Enquanto políticos do Acre defendiam Israel, Bolívia rompia relações com país do Oriente Médio

Se hoje em dia, as forças de direita são hegemônicas na política do Acre e adotam a narrativa pró-Israel como absoluta, há pouco tempo a história era diferente

Desde que a guerra entre Israel e o Hammas teve início, há exatamente um mês, em 7 de outubro, que não tem sido raro ver manifestações de políticos acreanos, sobretudo os protestantes, manisfestando apoio ao Estado de Israel na guerra.

Conflito entre Hamas e Israel já dura meses. Foto: Reuters

O senador Alan Rick (União-Ac) é talvez o maior exemplo desse movimento. Com reiteradas posições em defesa de Israel, Rick chegou a afirmar, em reunião com o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, que defendia “veementemente o direito de Israel de se defender”.

Senador Alan Rick, do Acre. Foto: Assessoria

Acre palestino

Se hoje em dia, as forças de direita são hegemônicas na política do Acre e adotam a narrativa pró-Israel como absoluta, há pouco tempo a história era diferente. Existia no Acre um Comitê em Defesa da Criação do Estado Palestino, comandado por Abrahim Farhat, o famoso “Lhé”.

Abrahim Farhat, o Lhé/Reprodução

Há pouco menos de 10 anos, em 2014, a Aleac foi palco de uma sessão solene em celebração ao Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, celebrado em 29 de novembro.

Israel e a direita

O apoio a Israel nesta guerra vem notadamente e majoritariamente por políticos de direita e extrema-direita, não só do Acre, mas de todo o país.

O pesquisador Rodrigo Campos, um dos autores do livro “Sem caminhos para Gaza”, diz que as principais razões que levam a esse apoio aqui no Brasil, são duas: o elemento religioso e o fato de Israel se destacar como exportador de produtos militares, o que o aproxima os movimentos armamentistas de direita.

Campos avalia ainda que essa unidade política entre forças da extrema-direita no plano internacional tem origem na islamofobia, ou seja, na negação dos islâmicos e no racismo contra a população árabe.

Bolívia

Se por uma lado, há uma forte tendência da direita apoiar Israel, a esquerda quase sempre se posiciona a favor da luta do povo palestino. Prova disso é que a Bolívia, país governado por forças progressistas e de esquerda, fez um movimento “ousado”.

Enquanto por aqui tem sido comum ver apoios públicos a Israel, o nosso vizinho, a Bolívia, tomou uma posição absolutamente inversa, o de romper relações diplomáticas com Israel.

No último dia 1 de novembro, o governo da Bolívia se tornou o primeiro país do mundo a romper relações diplomáticas com Israel devido à guerra que ocorre na Faixa de Gaza, de acordo com o jornal britânico The Guardian.

Governo boliviano decidiu romper laços com Israel/Reprodução

Ao anunciar a decisão, a ministra da Presidência, María Nela Prada, disse que a Bolívia “tomou a determinação de romper relações diplomáticas com o Estado de Israel em repúdio e condenação da agressiva e desproporcional ofensiva militar que ocorre na Faixa de Gaza”.

O anúncio do rompimento das relações com Israel ocorreu, coincidentemente ou não, um dia depois do presidente boliviano, Luis Arce, se reunir com o embaixador da Autoridade Palestina em La Paz, Mahmoud Elalwani.

Essa não é primeira vez que a Bolívia rompe com Israel, em 2009 o primeiro rompimento veio por causa de outro conflito na Faixa de Gaza. As relações só foram restabelecidas durante o governo de Jeanine Añez em 2020, uma década depois do rompimento.

Números da guerra

O primeiro mês do conflito, até esta segunda-feira (6), já soma mais de 10 mil palestinos mortos na região e outros 1,5 milhão de pessoas (60% da população) tiveram de deixar suas casas. Além disso, 260 mil residências foram parcial ou completamente destruídas.

Todos esses números, no entanto, têm origem no Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, o que vem levantando questionamentos de parte da comunidade internacional e do próprio Israel.

Hamas

Após ter conhecimento do rompimento diplomático entre Bolívia e Israel, o Hammas emitiu um comunicado em saudando a decisão do país sul-americano e convidando outros países a fazerem o mesmo, segundo a agência AFP.

Colômbia e Chile

Os países da Colômbia e do Chile também externaram posições críticas à Israel, embora sem rompimento. No último dia 31 de outubro, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou que fez pedidos de consultas da embaixadora do país em Israel. “Decidi chamar a nossa embaixadora em Israel para uma consulta. Se Israel não parar o massacre do povo palestino, não poderemos estar lá”, postou o presidente no X (antigo Twitter).

No mesmo dia, o presidente do Chile, Gabriel Boric, também anunciou pelas redes sociais que chamaria o embaixador chileno em Israel para consultas, “dadas as violações inaceitáveis ​​do Direito Internacional Humanitário que Israel tem cometido na Faixa de Gaza”.

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