23 de abril de 2024

Cinco de sete cidades com mais vacinados no país têm 2ª onda mais leve

A vacinação caminha a passos lentos no Brasil: menos de 10% da população está imunizada. Essa não é, entretanto, a realidade de todas as cidades do país. Em sete municípios, mais de um terço dos habitantes já tomaram pelo menos uma dose da vacina. Já o total de aplicações em relação à população é superior a 50% em oito localidades.

As informações são do Ministério da Saúde e foram analisadas pelo (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles. Elas levam em conta os dados disponibilizados até a tarde de segunda-feira (5/4).

O mapa a seguir mostra o percentual de doses do imunizante aplicadas em relação à população. Quanto mais intenso o tom de vermelho, maior o percentual.

O primeiro lugar é de um pequeno ponto vermelho bem à direita do mapa. Lá fica Marcação (PB), município litorâneo com 8,6 mil habitantes, de acordo com a última estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A cidade está em primeiro lugar porque 77,5% da sua população é composta por índios Potiguaras. Das 6,3 mil vacinas aplicadas nos moradores de Marcação, 5,9 mil foram em indígenas. Isso representa 93% do total de doses do imunizante destinadas ao local.

Quando se leva em consideração o percentual de habitantes que já recebeu a segunda dose, Marcação também está em primeiro lugar. Nesse caso, são 31% da população, ou 2,7 mil pessoas. Para que alguém seja considerado imune à doença, são necessárias as duas aplicações do imunizante. Por isso, a segunda onda de Covid-19 no município pode ter sido mais leve.

O mesmo aconteceu nas outras quatro cidades que ocupam os cinco primeiros lugares da lista com o maior percentual de pessoas imunizadas – Baía da Traição (PB), Carnaubeira da Penha (PE), Charrua (RS) e Engenho Velho (RS).

Além da vacinação, há outros fatores que podem influenciar na queda dos números. Em primeiro lugar, as cidades também adotaram medidas de restrição à circulação da doença, não havendo a possibilidade de separar o efeito das duas estratégias de combate à Covid-19. Em segundo, são locais pequenos, onde um baixo número de casos é suficiente para distorcer os cálculos. O gráfico a seguir mostra a média móvel de casos de coronavírus nas cinco cidades. Os dados são do Brasil.io.

Na sua página no Facebook, a prefeitura da cidade comemorou o desempenho do município em relação à vacinação. “Marcação alcançou a marca de 7 mil doses aplicadas e se coloca entre municípios de grande porte, como a capital João Pessoa (PB) e Campina Grande (PB), e em termos percentuais de população vacinada entre as que mais se vacinaram no Brasil”, disse em postagem realizada no dia 26 de março. A reportagem tentou contato com a Prefeitura de Marcação, mas não havia conseguido até o fechamento desta reportagem.

A lista das 10 cidades com o maior percentual de doses aplicadas em relação à população se divide entre aquelas com um grande contingente de indígenas vivendo no município e outras pequenas com população mais velha. No primeiro grupo, estão, além de Marcação, Baía da Traição (PB), São João das Missões (MG), e Carnaubeira da Penha (PE). Já no segundo, estão Engenho Velho (RS), São Valério do Sul (RS), Charrua (RS), Ipuaçu (SC), Benjamin Constant do Sul (RS) e Matutina (MG).

O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) é o responsável por vacinar povos indígenas. Em nota, eles apontaram: “Até o momento, 73% dos indígenas acima de 18 anos atendidos pelo Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASISUS) e especificidades da ADPF 709 já receberam a primeira dose de vacina e 55% receberam as duas doses. Cabe ressaltar que a vacinação não é obrigatória”, acrescentou.

A deputada federal Joenia Wapichana (REDE-RR), única parlamentar indígena na Câmara dos Deputados, contou que tem recebido relatos de problemas na distribuição das vacinas para indígenas que estão em lugares mais remotos na Amazônia. “Neste período é inverno e em Roraima está chovendo há uma semana. Imagina em áreas indígenas onde o transporte é só por meio fluvial. Não está tendo essa logística, o contato do município com o estado. A vacina chega na capital e fica estocada, ninguém busca”, disse.

Para o médico infectologista Julival Ribeiro, a imunidade coletiva começa a existir quando em torno de 70% a 80% da população de algum local está imunizada. Isso ainda não aconteceu em nenhum lugar do Brasil. Em Marcação 2.685 pessoas receberam a segunda dose, o que significa que 31% dos habitantes estão imunizados contra a doença.

Caso a vacinação em massa comece a acontecer no país, ele espera que a imunização coletiva seja possível no fim do ano ou em 2022. “Mas as pessoas precisam tomar todas as doses para serem consideradas vacinadas”, lembrou. Até lá, o melhor é manter as medidas de distanciamento social e o uso de máscaras de proteção.

“Quanto mais descontrole da pandemia, mais mutações e mais variantes, que podem evadir cada dia mais a nossa proteção e comprometer as vacinas”, resumiu.

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