Enquanto amargamos reajustes, partidos terão R$ 2,48 bilhões pra campanha eleitoral

Memoriol

O grande problema do brasileiro é a memória curta. Bastaria que todos tomassem uns frascos de Memoriol para lembrar que as passagens de ônibus tendem a subir às vésperas das eleições ou logo depois delas.

Passeio pelo passado

Foi assim em 2014, mais precisamente em dezembro, quando o petista Tião Viana já havia sido reconduzido ao segundo mandato. A passagem saltou de R$ 2,40 para R$ 2.90.

Dez centavos

Em dezembro de 2015, portanto a menos de um ano das eleições que reconduziram ao cargo de prefeito da Capital o petista Marcus Alexandre, houve novo reajuste no bilhete – que passou de R$ 2,90 para R$ 3.

Nova garfada

Em fevereiro de 2017, quando Marcus Alexandre já havia sido reconduzido ao cargo nas eleições do ano anterior, a passagem de ônibus foi majorada em 50 centavos de real, passando a R$ 3,50.

O preço da esperteza

Eis que neste mês o acreano ficou sabendo que passará a pagar R$ 4,03 para andar nas latas velhas das empresas beneficiadas pelo poder público municipal com a permissão de explorar o serviço de transporte coletivo.

Mão amiga

Ah, mais um detalhe: em fevereiro de 2015, as empresas de transporte coletivo da Capital receberam um presentaço do petista Marcus Alexandre: ele assinou decreto de isenção do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), válido até o final 2016. Em troca, a frota de ônibus deveria ser renovada.

Recado aos tolos

A coluna quer, portanto, lembrar ao eleitor – sim eleitor mesmo – que R$ 50, valor que os trouxas fazem questão de receber durante a campanha, são suficientes para dar 12 voltinhas de ônibus pela cidade. E ainda sobra 1 real e 61 centavos.

Alternativa viável

A propósito, com o preço da gasolina a 5 reais, e o da passagem de ônibus a pular para R$ 4,03, este colunista talvez siga o conselho de um arguto internauta, cuja sugestão foi a de que a melhor saída é comprar um jugue. Alguém por acaso tem algum pra vender?

Efeitos colaterais

A proibição de financiamento empresarial a candidatos e partidos – regra que figura na atual legislação eleitoral, aprovada pelo Congresso neste ano – não apenas levou o governo a remanejar recursos de setores-chave da administração pública, como engordou o caixa de campanha dos partidos, incluindo os nanicos.

Salgado como bacalhau

Como bem sabe o leitor, foram destinados mais de R$ 1,7 bilhão dos cofres públicos para a campanha deste ano. Como o Tribunal Superior Eleitoral decidiu liberar mais R$ 780,3 milhões do fundo partidário, a fatura – que será paga por nós, claro – subiu para módicos R$ 2,48 bilhões.

Parece brincadeira

Em termos proporcionais, os maiores beneficiados pela mudança na lei eleitoral foram PCB e PSOL. A receita do primeiro cresceu mais de 3.000%, enquanto a do segundo será superior a 2.400%.

Primos ricos

Em números absolutos, MDB, PT e PSDB são os maiores beneficiados. Junto com mais sete siglas, as referidas legendas terão direito a R$ 1,260 bilhão dos recursos do fundo partidário, o equivalente a 73,5% do total.

Aos poderosos, as batatas

Mas é preciso explicar que, apesar disso, os grandes partidos tiveram prejuízo com a mudança, em comparação ao montante a que tinham direito nas eleições de 2014.

Atrativo

Eis, portanto, mais uma razão para que pequenas e inexpressivas legendas tenham se tornado tão atraentes aos olhos dos candidatos espertalhões.

Tendência

E se antes havia aqueles que entravam na disputa eleitoral só pra encher o bolso de dinheiro, pouco importando quantos votos teriam no dia da votação, agora a tendência é que essa corja de malandros se multiplique.

Responsabilidades

Quanto a isso, o eleitor nada pode fazer – não obstante a obrigação de escolher com cuidado seus representantes políticos. Cabe aos partidos, portanto, não permitir que os mandriões engordem a conta bancária fingindo disputar um mandato.

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