Membros do governo negaram, nesta sexta-feira, que o assassinato de um homem negro em um supermercado em Porto Alegre tenha sido motivado por racismo, afirmando, inclusive, que não há esse preconceito no país. As declarações foram dadas pelo vice-presidente Hamilton Mourão e pelo presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo.
O vice-presidente Hamilton Mourão classificou como “lamentável” a morte de João Alberto Silveira Freitas, que foi brutalmente espancado até a morte por dois seguranças brancos, porém disse não ver racismo no caso, porque, de acordo com ele, não há racismo no Brasil.
Inicialmente, Mourão afirmou que a equipe de segurança do local estava “totalmente despreparada”:
— Lamentável. A princípio, a segurança (estava) totalmente despreparada para a atividade que tem que fazer — disse o vice-presidente, ao chegar no Palácio do Planalto no início da tarde desta sexta-feira (20).
Questionado se via racismo no caso, respondeu que isso é algo que tentam “importar” para o Brasil:
— Não. Para mim, no Brasil não existe racismo. Isso é uma coisa que querem importar aqui para o Brasil, não existe aqui.
Em seguida, reforçou que não vê racismo no Brasil e fez uma comparação com os Estados Unidos.
— Eu digo para você com toda tranquilidade: não tem racismo. Eu digo isso para vocês porque eu morei nos Estados Unidos. Racismo tem lá. Eu morei dois anos nos Estados Unidos. Na minha escola, que eu morei lá, o pessoal de cor, ele andava separado. Eu nunca tinha visto isso aqui no Brasil. Saí do Brasil, fui morar lá, adolescente, e fiquei impressionado. Isso no final da década de 60. Mais ainda: o pessoal de cor sentava atrás no ônibus, não sentava na frente. Então, isso é racismo. Aqui não existe isso. [Capa: Reprodução/Redes sociais]