Opinião: “As pequenas corrupções do cotidiano”

“Vivemos uma década que trouxe à tona o pior – e o melhor – das instituições brasileiras. Enquanto a classe política levava ao extremo os seus desmazelos, com escândalos de corrupção a torto e a direito em diversas escalas da vida pública, começamos a enxergar uma luz no fim do túnel com trabalhos irrepreensíveis da Polícia Federal em operações como a Lava Jato, que expuseram as entranhas do país de uma forma nunca antes vista. Mais do que nunca, nos enxergamos como povo e tivemos a certeza: uma mudança precisava chegar.

Desde 2013, quando o povo brasileiro tomou as ruas clamando por um desejo de mudança, nossa nação passou a viver uma instabilidade e uma polarização que deixaram claros os valores éticos e morais de boa parte das pessoas que nos cercam. No entanto, a qual propósito serve uma reflexão tão profunda, senão repensarmos os trajetos para onde estamos indo?

Assim como a pirâmide das grandes corrupções – em que escândalos maiores geram abertura na política para um efeito cascata de roubalheira – as pequenas corrupções têm um papel decisivo no cotidiano e evolução das nossas vidas, assim como a de nossos filhos.

As pequenas corrupções têm um papel decisivo no cotidiano e evolução das nossas vidas, assim como a de nossos filhos

Muitos enxergam no novo governo, oriundo de uma escola rígida e disciplinada como é a militar, um sopro de novidade e até de autoridade necessária para esses tempos; mais do que conhecimento e democracia, precisamos também de pulso firme para contornar a tragédia que é o que a política se tornou aos olhos da opinião pública.

A economia irá reagir, sim, com novos investimentos em infraestrutura, geração de empregos e saneamento básico em áreas carentes do nosso Brasil, ainda com tanto a ser desbravado. Porém, é necessário ter em mente uma questão: nosso presidente não resolverá sozinho todos os problemas do dia para a noite, principalmente as complicações cotidianas geradas por pequenas corrupções.

O irônico de tudo é que, de forma geral, o brasileiro dispensa à classe política um tratamento que não desenvolve em sua própria vida. O famoso “jeitinho brasileiro” não foi cunhado à toa: temos uma infeliz tradição de tentar levar vantagem em qualquer situação na vida. Não se trata de um problema moral, mas, sim, cultural: é resultado de séculos de situações que nos levaram a criar, no inconsciente coletivo, a necessidade de sempre sairmos levando a melhor.

Quem em 2019 saibamos que Jair Bolsonaro precisa de tempo e, acima de tudo, colaboração para transformar tudo que está aí. Nosso dever, como cidadãos, é de nos unirmos em prol de uma nação que mereça estar onde está, em que a segurança, a saúde e a educação sejam os pilares de uma sociedade calcada nos eixos mais puros da honestidade, transparência e empatia.

Esther Cristina Pereira é presidente do Sindicado das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR) e diretora do Colégio Atuação.

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