No primeiro dia de 2002, há exatamente 20 anos, iniciava a maior rebelião de presos já registrada em Rondônia. A chacina aconteceu na Casa de Detenção José Mário Alves, também conhecida como Urso Branco, e resultou na morte de 27 pessoas.
Na época, a penitenciária estava em estado de superlotação. O espaço foi construído nos anos 90 e tinha capacidade para pouco mais de 300 presos provisórios, mas acabou se tornando uma prisão permanente com mais de 1,3 mil detentos. Em cada cela, construída para abrigar seis pessoas, viviam cerca de 20.
A estrutura do presídio era dividido em duas partes: as celas normais, de 30 m², e um outro pavilhão, chamado de “seguro”, onde ficavam os detentos ameaçados de morte e considerados de alta periculosidade.
Além da lotação, a unidade contava com poucos agentes de segurança. Segundo um relatório do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO), os líderes de organizações criminosas ditavam as regras no presídio, impondo quem deveria ser morto.
“Ecoou pelo mundo o grito de detentos mortos, esquartejados, torturados e vilipendiados por colegas de cadeia, com a omissão ou despreparo dos agentes estatais, que ali estavam para resguardar a ordem”, consta no documento.
Mais de 20 detentos foram mortos durante a chacina em 2002 — Foto: Reprodução/Rede Amazônica
Rebelião
Segundo o relatório do TJ-RO, toda a confusão começou quando os detentos das duas repartições foram colocados no mesmo local. Por volta de 21h do dia 1º, os presos das celas normais começaram a atacar aqueles que geralmente ficavam no “seguro”.
Eles utilizavam “chuchos”, que são armas artesanais, para matar, esquartejar, torturar e decapitar outros detentos. A equipe de segurança da penitenciária não controlou o motim.