Você já se perguntou porque é tão importante aprender e entender as regras básicas da língua portuguesa? Dominar as regras básicas da nossa língua não apenas garantem um maior conhecimento, como são fundamentais para termos uma boa comunicação e expressão, seja na fala ou na escrita.
No ambiente de trabalho, pessoas que se comunicando mal, tendem a ser mais desvalorizados pelos empregadores. A má comunicação afeta diversos fatores que acabam levando a uma produtividade aquém do esperado.
Um estudo chamado Communication barriers in the modern Workplace (Barreiras de comunicação no local de trabalho moderno), publicado pelo The Economist, identificou que lideres de empresas se preocupam com a maneira como seus funcionários se comunicam, onde, a falta de comunicação adequada traz diversos problemas para as organizações.
Quando passamos a conhecer e aplicar corretamente as regras de português, aumentamos nossa capacidade de expressão, melhoramos a qualidade dos nossos textos, relatórios e e-mails, desenvolvemos uma melhor compreensão sobre a interpretação de texto e, consequentemente nos tornamos comunicadores muito mais eficientes.
Para ajudar você a se diferenciar seja na sua vida pessoal ou no seu ambiente de trabalho, garantir que você consiga se destacar, tendo mais expressão e uma boa comunicação, vamos te apresentar 8 regras básicas de português que você precisa dominar para estar sempre um passo a frente dos demais.
1. Uso dos pôrques
Uma regra simples, mas que gera muita confusão para a maioria das pessoas é o uso dos porquês. A regra é simples e o uso dos porquês, dependerá exclusivamente do sentido que queremos dar para uma frase. Confira quando usar cada um deles:
Por que (separado e sem acento) é usado em perguntas. Pense nele como “por qual motivo” ou “por qual razão”. Por exemplo: “Por que você chegou tarde?”
Porque (junto e sem acento) é usado em respostas. Equivale a “pois” ou “para que”. Por exemplo: “Cheguei tarde porque o trânsito estava intenso.”
Por quê (separado e com acento) é usado no final de perguntas. Por exemplo: “Você não veio à festa. Por quê?”
Porquê (junto e com acento) funciona como substantivo, geralmente acompanhado de um artigo, significando “o motivo”. Por exemplo: “Não entendi o porquê de tanta confusão.”
2. Conjugação verbal
Podemos dizer que, dentre as regras da língua portuguesa, a conjugação verbal é uma das mais importantes. A conjugação verbal é como você ajusta um verbo para mostrar quem está fazendo a ação, quando a ação está acontecendo, e o modo como a ação é apresentada. Vamos te explicar resumidamente os três principais pontos da conjugação verbal: pessoa, tempo e modo.
Pessoa
Indica quem está realizando a ação. Em português, temos três pessoas tanto no singular quanto no plural:
- 1ª pessoa (quem fala): eu, nós
- 2ª pessoa (com quem se fala): tu, vós
- 3ª pessoa (de quem se fala): ele, ela, eles, elas
Tempo
Mostra quando a ação acontece. Os tempos verbais se dividem em três grandes grupos:
- Presente: A ação ocorre no momento atual. Exemplo: “Eu estudo.”
- Passado: A ação já ocorreu. Exemplo: “Eu estudei.”
- Futuro: A ação ocorrerá depois do momento atual. Exemplo: “Eu estudarei.”
Modo
Expressa a maneira como a ação é vista ou sentida. Existem três modos principais:
- Indicativo: Expressa uma certeza ou uma realidade. “Eu estudo português.”
- Subjuntivo: Expressa uma dúvida, desejo, possibilidade. “Talvez eu estude português.”
- Imperativo: Expressa um comando ou um pedido. “Estude português!”
Como conjugar?
Para conjugar um verbo, você identifica a raiz do verbo (a parte que não muda) e adiciona as terminações apropriadas para a pessoa, o tempo e o modo. Por exemplo, no verbo “falar”:
- Presente do indicativo: Eu falo, tu falas, ele fala, nós falamos, vós falais, eles falam.
- Pretérito perfeito do indicativo: Eu falei, tu falaste, ele falou, nós falamos, vós falastes, eles falaram.
- Futuro do Presente do indicativo: Eu falarei, tu falarás, ele falará, nós falaremos, vós falareis, eles falarão.
