22 de abril de 2024

Estudos sinalizam que a fé pode ajudar a superar doenças

Cientistas de todas as partes do planeta se debruçam em estudos na tentativa de entender melhor a relação entre a fé e a superação de doenças. Constantemente alvo de controvérsias, a influência da espiritualidade no processo de tratamento de pacientes já é admitida até mesmo por médicos que sempre adotaram uma postura cética em relação ao assunto. Um estudo realizado na Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, mostrou que a religiosidade fortalece pacientes que lutam contra o câncer. Nos Estados Unidos, uma pesquisa desenvolvida pela Universidade de Duke, na Carolina do Norte, comprovou que pacientes que se valem de práticas religiosas apresentam 40% menos chances de sofrerem depressão durante o tratamento não apenas do câncer, mas das doenças em geral. Ao que tudo indica, a fé representa um reforço para o sistema imunológico.

O trabalho na USP foi coordenado pela psicóloga Joelma Ana Espíndula, que entrevistou pacientes em tratamento contra o câncer e profissionais da oncologia do Hospital Beneficência Portuguesa, de Ribeirão Preto. A proposta era entender de que maneira a vivência da religiosidade e da fé influencia no destino de quem enfrenta o mal. “Também apuramos como as equipes médicas enxergam esse aspecto que, sem dúvida, revigora o paciente. O estudo foi qualitativo, trabalhamos com um universo de 30 pessoas, mas analisamos a fundo o valor e o efeito dessa virtude na vida delas”, explica.

Para a psicóloga, os relatos demonstram que os pacientes encaram a religião como um apoio, um fortalecimento espiritual que atenua incertezas, dores e conflitos. A pesquisadora observa que a fé, como o sentimento que faz a mediação entre Deus e as pessoas, ainda não é totalmente compreendida pela ciência, mas é um mecanismo constatado diariamente pelos médicos nos hospitais. “Todo homem carrega dentro de si o sentido religioso. Pacientes com câncer não perdem somente a saúde. A autoestima, autonomia, integridade e inúmeras qualidades pessoais e sociais são abaladas. Mesmo aqueles que não têm religião passam a sentir necessidade de buscar uma crença, porque sabem que ela pode dar poder ao corpo e à alma”, diz.

Ao lado da ciência
O pneumologista Blancard Torres, titular do Departamento de Medicina Clínica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e autor do livro Doença, fé e esperança, não tem dúvidas: o paciente que tem fé incorpora em si a certeza da recuperação, aumentando a imunidade e as chances de resposta positiva ao tratamento. “Quando a ciência e a religião andam juntas, o combate aos males torna-se viável, a evolução do tratamento é completamente diferente do padrão observado em quem não têm espiritualidade, não acredita em bons resultados”, observa. O médico relata que, em determinada ocasião, participou da equipe que tratava dois pacientes com câncer de pulmão em estágio avançado — quando as chances de cura são remotas (menos de 5% sobrevivem por mais de cinco anos após o diagnóstico).

O protocolo de tratamento utilizado em ambos foi o mesmo. O paciente que conseguiu vencer o câncer foi justamente aquele que tinha fé, que encontrou na religiosidade uma grande aliada. “E isso não importa a crença, o fundamental é que a pessoa se fortaleça em algo que a coloque em posição superior para lutar pela vida. A força interior da pessoa promove a resistência do organismo”, considera Torres.

Segundo o especialista da UFPE, a fé e o positivismo dos médicos também contribuem para fortalecer o paciente. Se a pessoa doente se vê diante de um profissional que valoriza a força espiritual e entende que a medicina pode andar de mãos dadas com a religião, as chances de superação se multiplicam. “Quem tem e segue uma crença, busca energia em um ser superior, fica menos vulnerável a sensações ruins e mais forte para ajudar e ser ajudado”, garante. A psicóloga da USP ressalta que metade dos profissionais de saúde entrevistados não segue qualquer religião. Porém, todos reconheceram a importância do credo e da fé para o paciente e sua família. Ela alerta que é fundamental entender que essas virtudes jamais devem substituir o tratamento medicinal, mas sim servir de sustentação, proteção. “Escutei depoimentos de médicos que se impressionaram com a reviravolta de alguns casos. Um deles relatou que ficou atordoado com um paciente de fé inabalável que, considerado morto pelos oncologistas, voltou a respirar sem qualquer explicação científica”, revela Joelma.

Surpresas
A dona de casa Adriana Alves dos Santos, 38 anos, impressionou a equipe que tratou de seu caso, em Brasília. Um câncer de colo de útero, descoberto em meados de 2004, a deixou completamente abalada. A doença preocupou os médicos de forma especial porque Adriana passou por um transplante de rins há duas décadas e, com a imunidade muito comprometida, não poderia receber a quimioterapia. Alguns profissionais se mostraram completamente pessimistas e indicaram que as chances de superação eram mínimas. “Sempre fui muito religiosa. Mas, ao saber do câncer, me apeguei ainda mais a Deus, que nunca me abandonou. Rezava muito e pedia para Ele decidir o melhor por mim. Quando consegui aceitar a doença, percebi que tinha forças para lutar. Nesse momento, senti a presença de Deus ao meu lado. Eu não estava sozinha”, conta.

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