Enchente: Acre já enfrenta, proporcionalmente, o maior desastre ambiental de sua história

Das 22 cidades, 19 estão em emergência, o que configura 86% do estado

Os órgãos de proteção e a Defesa Civil já consideram que as enchentes que atingiram o Acre em 2024 podem ser consideradas o maior desastre ambiental do Estado, por conta do número de cidades e pessoas atingidas.

A informação foi dada na tarde desta terça-feira (5) pela Agência de Notícias do Acre.

Rio Branco registra a segunda maior enchente da história. Foto: Pedro Devani/Secom

“Das 22 cidades, 19 estão em emergência, o que configura 86% do estado. O número de atingidos, que engloba todos os afetados pela cheia, independente de serem desalojados ou desabrigados, já ultrapassa os 120 mil”, destaca a reportagem especial.

Brasiléia enfrentou a pior cheia da sua história e, agora, vive um cenário de pós-guerra/Foto: Juan Diaz/ContilNet

Na capital, o Rio Acre já atingiu a segunda maior cota da história, superando os 17,80 metros, de acordo com as últimas medições feitas pela Defesa Civil da capital.

“Em termos de dimensões, o número de municípios atingidos é o maior desastre já registrado em todo o estado do Acre. Com relação ao município de Rio Branco, é a segunda maior cheia, mas, se for tomar as proporções, é o maior desastre ambiental que nós já tivemos”, destacou o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Charles Santos.

O bairro Seis de Agosto é um dos mais afetados pela enchente do Rio Acre na capital/ Foto: Juan Diaz/ ContilNet

“Estamos num período ainda muito delicado, onde as pessoas têm que tomar conta principalmente da sua vida. Neste momento, não tem espaço para brincadeiras, pois o perigo está ao nosso lado. Animais estarão saindo do seu ambiente normal, procurando segurança, e muitas vezes esse local será nossa residência. Ao entrar e sair de casas atingidas, você não está visualizando onde está pisando e poderá sofrer um incidente”, continuou o coronel.

Mais de 100 mil pessoas foram atingidas em todo o Acre/Foto: Juan Diaz/ContilNet

Com base nos dados de ocorrências disponibilizado pelo Corpo de Bombeiros Militar do Acre (CBMAC), nas 14 cidades mais críticas há 97 abrigos públicos atendendo 9.954 pessoas desabrigadas. Ainda há 17.480 pessoas desalojadas, ou seja, que foram para casa de familiares ou amigos. Além disso, em Cruzeiro do Sul, 12.000 pessoas foram atingidas pela cheia do Rio Juruá.

Estado de emergência climática permanente

Após avaliar a situação de desastre enfrentada pelo Acre, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou, em visita à Brasiléia, nesta segunda-feira (4), que o Governo Federal pretende decretar estado de emergência climática permanente nas cidades afetadas pelas enchentes no Estado.

Marina Silva em agenda na cidade de Brasiléia/Foto: Juan Diaz/ContilNet

Para que o decreto seja assinado, será necessário passar pelo Congresso Nacional, é o que defende a acreana.

“É um esforço conjunto que temos que fazer, com todos os ministérios, procurando aprovar uma lei no Congresso para decretar estado de emergência climática permanente nessas cidades, em decorrência dessas cheias que acontecem todos os anos, afetando milhares de famílias. É um processo de construção até tirar completamente essas famílias desses locais”, afirmou.

“Decretando o estado de emergência climática permanente, vamos reconstruindo a cidade e a vida dessas pessoas. Não é fácil para ninguém saber que vai ter que sair de sua casa e ir para outro lugar, mas às vezes é necessário. A única saída é essa, mas precisa ser feita de forma gradativa, respeitando as normas e combatendo a causa de tudo isso, que é o desmatamento, as queimadas e todo o processo de degradação do meio ambiente”, continuou.

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