Depois de uma cidade do norte da Argentina anunciar, na última sexta-feira (24/1), a instalação de uma cerca de aproximadamente 200 metros na fronteira com a Bolívia, a ministra da Segurança do presidente Javier Milei, Patricia Bullrich, afirmou, nesta terça-feira (28/1), que vai aumentar o controle na divisa com o Brasil.

Ministra da Segurança da Argentina esclareceu que, após cerca na divisa com a Bolívia, o governo vai “para outros pontos” — um deles “a fronteira de Misiones com o Brasil”/Foto: Enaldo Valadares wikimedia commons
O objetivo da cerca, que vai ficar em Aguas Blancas, na província de Salta — a cerca de 1.600 km de Buenos Aires —, segundo a Agence France-Presse, é conter travessias ilegais de pessoas e contrabando vindos da Bolívia. Ela faz parte do ‘Plano Güemes’, lançado em dezembro do ano passado pelo governo Milei a fim de “combater crimes federais”, como tráfico de drogas, na fronteira ao norte do país.
No domingo (26/1), o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia demonstrou preocupação com o anúncio e frisou que temas relativos a fronteiras “devem ser tratados mediante mecanismos de diálogo bilaterais entre os Estados para encontrar soluções coordenadas para questões em comum”. Segundo a pasta, “qualquer medida unilateral pode afetar a boa vizinhança e a convivência pacífica entre povos irmãos”.
O interventor da cidade, que substitui o prefeito que enfrenta acusação por obstrução de investigação criminal, confirmou o plano em entrevista a uma rádio local, na segunda-feira (27/1) — quando a licitação foi publicada no Diário Oficial de Salta. “Foi solicitada a construção de uma cerca linear […] para evitar que as pessoas cheguem à cidade sem passar pela migração”, afirmou.
Ao mesmo veículo, a ministra de Segurança esclareceu que, após a questão da Bolívia, o governo vai “para outros pontos” — um deles “a fronteira de Misiones com o Brasil”, ao sul do país. Segundo ela, em vários pontos da divisa é possível atravessar caminhando e há problemas sérios no local, incluindo assassinatos. A ministra não apresentou dados.
“Estamos fortalecendo passo a passo as diferentes fronteiras (…) ocuparemos estes pontos e, com esses pontos, podemos dizer que temos uma fronteira muito mais controlada”, disse Bullrich.
De acordo com a AFP, a grade que separa Argentina e Bolívia terá dois metros e meio de altura e será instalada no trajeto entre o escritório de migração e um terminal de ônibus em frente à praia do rio Bermejo, que é fronteira natural entre os dois países. De acordo com a ministra, hoje há um muro no local, “mas é baixo, pulam ele”; por isso, “será substituído pela cerca”.
No que diz respeito à fronteira com o Brasil, não foram mencionados mecanismos de proteção, mas Bullrich afirmou que o plano de segurança de fronteiras é avaliado a cada dia e, apesar de até o momento a única cerca prevista é a que ficará localizada em Aguas Balncas, não descartou medidas parecidas em ouras divisas.
“Se analisarmos que são necessárias outras áreas em que temos que colocar essa cerca para que as pessoas não vão para outro lugar, faremos isso”, disse. “Dentro da nossa fronteira, nós fazemos o que queremos. Estamos pondo uma cerca em nossa casa, em nossa pátria.”
O Correio entrou em contato com o Itamaraty para entender se órgão foi informado da mudança. Até o momento de publicação desta matéria, não houve resposta.