tratamentos dentro do conhecimento tradicional do povo Huni Kuin.

Um diferencial, é que além de retratar parte da biodiversidade, o livro realiza uma experiência no campo do etno-conhecimento e no diálogo entre os saberes científico e tradicional.

O livro traz ricas ilustrações feitas pelos próprios Huni Kuin, além de prescrições, cantos e histórias que permeiam o etno-conhecimento sobre as plantas medicinais e suas diferentes utilizações.

“O maior resultado do livro é o reconhecimento de uma matriz de pensamento indígena que tem a generosidade de compartilhar este conhecimento”, explica Ana Dantes, editora do livro.

Tem 260 páginas e foi editado pela Dantes Editora.

*Leandro Altheman é jornalista e escritor do livro “Muká, A Raiz dos Sonhos” – um relato vivencial do processo de formação dos pajés yawanawá. ([email protected])

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