Nikolas Ferreira defende que empresas discriminem LGBT: “Não é homofobia”

Sem novidades, o deputado mineiro publicou uma série de vídeos com um discurso bizarro sobre homofobia

Sem nenhuma novidade, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) correu para defender a gráfica que se recusou a fazer convites para um casamento LGBT e ainda sacramentou: “não é homofobia”.

Em uma série de stories publicados em seu perfil no Instagram, o deputado elaborou um discurso bizarro, mas que não é novo, onde busca construir uma diferenciação entre “militantes” e “comunidade LGBT”. Tal prática é utilizada há muito tempo pelo pastor Silas Malafaia.

Nikolas Ferreira defende que empresas discriminem LGBT: “não é homofobia”/Foto: Reprodução

“Basicamente eles se recusaram a fazer um convite de casamento para um casal homossexual. Eles estão sendo cancelados, acusados de homofobia, sendo que homofobia não é simplesmente uma recusa de fazer um convite de casamento. Homofobia é uma aversão ao homossexual. A homofobia, de fato, a pessoa tem que ser condenada, e que não é o caso. A gente sabe que, basicamente é uma militância em cima de pessoas que estão trabalhando, que têm ali o seu ganha pão”, inicia Nikolas Ferreira, condenado por transfobia e que quer ensinar o que é… homofobia.

Em seguida, o deputado elabora um discurso que visa incitar o ódio contra as LGBT, pois, de acordo com o raciocínio de Nikolas Ferreira, a busca pela responsabilização de atitudes LGBTfóbicas, se não for contida, pode se tornar uma ameaça social. “Agora é com eles e daqui a pouco é com você, com o seu pai, com o seu irmão e eu não quero que isso aconteça”.

Em seguida, Nikolas Ferreira faz uma distinção fictícia entre “homossexuais” e “militância”: “A principal diferença entre homossexuais e militância LGBT: um quer a aceitação e o outro quer a imposição. Inclusive, essa semana recebi essa mensagem de uma pessoa homossexual que eu apoiei para um cargo importante do CREA, ou seja. As narrativas caem quando ficam falando que a gente é contra os homossexuais, pelo contrário. Se você ver, são diversos casos pelo mundo inteiro, desde 2018”, aqui o deputado traz um caso de um confeiteiro nos EUA que se recusou a fazer bolo para um evento LGBT. Porém, o parlamentar esquece que no país em questão a discriminação homofóbica não está tipificada como crime.

Posteriormente, o deputado compara uma atividade comercial com a prática de fé ao colocar o fato de que pastores e outros religiosos se recusam a realizar casamentos LGBT e, por fim, afirma que a luta pelos direitos civis LGBT é uma ameaça à liberdade religiosa.

“Básicamente: ou o cara nega a fé dele ou ele é multado e pode ir para a cadeia. Ou seja, isso não é aceitação, é impor algo, até mesmo porque se eu peço para a pessoa acreditar na Bíblia e ela diz que não e eu imponho, isso não é democracia, é imposição. Ou seja, é isso o que eles estão fazendo e por isso eu bato tanto nessa tecla: isso diz respeito à nossa liberdade, mas principalmente à liberdade religiosa”, finaliza Nikolas Ferreira.

Cabe destacar que: nunca foi sobre obrigar religiões a mudarem seus preceitos, mas sempre ao combate do discurso de ódio e discriminação, coisa que o deputado sabe muito bem, visto que é um condenado por transfobia.

Gráfica se recusa a fazer convite para casamento LGBT

Um casal gay fez contato com uma gráfica para orçar convites para o casamento, no entanto, o que era para ser o início de um grande ato de celebração, resvalou para o crime de homofobia, visto que a empresa Jurgenfeld Ateliê declarou que não faz convites para homossexuais.

Cabe lembrar que em 2019 o Supremo Tribunal Federal (STF) equiparou a homofobia ao crime de racismo (Lei do Racismo, 1988). Portanto, a discriminação por orientação sexual pode resultar em penas que vão de 2 a 5 anos de prisão.

Na resposta da empresa, um dos rapazes do casal recebeu o seguinte texto: “Oi Henrique, tudo bem? Peço desculpas por isso, mas nós não fazemos convites homossexuais. Seria bacana você procurar uma papelaria que atenda sua necessidade. Obrigado”.

“É com grande decepção que expressamos nossa profunda insatisfação com a recusa em fornecer serviços para nosso casamento, simplesmente por sermos um casal homossexual”, respondeu o casal à empresa que os discriminou.

Uma amiga do casal tornou o caso público e, após a repercussão, os proprietários da empresa publicaram um vídeo e falaram em “heterofobia”.

“Nós não fazemos casamentos e nem eventos homossexuais […] hoje foi a gota d’água. Nós dissemos que não, que não iríamos realizar nenhum tipo de casamento homossexual e fomos, de certa forma, retaliados por um casal que não aceitou a nossa posição e tem de fato feito alguns comentários aqui no nosso Instagram […] dizendo que homofobia é crime. Eu sei que esse vídeo pode fazer com que algumas pessoas nos deixem de seguir […] não estamos preocupados com isso”, declararam os proprietários da empresa.

Na legenda que acompanhava o vídeo, que foi deletado, os responsáveis pela empresa também falaram em “heterofobia”. “Existe ‘heterofobia’? Taí uma pergunta que deveria ser introduzida nos livros de filosofia deste século diante de tantas barbaridades que temos visto”.

Henrique e Wagner, o casal discriminado pela empresa, vão registrar um boletim de ocorrência. A reportagem da Fórum entrou em contato com o ateliê pelos números disponíveis, mas não obteve retorno. O espaço segue em aberto.

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