Com UTIs lotadas e explosão de casos de SRAG, Acre enfrenta pior cobertura vacinal de todos os tempos

A campanha de vacinação contra a influenza foi adotada no Brasil há mais de 24 anos e sofreu a pior e mais baixa cobertura vacinal no último ano

Com probabilidade de crescimento a longo prazo para casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com alta taxa de ocupação no Acre, o estado enfrenta um problema que vem aumentando a cada ano: a cobertura vacinal de influenza A.

Segundo o Boletim Informativo nº 1 de 2024 sobre cobertura vacinal, elaborado pela Divisão de Imunizações da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), a cobertura vacinal no Brasil vem caindo desde 2015, colocando o país em alerta para o perigo do retorno de doenças que podem ser evitadas. O cenário não é diferente no Acre, que apresenta decréscimo nas coberturas vacinais antes mesmo do período de pandemia e não tem alcançado parâmetros ideais nos indicadores na última década, com exceção a vacina BCG e Hepatite B (dose ao nascer).

Vacina contra Influenza A, conhecida como vacina contra gripe/Foto: Divulgação

A campanha de vacinação contra a influenza foi adotada no Brasil há mais de 24 anos e sofreu a pior e mais baixa cobertura vacinal no último ano. O Acre apresentou 36,14% de cobertura vacinal entre os grupos prioritários em 2023.

Com dados de 2019 a 2023, o boletim aponta que em 2019 foram aplicadas 213.343 doses e em 2023 foram apenas 86.548 em todo o estado. “Vale ressaltar que os dados apresentados contabilizam apenas as doses administradas em pessoas que estão inclusas nos grupos prioritários, sendo eles: crianças de 6 meses a menores de 6 anos, gestantes, idosos, puérperas, professores, trabalhadores da saúde e povos indígenas. Para os outros grupos prioritários e pessoas da população geral, não será contabilizada cobertura vacinal, conforme regras preconizadas pelo Ministério da Saúde”, diz o boletim.

O documento traz ainda a avaliação de crianças de 6 meses a menores de 6 anos, com cobertura vacinal de 24,55%. Os municípios que mais se destacaram foram Senador Guiomard, com 64,73%, Tarauacá, com 45,99%, e Marechal Thaumaturgo, com 45,36% de cobertura, mas nenhum alcançou a meta prevista de 90%.

Mudança na campanha

Em 2023, o Ministério da Saúde adotou a Campanha de Vacinação contra a influeza por região, considerando a sazonalidade de cada lugar. Para a Região Norte foi considerado o período de umidade e inverno amazônico, que acontece de dezembro a março. Neste período o clima favorece maior circulação dos vírus respiratórios, dentre eles a influenza.

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Nova campanha só deve começar em outubro/Foto: Ascom/Prefeitura de Rio Branco

Por isso, no segundo semestre de cada ano, acontecerá a Campanha da Região Norte de Vacinação contra Influenza, prevista para setembro/outubro.

Covid-19

A vacinação contra Covid-19 apresentou uma taxa de cobertura maior que a de influenza, com 71,71% da população geral para o esquema básico de 2 doses, e 36,97% da população que tinha indicação para 1º reforço.

Para a vacinação bivalente, fica demonstrado que apenas 10,56% do público alvo foi vacinado.

Campanhas sem adesão

Apesar dos esforços dos governos estaduais e municipais para aumento da cobertura vacinal da população, com a realização de mutirões de imunização em praças e unidades de saúde, o público alvo das campanhas não tem comparecido para atualizar a carteira de vacinação, o que auxilia no aumento de casos e superlotação de leitos em hospitais públicos e privados por SRAG, principalmente no período de maior circulação dos vírus.

Carteira de vacinação/Foto: Reprodução

Tendência de crescimento de casos de SRAG

Segundo o último Boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado no último dia 25, referente à Semana Epidemiológica (SE) 16, de 14 a 20 de abril de 2024, o Acre apresenta crescimento de casos de SRAG com tendência a longo prazo. Além disso, Rio Branco está entre as capitais que têm indícios de aumento nos casos de síndromes respiratórias.

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