Lugar de mulher: artistas acreanas que você precisa conhecer

“Fala que não é trap porque eu sou mulher, vê se tu me respeita […] Cês subestimam porque eu sou mina, mas primeiramente eu sou preta!” Esse é um dos trechos mais marcantes da música Bratz da rapper brasileira Ebony. A música elucida a existência interseccional de gênero e raça, dois sistemas de opressão distintos, ambos existentes em nossa sociedade.

Nesta semana, começo a coluna com estes versos por um motivo especial: daremos visibilidade para as artistas pretas do nosso estado. Seguindo a continuação do Foco na cena, conheceremos seus trabalhos e vivências. A cena é preta, a cena é nossa!

HELLEN LIRTÊZ – A POETISA DA REVOLUÇÃO
Hellen Lirtêz é uma mulher afro-indígena, fotógrafa, artista visual e plástica. Acadêmica de jornalismo na Universidade Federal do Acre – UFAC e integrante da Academia Juvenil Acreana de Letras – AJAL, participa do Núcleo de Estudos Afro-Indígenas (NEABI) e do coletivo de mulheres poetas Laboratórios Poetisas.

Fundadora do Slam da Baixada no bairro Sobral, já integrou no Slam das Minas – Acre, ficando em 3° lugar na competição estadual e na etapa nacional em dupla (ambas realizadas em 2018).

Desde seus oito anos escreve poemas, contos e crônicas. A partir do seu contato com o SLAM, passou a fazer apresentações poéticas e palestras em órgãos públicos (OAB e defensoria pública). Sua escrita serve de ferramenta política para a busca dos direitos de todos. Confiram o trampo da Hellen acessando @uma_acreana.

“Ser uma menina negra no Norte sempre é um desafio. Você precisa passar por dados e estáticas, além dos estereótipos. O Acre tem dificuldade em reconhecer a Amazônia negra que vive nele, logo, sentimos o racismo com a rejeição de nossa arte.”

GEOVANA LATER – A POESIA VIVA
Geovana Later é cantora, dançaria, atriz e poeta. Atualmente é estudante de Artes Cênicas – Teatro na Universidade Federal do Acre – Ufac. Em 2019 venceu a quinta edição do Slam das Minas (municipal), ficando ainda em terceiro lugar na competição estadual.

A artista desde pequena demonstrou interesse e fascínio pelas artes. Já realizou várias apresentações artísticas como cantora e dançarina, através de eventos e shows, incluindo espetáculos em circo.

“Acredito que a arte preta vai muito além de mostrar quem eu sou, ela também é uma chave de entrada pra jovens que assim como eu, possam se identificar e se inspirar no meu trabalho. A arte na cultura negra vai além do entretenimento, ela move estruturas e literalmente transforma vidas!”

MELISSA CARDOSO – DEUSA DA POESIA
Melissa Rodrigues Cardoso tem 16 anos e faz poesia desde os nove. Participou de olimpíadas poéticas desde a pré-adolescência e atualmente faz parte do coletivo Poetas Vivos. É slammaster (categoria dentro do Slam) sendo vencedora da sétima edição que foi realizada.

Sobre ser negra e artista, Melissa Cardoso pontuou:

“Não é uma questão fácil de ser debatida, pois a sociedade construiu uma ideia de que pessoas pretas são apenas “pretos”. De que não somos merecedores de algum cargo importante ou que não temos capacidade de crescer profissionalmente. Além da sociedade nos apontar que não somos merecedores de crescer com nossos talentos, o estado em que vivemos não se mostra interessado em visibilizar os nossos trabalhos artísticos, seja poesia, música, pintura e afins. O alvo da invisibilidade desses trabalhos/conteúdos somos nós negros, isso querendo ou não, gera um desânimo pra nós, criando várias perguntas na cabeça “o que estou fazendo de errado?”, sendo que não há nada de errado conosco. “

Confira um vídeo poético de Melissa Cardoso:

https://www.instagram.com/tv/CDE64WWD7o_/

Melissa Cardoso reitera a importância da divulgação da arte negra, afirmando que pessoas brancas podem ser aliadas (sem calar a voz de pessoas pretas).

“Eu até entendo que meu conteúdo, minhas poesias afetivas/marginais tem uma representação dos nossos ancestrais, do amor mono-racial, e da nossa realidade na periferia. É um protagonismo apenas de nós pessoas negras, mas é um conteúdo que pode ser divulgado por pessoas brancas, que além de aprender algo com o que temos a dizer, consegue nos tornar mais visíveis, sem calar nossa voz. “

Finalmente saiu a continuação do Foco na cena, o que acharam? A proposta é que este quadro se torne recorrente na coluna para que a cena preta continue sendo apresentada e reconhecida. Sempre estarei trazendo referenciais de cultura negra (local e nacional), além de opinar sobre trabalhos artísticos. Eu sou Natan Di França e esta foi a Arte & Cultura desta semana! A cena é nossa!

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