O caso da enfermeira Gessica Melo, atingida por dois disparos pelo Grupo Especial de Fronteira (Gefron) durante uma perseguição na BR-317, em Capixaba, no final do ano passado, ganhou novos desdobramentos após a divulgação do laudo pericial da Polícia Civil.
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Nas investigações, a equipe técnica apontou que o carro em que Géssica dirigia foi atingidos por 13 tiros, todos disparados de fora para dentro do veículo.
“Não foram constatados quaisquer mossamentos produzidos por projéteis de arma e fogo perpetrados a partir da região interna para a externa e tampouco constatada a existência de cápsulas de munição no interior do veículo”, disse trecho do laudo.
A defesa da família da enfermeira disse que o laudo aponta que não houve confronto entre Géssica e a policial. A conclusão acompanha a tese defendida pelos advogados da enfermeira, que alegam que a arma foi plantada na cena. “A perícia confirma que Gessica nem sequer tocou na arma. Foi plantada por um homem”, afirma.
O advogado da família da enfermeira, Alysson Silva, disse ao ContilNet que os policiais envolvidos no caso devem responder por homicídio doloso triplamente qualificado.
“A perícia comprovou que a arma foi plantada no local e que não houve confronto e que a vítima já chegou morta, o caso é de dezembro do ano passado. Foi confirmado as fraudes através de investigação conduzida pelo ministério público, é um caso gravíssimo”, disse.
Posição do MPAC
De dentro da viatura, os policiais fizeram os disparos que atingiram a vítima de forma mortal. Após isso, segundo o MPAC, os policiais forjaram um falso confronto da mulher com a polícia, sendo depois constatado que ela estava desarmada, não portava produtos ilegais e que fugiu do cerco policial por medo.
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Caso a Justiça aceite a tese do MPAC, os dois policiais acusados, que estão detidos e têm suas identidades preservadas, serão levados a Júri Popular. A data ainda não foi marcada.
O que diz o IML sobre o laudo pericial
“A perícia, pra garantir o estado democrático de direito, apresenta, em todos os casos criminais, provas irrefutáveis que nortearão as autoridades policiais, ministeriais, judiciárias e até mesmo o tribunal do júri. Sem essa imparcialidade dos Peritos Criminais e Peritos Médico-Legistas, que tem caráter científico, a verdade dos fatos pode ser camuflada, distorcida ou até apagada, causando o caos na justiça, além de revitimizar diretamente a família e indiretamente a sociedade acreana”.
O Departamento de Polícia Técnica da Policia Civil do Estado do Acre, atua em mais de 20 áreas técnico-científico diferentes com seus três Institutos (Instituto de Criminalística, Instituto de Análise Forense e Instituto Médico Legal), com um corpo técnico de peritos nas mais diversas formações acadêmicas, contando com especialistas, mestres e doutores em seu quadro.
No atendimento da ocorrência na BR-317, o Instituto de Criminalística prontamente se deslocou até o local da ocorrência e deu início as primeiras diligências periciais. O perito de local precisou de várias horas para poder realizar todo o levantamento, de acordo com o que preconiza a lei.
Após os exames iniciais, foram realizados diversos outros exames complementares, como de balística (trajetória de tiro, microcomparações balística e eficiências), papiloscópico, veicular, de Informática Forens, laboratoriais como DNA, toxicológico, alcoolemia, e cadavérico, gerando um total de 14 (quatorze) laudos técnicos-científicos.