3. Uso da vírgula
O uso da vírgula gera muita confusão, contudo, possuí regras simples de se compreender que ajudam e muito a dar ritmo e clareza para as frases. Vamos conferir os principais usos da vírgula com exemplos para facilitar o aprendizado:
Listas: Separa itens numa lista. Por exemplo: “Comprei pão, leite, queijo e café.”
Conjunções: Vem antes de palavras como “mas”, “porém” para juntar ideias. Por exemplo: “Quero sair, mas está chovendo.”
Explicações ou adições: Isola informações extras ou explicações. Por exemplo: “Leonardo da Vinci, um artista renascentista, pintou a Mona Lisa.”
Antes ou depois de lugares e tempos: Quando você começa a frase com detalhes de tempo ou lugar. Por exemplo: “No Rio de Janeiro, visitei o Cristo Redentor.”
Chamando alguém (Vocativo): Separa o nome da pessoa que você está falando ou chamando. Por exemplo: “João, venha aqui.”
Entre Ideias conectadas: Separa partes de frases que estão conectadas, mas poderiam ser independentes. Por exemplo: “Se chover, não sairemos.”
4. Mim e eu
Uma questão que causa muitas dúvidas é a utilização do mim e eu. Quem é que nunca parou para pensar se o certo seria “para mim” ou “para eu”?
Utilização do eu
- Quando usar: “Eu” é um pronome pessoal do caso reto, o que significa que é usado como sujeito da frase. Ele realiza a ação.
- Exemplo: “Eu vou ao cinema.” (Quem vai ao cinema? Eu.)
Utilização do mim
- Quando usar: “Mim” é um pronome pessoal do caso oblíquo, usado geralmente após preposições. Não realiza a ação, mas recebe a ação ou está relacionado indiretamente à ação.
- Exemplo: “Para mim, chocolate é o melhor doce.” (Para quem? Para mim.)
Dica importante
Se você pode substituir pelo nome de alguém e a frase ainda faz sentido, use “Eu”. Se não, provavelmente “mim” é a escolha correta.
- Correto: “Eu fiz o bolo.” (Substituição: “Maria fez o bolo.”)
- Correto: “Ela fez o bolo para mim.” (Substituição: “Ela fez o bolo para Maria.”)
5. Uso dos acentos
A acentuação é parte fundamental da escrita, ajudando a indicar a pronúncia correta das palavras e, em alguns casos, distingue significados. Vamos entender a utilização dos acentos na língua portuguesa.
Acento Agudo (´)
Indica uma vogal com som aberto ou tônico, ou seja, a sílaba que deve ser pronunciada com mais intensidade. Veja alguns exemplos: “café”, “é”, “sábio”.
Acento Circunflexo (^)
Marca vogais com som fechado ou tônico. Exemplos: “você”, “tênis”, “pôde” (passado do verbo poder).
Til (~)
Indica nasalização da vogal. Exemplos: “pão”, “mãe”, “ão”.
Acento Grave (`) – Crase
Não é exatamente um indicativo de tonicidade, mas marca a fusão da preposição “a” com o artigo definido feminino “a(s)” ou com o “a” inicial dos pronomes aquele(s), aquela(s), aquilo. Exemplo: “Vou à escola”, “àquela cidade”.
Trema (¨)
Aqui vai uma dica importante, o trema não é usado em português brasileiro contemporâneo. O trema era usado para indicar a pronúncia suave da letra “u” em gue, gui, que, qui, mas foi abolido pelo Novo Acordo Ortográfico, exceto em nomes próprios estrangeiros e seus derivados.
6. Uso do plural
Na língua portuguesa, o plural é a forma de expressar mais de uma coisa ou pessoa. Vamos as principais regras para sua utilização:
Palavras terminadas em vogal: Adicione um “s” ao final. Por exemplo: “casa” vira “casas”.
Palavras terminadas em consoante: Adicione “es” ao final. Por exemplo: “animal” vira “animais”.
Palavras Terminadas em “m”: Troque o “m” por “ns”. Por exemplo: “homem” vira “homens”.
Palavras Terminadas em “al”, “el”, “ol”, “ul”: Troque “l” por “is”. Por exemplo: “hospital” vira “hospitais”.
Palavras terminadas em “r” e “z”: Adicione “es” ao final. Por exemplo: “luz” vira “luzes”.
Palavras Terminadas em “ão”: Existem três possibilidades: “ões”, “ãos”, “ães”. Essa é a parte um pouco mais complicada, pois depende da palavra. Por exemplo:
- “Balão” vira “balões”.
- “Cão” vira “cães”.
- “Irmão” vira “irmãos”.
Exceções e observações
Palavras emprestadas de outras línguas podem ter regras próprias, como “shows”.
Substantivos compostos têm regras específicas, dependendo das palavras que os formam. Se o composto for formado por substantivo + substantivo, adjetivo, numeral ou verbo, geralmente só o primeiro elemento vai para o plural. Porém, há exceções, como “guarda-chuvas”.
7. Uso de há e a
Um erro muito cometido pelas pessoas é quando utilizar o “há” ou o “a’ em uma frase. Vamos entender melhor suas regras e aplicações tendo em vista que apesar de terem pronúncias similares em algumas situações, seus usos e significados são diferentes.
Uso do há
Indica tempo passado: Vem do verbo “haver” e é usado para indicar tempo decorrido. É equivalente a “faz” neste contexto. Exemplo: “Há dois anos, fui à França.” (Significa o mesmo que “Faz dois anos que fui à França.”)
Existir: Também pode ser usado como sinônimo de “existir”. Exemplo: “Há muitas árvores no parque.”
Uso do a
Indica tempo futuro: Refere-se a um momento que ainda vai acontecer, a uma distância de tempo até um evento futuro. Exemplo: “Daqui a dois anos, irei à França.”
Indica distância: Usado para medir distância. Exemplo: “Da minha casa à escola são cinco quilômetros.”
Preposição: Liga elementos na frase, estabelecendo diversas relações, como destino, modo, meio, entre outros. Exemplo: “Vou a Paris.”
Dicas para não confundir
Para tempo passado, use “há”: se você pode substituir por “faz” e a frase ainda faz sentido, então “há” é a escolha certa. Exemplo: “Há/Faz dois anos, comprei um carro.”
Para tempo futuro ou distância, use “a”: se estiver falando sobre algo que ainda vai acontecer ou sobre distância, “a” é o correto. Exemplos:
- Futuro: “Daqui a uma semana, começam as férias.”
- Distância: “Estou a cinco minutos de casa.”
8. Concordância nominal e verbal
A concordância verbal é a adequação do verbo em número (singular ou plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira) com o sujeito da oração. Aqui vão algumas regras e dicas para não errar:
Verbo com sujeito simples: O verbo concorda com o núcleo do sujeito em número e pessoa.
- Singular: “O aluno estuda todos os dias.”
- Plural: “Os alunos estudam todos os dias.”
Sujeito composto antes do verbo: O verbo vai para o plural, concordando com a ideia de pluralidade dos sujeitos.
- “O aluno e o professor discutem a matéria.”
Sujeito composto depois do verbo: O verbo pode concordar com o núcleo mais próximo ou ir para o plural.
- Concordância Atrativa: “Discute o professor e o aluno a matéria.”
- Concordância Formal: “Discutem o professor e o aluno a matéria.”
Sujeito coletivo: O verbo fica no singular se o sujeito for um substantivo coletivo, mas vai para o plural se a ideia for de pluralidade explícita.
- “A turma chega amanhã.” (coletivo, singular)
- “A turma de alunos chegam amanhã.” (ideia de pluralidade)
Já a concordância nominal é a correspondência de gênero (masculino ou feminino) e número (singular ou plural) entre um nome (substantivo) e os determinantes e adjetivos relacionados a ele. Aqui estão algumas diretrizes:
Adjetivo posposto a vários substantivos: Se o adjetivo vem depois de vários substantivos, ele pode concordar com o mais próximo ou ir para o plural, levando em consideração o gênero comum aos substantivos.
- “O caderno e a caneta são essenciais.” (plural, concordância com todos)
- “Caderno e caneta essencial.” (singular, concordância com o mais próximo)
Adjetivo anteposto a vários substantivos: O adjetivo anteposto concorda, geralmente, com o primeiro substantivo.
- “Essencial caderno e caneta.” (singular, concordando com o primeiro)
Palavras como é bom, é necessário, é proibido: Essas expressões permanecem invariáveis se o sujeito da oração não vier determinado por um artigo. Se vier determinado, o adjetivo concorda com o sujeito.
- “É proibido entrada de animais.” (sem artigo, invariável)
- “A entrada de animais é proibida.” (com artigo, variável)
Particípio concordando com o auxiliar “ser”: O particípio concorda em gênero e número com o sujeito quando acompanhado do verbo auxiliar “ser”.
- “As regras foram estabelecidas.”